quarta-feira, novembro 30

É d'HOMEM #65



Vou ali e já volto!

(O Da Autonomia foi, entretanto, actualizado com mais uma gentileza do Dr. Dionísio)

PURO PRAZER #185


Fernando Pessoa (1888-1935)

Regra de Vida
1.Faz o menor número de confidências possível. É melhor não fazeres nenhuma, mas se fizeres algumas, fá-las falsas ou imprecisas.
2.Sonha o menos possível, excepto quando o propósito directo do sonho for um poema ou uma produção literária. Estuda e trabalha.
3.Tenta ser o mais sóbrio possível, antecipando a sobriedade do corpo por uma atitude sóbria da mente.
4.Sê amável apenas por simples amabilidade, não abrindo a tua mente ou discutindo livremente os problemas que estão ligados à vida íntima do espírito.
5.Cultiva a concentração, tempera a vontade, faz de ti uma força pensando, o mais intimamente possível, que és realmente uma força.
6.Considera quão poucos amigos verdadeiros tens, porque poucas pessoas são capazes de ser amigas de alguém.
7.Tenta cativar por aquilo que o teu silêncio contém.
8.Aprende a agir prontamente nas pequenas coisas, nas coisas triviais da vida da rua, da vida doméstica, da vida do trabalho, a não tolerares atrasos vindos de ti próprio.
9.Organiza a tua vida como uma obra literária, pondo nela tanta unidade quanta possível.
10.Mata o Assassino.

Fernando Pessoa - Escritos Autobiográficos, Automáticos e de Reflexão Pessoal. Ed. Assírio & Alvim, 2003

(70 depois a Pessoa de Pessoa é nossa?)

CHÁ QUENTE #130

Ainda que Manuel Alegre já devesse ter suspendido o seu mandato, porque é que o PS teima em atacá-lo publicamente?

terça-feira, novembro 29

PURO PRAZER #184


"You know what's wrong with you, Miss whoever-you-are? You're chicken. You've got no guts. You're afraid to stick out your chin and say, 'Okay. Life's a fact. People do fall in love. People do belong to each other.' Because that's the only chance anybody's got for real happiness. You call yourself a free spirit, a wild thing, and you're terrified somebody's gonna stick you in a cage. Well Baby, you're already in that cage -- you built it yourself. And it's not bounded on the west by Tulip, Texas or on the east by Somaliland. It's wherever you go. Because no matter where you run, you just end up running into yourself."

segunda-feira, novembro 28

POST(AL) AUTONÓMICO #22

"«…os Açores não poderão ficar condicionados por um estado de anarquia. A Junta Regional recusará toda a governação não representativa e actuante contra a vontade da maioria do povo. A Junta Regional toma sobre si a responsabilidade de continuar a assegurar em qualquer circunstância ao Povo Açoriano a paz, o trabalho e as liberdades individuais, necessárias a uma vida democrática» (...) Numa atitude clara, firme e premonitória do que seria a futura Região Autónoma e do seu peso político no todo português, a Junta Regional dos Açores, em funções havia menos de três meses, divulgava nessa noite de 16 de Novembro, através da também recém-criada televisão e pela boca do seu vogal José António Martins Goulart, um comunicado tomando posição expressa contra a desordem que lavrava no país (...)"

30 anos atrás, Álvaro Monjardino

domingo, novembro 27

PURO PRAZER #183


Edward Muybridge

Der Knabe
O Rapaz

Ich möchte einer werden so wie die,
Eu queria ser um desses,
die durch die Nacht mit wilden Pferden fahren,
que atravessam a noite com cavalos selvagens,
mit Fackeln, die gleich aufgegangnen Haaren
com archotes que, como cabelos soltos,
in ihres Jagens großem Winde wehn.
velejam no vento forte do seu galope.
Vorn möcht ich stehen wie in einem Kahne,
Eu queria ir na frente como numa barca,
groß und wie eine Fahne aufgerollt.
grande e desfraldado como uma bandeira.
Dunkel, aber mit einem Helm von Gold,
Escuro, mas com um elmo de ouro,
der unruhig glänzt. Und hinter mir gereiht
de inquieto fulgor. E atrás de mim, alinhados,
zehn Männer aus derselben Dunkelheit
dez homens da mesma escuridão,
mit Helmen, die, wie meiner, unstät sind,
com elmos inconstantes, qual o meu,
bald klar wie Glas, bald dunkel, alt und blind.
ora claros como vidro, ora escuros, velhos, cegos.
Und einer steht bei mir und bläst uns Raum
E um está junto a mim e rasga-nos o espaço
mit der Trompete, welche blitzt und schreit,
com a trombeta, que passa refulgente,
und bläst uns eine schwarze Einsamkeit,
e que com o seu toque nos leva a uma negra solidão,
durch die wir rasen wie ein rascher Traum:
que cruzamos a galope como um sonho fugaz:
Die Häuser fallen hinter uns ins Knie,
à nossa passagem tombam as casas de joelhos,
die Gassen biegen sich uns schief entgegen,
as ruas curvam-se diante de nós,
die Plätze weichen aus: wir fassen sie,
abrem alas as praças: tomamo-las
und unsre Rosse rauschen wie ein Regen.
e os nossos corcéis ressoam como um aguaceiro.

Das Buch der Bilder (O livro das Imagens), Rainer Maria Rilke.
Tradução Maria João Costa Pereira.
Ed. Relógio D'Água, 2005.

CHÁ DAS CINCO #86

JANELAS ALTAS (X)
Dez razões para uma revisão estatutária.

Não entendo que tudo se resolve com e na Constituição. Pelo contrário, sendo a nossa Autonomia política, essa política também se faz de práticas. Daí entender que ao Estatuto cabe um papel de orientação, de clarificação, mas sobretudo, de potenciação da praxis autonómica. Guardei este artigo para alguns sublinhados e outras questões, que, parecendo menores, não deixam de merecer tratamento relevante. Peço-vos, pois, um último esforço para as seguintes dez prioridades:
1- As novas competências legislativas
2- A iniciativa legislativa popular
3- Os órgãos de governo próprio
4- O estatuto dos cargos políticos
5- As relações com a administração central
6- A projecção externa da Região
7- A nova filosofia financeira
8- A reforma da administração
9- A transferência de competências
10- O domínio público e privado da Região


(Desenvolvidas também no Diário Insular de hoje)

sábado, novembro 26

CHÁ QUENTE #129

Everyday Democracy
Why we get the politicians we deserve
Tom Bentley

Our democracy is in crisis. Party membership is falling; electoral turnout in Britain appears to have bottomed out at a new low and, when asked, we say we distrust governments like never before.
Political leaders should worry about this because their ability to lead effectively is being seriously undermined. But when we withdraw our trust in leaders or opt out of elections, we make our democratic institutions less effective. So we should worry about this too, since we risk making ourselves ungovernable...

(Leitura ideal após uma semana de Plenário. Bom fim-de-semana!)

CHÁ QUENTE #128


"(...) Antigamente, pertencer a um partido era algo tribal, quase hereditário. Hoje, os indivíduos, cada vez mais em movimento e mais citadinos, menos agarrados às raízes e mais exigentes nas suas escolhas, têm necessidade de estapas intermédias para se identificarem. É por isso que os partidos procuram criar (ou reforçar, quando já existe) uma nova categoria de associados, a dos «simpatizantes» - por oposição aos militantes -, interrogando-se ao mesmo tempo sobre os direitos e responsabilidades a atribuir-lhes.
Tendo diminuído a influência dos militantes na política e na selecção dos candidatos, a adesão plena perderá todo o interesse se meros «simpatizantes» desempenharem um papel equivalente? que novas motivações há que introduzir? Perante a procura de líderes que falem verdade e sejam conhecidos, qual é a dose aceitável de pluralismo entre os militantes e os dirigentes? A categoria mais importante talvez seja a dos partidários potenciais: alguns partidos desenvolvem grandes esforços para os fazer aparecer, listá-los e comunicar com eles (...)"

Open parties? A map of 21st century democracy, Paul Hidler ("Estão os Partidos políticos condenados a desaparecer?" na versão portuguesa do Courrier Internacional de 25 de Novembro)

sexta-feira, novembro 25

PURO PRAZER #182


Chá dos Açores, José António Rodrigues

quinta-feira, novembro 24

CHÁ QUENTE #127

Exercícios sobre imagens «imaculadas»:

1.ª Imagem «imaculada»
Autarcas do PSD tentaram afastar Berta Cabral da presidência da Associação de Municípios, por causa uma proposta de Rui Melo que defendia compensações financeiras aos autarcas que participem nas reuniões da própria associação. As «senhas de presença» seriam no valor de 1000euros para a Presidente, 800euros para os restantes membros da administração e 600 euros para os outros presidentes de Câmara. A proposta era apoiada por Berta Cabral.

2.ª Imagem «imaculada»
A poucos dias do congresso dos sociais-democratas, Berta Cabral procura apoiantes para a eleição de delegados, e procura também, afinar estratégias com Costa Neves, candidato assumido à liderança do partido. Natalino Viveiros diz tratar-se da preparação de uma liderança bicéfala para o PSD/Açores.

quarta-feira, novembro 23

É d'HOMEM #64

Debate do Plano e Orçamento para 2006.
Pedido de esclarecimentos do Deputado Bolieiro (PSD) ao Secretário Regional dos Assuntos Sociais:

Deputado Bolieiro: ...relativamente ao aparelho para mamografias ...
Alguém na sala: Mamógrafo!
Deputado Bolieiro: Como?
Alguém na sala: Mamógrafo!
Deputado Bolieiro: Peço desculpa, não estou familiarizado com o aparelho mas sim com o objecto...

(Risada geral no Plenário)

PURO PRAZER #181


O Caminho para Vetheuil, Monet

O poema

O poema é um exercício de dissidência
, uma profissão de incredulidade na omnipotência do visível, do estável, do apreendido. O poema é uma forma de apostasia. Não há poema verdadeiro que não torne o sujeito um foragido. O poema obriga a pernoitar na solidão dos bosques, em campos nevados, por orlas intactas. Que outra verdade existe no mundo para lá daquela que não pertence a este mundo? O poema não busca o inexprimível: não há piedoso que, na agitação da sua piedade, não o procure. O poema devolve o inexprimível. O poema não alcança aquela pureza que fascina o mundo. O poema abraça precisamente aquela impureza que o mundo repudia.

A estrada branca, José Tolentino de Mendonça. Assírio & Alvim, 2005.

domingo, novembro 20

É d'HOMEM #63

Diário Insular – Porque parámos?
João Maria Mendes – Não sei. Os decisores políticos é que tinham de pensar nisto, portanto a resposta a essa resposta terá de partir deles. Mas, pelo que analisei, atribuo esta situação, como outras, à falta da tal Comissão de Assuntos Internacionais que vigorava na Assembleia Regional, e que deixou de existir. Isto significa que há dois períodos da história da nossa Assembleia Regional que me parecem distintos: a primeira e a segunda legislatura, onde tudo se estava a construir e o próprio Governo regional pede um voto de confiança ao parlamento para participar nas negociações dos acordos internacionais, nomeadamente o da Base das Lajes, constituindo-se mais tarde a tal comissão específica; e um segundo momento, em que esta comissão deixa de existir e passa a ser integrada numa comissão de política geral. De facto, uma comissão de política geral dá para tudo e, talvez, não dê para nada. Porque depois falta tempo para estar atenta a todos os problemas. Acho que é aqui que radica a falha actual da não evolução destas matérias por parte dos poderes autonómicos portugueses. Porque houve uma concentração demasiada nos representantes do Governo regional em matéria de política externa, esquecendo-se sistematicamente do papel fundamental da Assembleia Regional.

(Uma interessante entrevista com João Maria Mendes, um novo Mestre em Relações Internacionais, no Diário Insular).

CHÁ QUENTE #126

"...Bem sabemos que «a região moderna terá de ser uma região modesta» e que não se pode deixar de tentar prosseguir o caminho de substituição do público pelo privado. Mas, neste século XXI, é impensável ignorar as características próprias do arquipélago e o esforço em infra-estruturas que temos de continuar a fazer. Muito provavelmente a autonomia financeira, nas palavras de Paz Ferreira, “terá que ser repensada, terá que passar a ter como ponto de partida, o montante global da despesa regional e não das receitas próprias da Região”..."

JANELAS ALTAS (VIII), Para uma revisão Estatutária. Hoje no Diário Insular.

É d'HOMEM #62

"...César tem pela frente a tarefa e o desafio grandiosos de, aos olhos do País, ser o único que pode libertar a Autonomia da imagem do beato Mota Amaral e do diabólico João Jardim!
Dionísio de Sousa, no Congresso do PS/Açores

sábado, novembro 19

CHÁ QUENTE #125

Há algo que falha quando um líder exortando o Partido a pensar-se recebe em troca discursos laudatórios...

PURO PRAZER #180


Vanité, ou allégorie de la vie humanine, Philippe de Champaigne

Eu poderia classificar de contraditórias as minhas relações com o mundo ou a sociedade. Apesar de todo o meu desejo de relações afectuosas com eles, não raro que nessas relações entrasse um frieza reflectida, uma tendência para a crítica, que me espantava. A título de exemplo citarei o pensamento que às vezes me ocupava quando na sala de jantar ou no vestíbulo, com a mão que segurava o guardanapo nas costas, ficava ocioso alguns instantes e observava a clientela do hotel tratada com delicadeza e mesmo adulada pelos fraques azuis. Era o pensamento da reversibilidade na troca. Trocando os fatos e os librés, a maior parte dos servidores podiam figurar de senhores; e alguns daqueles que com o cigarro nos lábios se estiraçavam nos cadeirões de vime podiam muito bem ser criados. Se a situação não estava invertida era por puro acaso – o acaso da fortuna. E isto porque a aristocracia do dinheiro é uma aristocracia de acaso, permutável.”

As Confissões de Félix Krull – Cavaleiro de Indústria, Thomas Mann. Ed. Relógio D’Água, 2003

quinta-feira, novembro 17

É d'HOMEM #61



"Vejo um Presidente da República como um grande educador",
disse ontem António Borges, do PSD, numa conferência em Lisboa.

(Pois eu também estou a ver o estilo...)

CHÁ DAS CINCO #85

Ao Cuidado do Exm.º Sr. Director do Jornal dos Açores, Sr. João Paz:

Exm.º Senhor Director
Tendo lido o V. Editorial de hoje, dia 17 de Novembro, sob o título «O essencial e o acessório», e considerando que a preocupação de V. Ex.ª, com a sobreposição da Lei de Estabilidade Orçamental (LEO) à Lei de Finanças Regionais (LFR), demonstra que está ciente do que está, realmente, em causa para a Autonomia, prestando, por isso, um verdadeiro serviço público;
Venho, com a humildade que me é devida, colocar à disposição de V.Ex.ª, e do seu Jornal, dois documentos que penso não serem do V. conhecimento e que o ajudarão nas conclusões e no alerta.
De facto a Região sempre considerou a LEO lesiva dos princípios constitucionais e estatutários, como tal, a Assembleia Legislativa, por iniciativa do PS/A, exerceu o seu direito requerendo a apreciação da conformidade constitucional e estatutária desse diploma. Contudo, mau grado esse esforço autonómico, a resposta que chegou, 2 anos depois, foi negativa.
Estou, pois, em crer que V. Ex.ª pode concluir comigo que, mesmo que não houvessem outras razões para que a LFR fosse revista, esta seria, seguramente, razão suficiente.
Subscrevo-me atenciosamente
Guilherme Tavares Marinho

CHÁ COM TORRADAS #103


A Marcha do Imperador

Pinguim 1 - Vais na marcha?
Pinguim 2 - Claro, o Chefe quer que vá toda a gente!
Pinguim 1 - E já leste a estratégia?
Pinguim 2 - Claro, é a estratégia do Chefe!
Pinguim 1 - E esta coisa da colónia toda eleger o Chefe, concordas?
Pinguim 2 - Claro, se o Chefe concordar...

(Qualquer semelhança entre a ficção e a realidade é pura coincidência!)

quarta-feira, novembro 16

PURO PRAZER #179

Sob escuta:

Ascent, Bernardo Sassetti


Beyond The Sound Barrier, Wayne Shorter

Próxima encomenda:

Coincidences, Stephan Oliva


Solo 2, Baptiste Trotignon


Something Like Now, Moutin Reunion Quartet

terça-feira, novembro 15

PURO PRAZER #178

Vitorino Nemésio
CABEÇA DE BOGA

"...Fazia um luar como dia, um luar mexido e sonoro da massa do mar. O quintal era grande, com couves tronchas e, ao fundo, um cedro das Bermudas. Conversámos para ali...: o Francisco da Segunda caía no banho de pranchada: comecei a teimar que o Tiàzé ia mais longe a nado; e o Abílio: que o Estoiro é que era o campeão de braçada e o que aguentava mais tempo debaixo de água e vinha à tona sem se cuspir. De saudade em saudade falámos de tudo: da Escola e das caneiras. O Abílio teve vontade de aliviar ("ir acima dos pés" - dizia-se lá na ilha). Para não perdermos conversa, arriou ali mesmo, numa cova ao pé do cedro.
- E sempre queres que eu seja teu compadre, Abílio?
Ele limpou-se a uma mancheia de folhas de erva-limão e disse-me com um ar mais murcho do que triste:
- A Lucinda deixou-me quando tive o suficiente ..."

Na Biblioteca online do conto

(um projecto exemplar)

CHÁ QUENTE #124


Hoje há um ano, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores tomava posse para a sua VIII Legislatura. De então para cá podemos contabilizar as seguintes iniciativas de origem parlamentar:
5 Anteproposta de Lei
1 Projecto de Decreto Legislativo Regional
23 Proposta de Resolução
73 Requerimentos
43 Votos
128 Intervenções em Plenário

Pelos dados que possuo, e que são públicos, trata-se, em 30 anos de autonomia, do ano menos profícuo em termos de iniciativas legislativas da responsabilidade dos grupos parlamentares. Bem sei que o trabalho parlamentar não se esgota aí mas querem continuar a dizer que tudo está bem?

segunda-feira, novembro 14

PURO PRAZER #177


Pierrot le fou

Camille : - Tu vois mes pieds dans la glace ?
Paul : - Oui.
Camille : - Tu les trouves jolis ?
Paul : - Oui, très.
Camille : - Et me chevilles, tu les aimes ?
Paul : - Oui.
Camille : - Tu les aimes mes genoux, aussi ?
Paul : - Oui, j'aime beaucoup tes genoux.
Camille : - Et mes cuisses ?
Paul : - Aussi.
Camille : - Tu vois mon derrière dans la glace ?
Paul : - Oui.
Camille : - Tu les trouves jolies mes fesses ?
Paul : - Oui... très.
Camille : - Et mes seins, tu les aimes ?
Paul : - Oui, énormément.
Camille : Qu'est-ce que tu préfères : mes seins, ou la pointe de mes seins ?
Paul : - J'sais pas. C'est pareil.
Camille : - Et mes épaules, tu les aimes ?
Paul : - Oui.
Camille : - Moi j'trouve qu'elles sont pas assez rondes... Et mes bras ?
Paul : - Oui.
Camille : - Et mon visage ?
Paul : - Aussi.
Camille : - Tout ? Ma bouche, mes yeux, mon nez, mes oreilles ?
Paul : - Oui, tout.
Camille : - Donc tu m'aimes totalement !
Paul : - Oui. Je t'aime totalement, tendrement, tragiquement.
Camille : - Moi aussi, Paul.

É d'HOMEM #60

"...A qualidade da democracia deve, por isso, também começar na própria estruturação dos partidos políticos. No próximo fim-de-semana, o Partido Socialista/Açores tem já uma oportunidade de dar um sinal claro de que está aberto aos tempos de mudança. Pode começar já por aprovar, em congresso, a proposta da Juventude Socialista que viabiliza a eleição directa do presidente do PS por voto secreto dos militantes..."

Directas, por Nuno Tomé

(Coerência é um passo decisivo no sentido da credibilidade. Os meus parabéns à JS/A na pessoa do seu jovem líder)

domingo, novembro 13

CHÁ DAS CINCO #85

"...A acção exterior regional, em geral, e a participação na política comunitária, em particular, devem ser, pois, interpretadas, fundamentalmente, como uma melhoria no exercício da gestão pública. Essas palavras não perderam actualidade e, vendo reforçada a sua acuidade, tornam a sua previsão em sede de Estatuto Político-Administrativo incontornável..."

JANELAS ALTAS (IX), Para uma revisão estatutária. (também no Diário Insular de hoje)

É d'HOMEM #59


Diário Insular Nos últimos anos, Angra tentou colocar-se no xadrez regional como capital da cultura. Foram criadas várias infra-estruturas no concelho para esse fim, mas, nos últimos tempos, a abertura de dois espaços culturais em Ponta Delgada parece ameaçar esse lugar. Como será possível consolidar esse posicionamento – com evidentes benefícios para o turismo – contrariando a tendência centralizadora de São Miguel?
José Pedro CardosoA nossa grande diferença em relação a Ponta Delgada é que enquanto lá se compra por catálogo, aqui não só trazemos eventos como criamos e construímos cultura. Fazemo-lo, primeiro, para nosso proveito e, segundo, entrando em parcerias com outros. Ou seja, quando, por exemplo, fazemos um Festival de Teatro, fazemo-lo com a convicção de que temos de dar espaço a quem cria dentro de portas. Isso é fundamental. Isto é, criamos contando com o nosso potencial interno e em parceria com o exterior, chamando nosso ao resultado final. As Sanjoaninas são outro exemplo dessa forma de fazer: 80 por cento da festa é feita com a prata da casa, sendo a restante parte oriunda do exterior, que vem enriquecer a nossa produção. No fundo, não nos limitamos a comprar, atravemo-nos a criar e a construir.
(...)
DI – Mas Angra perdeu ou não peso em relação a Ponta Delgada?
JPCAcho que não. O poder de uma terra sobre outra expressa em coisas muito simples. Por exemplo, a cidade de Ponta Delgada, para aparecer nos meios de comunicação social, teve de copiar o que Angra fez. Copiar o que está bem feito não é pecado. Plagiar e transformar como se fosse uma bandeira própria não é crime punível por lei, mas desagrada-me ver. Sinto que esta cidade tem sido plagiada e que o reconhecimento recai sobre quem plagia e não sobre que cria. Mas Angra continua a ser uma cidade e um concelho onde as pessoas pensam mais, onde há maior troca de informação e de experiências. Isso permite que esta ilha seja mais rica, mais viva. Por tudo isso, julgo que a Terceira continua a dar cartas na Região em termos de saber dizer e de saber fazer.

(E quem fala assim não é gago...é terceirense!)

sábado, novembro 12

CHÁ QUENTE #123


Pela primeira vez vi o Psycho em ecrã gigante. Foi um acontecimento! Éramos perto de 50 na sala (mais do que é costume) e, possivelmente, deveríamos todos sair penhorados à Câmara de Angra por se ter lembrado de, a partir de hoje, fazer, quinzenalmente, ao sábado à tarde, sessões especiais. Mas não por minha parte: não porque acabaram em 2002 com os ciclos de cinema em Novembro, única altura do ano em que podíamos gozar das películas que deliciavam a Europa inteira menos a cidade património mundial, não porque há dois anos consecutivos não se realiza o festival de cinema que nunca foi digno sucessor os ciclos, não porque desde que o centro cultural abriu têm sido constantes os série B em cartaz, não porque cinema é cultura e não é com estas manifestações quinzenais, ainda que extraordinárias, que me vão fazer esquecer tudo isso tão depressa. Daqui a 15 dias lá estarei para o «2046»!

PURO PRAZER #176


Cloud Cleaner

sexta-feira, novembro 11

É d'HOMEM #58

«Que bom seria para Portugal ver os sindicatos menos conservadores em relação aos que têm o privilégio de ter emprego e de ter sindicato e mais atentos aos direitos dos novos pobres, que são os que nunca têm emprego nem sindicato. Que ajuda o movimento sindical poderia dar a este Governo, se nos apoiasse - e ultrapassasse até - na reivindicação de maior apoio social para aqueles que foram marginalizados pelo progresso»

Freitas do Amaral, discussão do Orçamento do Estado

CHÁ COM TORRADAS #102


Free Element XX, Dodo Jin Ming

PURO PRAZER #175


Homage to Matisse, Mark Rothko

19,1 milhões de euros
(um preço de amigo)

quinta-feira, novembro 10

CHÁ QUENTE #122

Recapitulando:

“…no actual momento do desenvolvimento do nosso sistema autonómico é de admitir de forma unânime que existe um défice de articulação das relações político-administrativas entre os protagonistas do sistema, ou seja, entre as Regiões Autónomas, naquilo que são consideradas «relações horizontais», tal como se introduz uma excessiva voluntariedade no regime e na praxis das «relações verticais», ou seja, que ligam as Regiões ao aparelho do Estado…”

Domingo, Setembro 25, 2005, JANELAS ALTAS (V)

“…São diversos os mecanismos adequados para a canalização dos vários eixos, sejam com funções gerais de informação recíproca, sejam de relacionamento institucional para a prevenção de conflitos. Trata-se de articular a cooperação não só no campo administrativo mas também de verdadeira participação política. Ela inclui tanto a intervenção na função legislativa e regulamentar como nos grandes planos de âmbito estatal. Falamos de um terceiro nível da organização pública, de clarificar a responsabilidade política resultante da adopção de decisões. Este é, pois, um problema da autonomia democrática…”
Domingo, Outubro 16, 2005, JANELAS ALTAS (VI)

“…A decidida aposta na construção de relações de cooperação mais fluidas e estáveis é, desde algum tempo, o caminho escolhido pelos sistemas políticos descentralizados mais avançados. A importância que oferecem as estruturas formais de cooperação, que aqui defendemos e propugnamos, seja com a Madeira seja com a administração central, através de Comissões Bilaterais e/ou Comissões Mistas Sectoriais, também se avaliará, assim, a médio prazo, no seu contributo para a necessária melhoria da capacidade de auto-governo da nossa Região…”
Domingo, Outubro 23, 2005, JANELAS ALTAS (VII)


(...curiosamente o próximo artigo, já no prelo, é sobre finanças regionais...)

quarta-feira, novembro 9

CHÁ QUENTE #121


A solar prominence is a large bright feature located in the solar corona. While the corona consists of extremely hot gases which do not emit much visible light, prominences contain much cooler gas, similar in composition to that of the chromosphere. A prominence forms over timescales of about a day, and may persist in the corona for several weeks. Many prominences break apart and give rise to coronal mass ejections.
Despite decades of study, the mechanism by which prominences form is not yet well understood. Theories have not satisfactorily explained how prominences can remain stable for such a long time when they are much denser than their surroundings.


Em som de fundo "The Love Life of the Octopus".

Não sei porquê mas pareceu-me adequado!

terça-feira, novembro 8

CHÁ QUENTE #120

Ainda sobre o Ódio:



LE TONNEAU DE LA HAINE
La Haine est le tonneau des pâles Danaïdes ;
La Vengeance éperdue aux bras rouges et forts
A beau précipiter dans ses ténèbres vides
De grands seaux pleins du sang et des larmes des morts.
(...)

O TONEL DO ÓDIO
O Ódio é o tonel das brancas danaídes;
A Vingança febril, de braços rubros, fortes,
Tenta precipitar nessas trevas vazias
Grandes baldes com o sangue e as lágrimas dos mortos,
(...)

Les Fleurs du mal, Charles Baudelaire

CHÁ DAS CINCO #84



José Manuel Barroso, at the exhibition "Azorean Tea"

segunda-feira, novembro 7

CHÁ QUENTE #119

Depois de, aqui, ter ficado esclarecido que a próxima disputa da liderança do PSD/Açores se resolverá ainda em Congresso, apesar do folclore «para inglês ver» à volta das directas no conclave passado, nova dúvida me assaltou: Porque é que a «febre das directas» que atacou os órgãos nacionais dos partidos, e que já culminaram em eleições de dois líderes (o Sr. Sócrates no PS e o Sr. Castro no CDS/PP) não chegou aos Açores ou se chegou foi de modo enviesado? Será pela busca de equilíbrio entre as estruturas de ilha, qual sistema eleitoral regional? Quem me conhece sabe que sou totalmente a favor da democracia directa e que abomino intermediários, delegados ou similares, como tal estarei particularmente atento às propostas da JS/A no próximo Congresso do PS/Açores pois, salvo erro, a moção do jovem líder Tomé ia nesse sentido.


Ainda a propósito de Congressos não se esqueçam de ler:
As Mariposas, por Vasco Garcia

PURO PRAZER #174


Faith, Erik Simanis

“(…) Viva a velocidade! O coração da minha mãe ainda era um coração de gente, o meu coração já é um hélice que abrevia o dia porque faz girar a terra mais depressa! Viva a Velocidade acceleradamente premio! Morra a Saudade e o regresso! Morra o verbo parar e o verbo recuar! Viva o verbo ganhar sempre por correr demais! A minha amante não é uma mulher, Puff! A minha amante é a velocidade que Eu monto. Bravo!!. Morram os relógios, mentira! O mez é que tem 24 horas! o anno são só 12 dias! A Eternidade existe sim mas não é tão devagar! Os meu olhos são holofotes a policiar o infinito. Morra o Kilometro! O Kilometro não existe, o mais pequeno que há são 20 leguas! Eu sou Millionario. A minha Fortuna é o Século XX (…)”

José de Almada Negreiros, K4 o quadrado Azul (edição fac-similada) Assírio & Alvim, 2000


(Com um Abraço de Muito Obrigado ao André)

domingo, novembro 6

CHÁ QUENTE #118


Obrigado pelo esclarecimento Sr. Presidente!

CHÁ DAS CINCO #83

Preocupações em tarde soalheira de domingo:

A leitura dos manifestos eleitorais dos principais candidatos à Presidência da República resultou no vazio esperado relativamente às autonomias. Vazio pelos lugares comuns, vazio pela ausência de referência expressa, vazio pela falta de perspectiva nacional para estas nove ilhas. Poder-me-ão acusar de estar a pedir demais face ao estado da Nação, os candidatos têm mais em que pensar. Mas um novo discurso nacional para as autonomias passados 30 anos é pedir assim tanto? E alguém terá mais responsabilidade em o fazer do que o Presidente da República? Responder-me-ão que a Região, ela própria, não tem um discurso autonómico. Que Região é a responsável primeira desse status quo. Se é assim, e admito que o seja, então respondo que passados 30 anos de andarmos a cimentar uma ideia de arquipélago nestas nove ilhas, a semear uma cultura de vivência democrática em sede de autonomia política, é tempo para começar a falar para fora, para o todo nacional. É tempo de perder o medo de falar de autonomia, é tempo de cortar essa referência da autonomia ao sr. Jardim, esse que nada fará ou falará por nós. É, pois, mais que tempo e se não for hoje outro dia pode ser tarde...


(Com dedicatória aos Homens do :Ilhas. O nosso «fermento» blogosférico!Parabéns aos 5x2anos!)

sábado, novembro 5

É d'HOMEM #57

Não há qualquer referência às autonomias regionais no Contrato Presidencial da candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República!

(...será que a «Pátria do Poeta» não é a «minha Pátria»?)

sexta-feira, novembro 4

PURO PRAZER #173

La femme aux bas blancs, Eugène Delacroix

“(…) - Oh, suave juventude, bem mais bela que este corpo que tem o condão de a inflamar!
E, com as duas mãos, pôs-se a mexer no fecho do meu colarinho, desabotoando-o com uma incrível rapidez.
- Tira tudo, tira tudo, desembaraça-te de tudo e disso também – disse ela, voluvelmente. – Tira tudo e despe-te, para que eu te contemple, para que eu te contemple o deus! Depressa!
«Porquê, quando a hora te chama, não estás ainda pronta para a capela! Despe-te depressa que eu conto os instantes! O atavio das núpcias…» É assim que chamo os teus membros de deus, que eu tenho desejo de te contemplar, desde que te vi pela primeira vez. Ah, até que enfim! O busto sagrado, os ombros, a doçura dos braços. Desembaraça-te de tudo isso; é isso que eu chamo gentileza! Vem para mim, meu bem-amado! Vem para mim, para mim!
Nunca uma mulher usou duma linguagem mais expressiva! Era um canto que se exalava dela, nada mais. E ela continuou a exprimir-se assim dessa maneira quando eu estava a seu lado. Era do seu feitio definir tudo por palavras, mas ela tinha nos seus braços o aluno da severa Rosza. Ele encheu-a de felicidade e teve a honra de lho ouvir dizer.
- Tu, o mais doce! Tu anjo do amor e monstro da volúpia! Jovem demónio, criança tenra, como tu percebes disto! O meu marido, esse, não compreende nada do assunto, nem, fica sabendo, é capaz de nada. Tu embriagas-me e matas-me! O êxtase corta-me a respiração e parte-me o coração…O teu amor faz-me morrer! – Ela beijou-me os braços e o pescoço. – Trata-me por tu – gemeu ela, subitamente, perto do paroxismo supremo. – Trata-me por tu, rudemente para me humilhares! Adoro ser humilhada! Adoro! Oh como te adoro, pequeno escravo estúpido, que assim me envileces!
Ela caía em delíquio. Nós caíamos em delíquio. Eu tinha-lhe dado o melhor de mim mesmo. Embora ela me desse prazer, em compensação eu tinha-lhe pago com juros (…)”


As Confissões de Félix Krull – Cavalheiro de Indústria, Thomas Mann. Ed. Relógio D’Água, 2003


(Entretanto, o Chá Verde ficou muito feliz por Portugal ter, finalmente, feito isto. Bom fim-de-semana)

CHÁ COM TORRADAS #101

Goste-se, ou não, do estilo ou da cor política, Carla Martins e Pedro Gomes representaram, a meu ver, pela aplicação nos trabalhos e pela voluntariedade na exposição das ideias, duas lufadas de ar na Assembleia Regional. Ainda que a primeira fosse, algumas vezes, mal orientada, pelos seus pares, para discursos de ilha, quando tem, claramente, uma pensamento regional, ou que o segundo se perdesse, também alguma vezes, em gongorismos potenciados pela sua formação de base, a verdade é que a fragilizada democracia parlamentar prega-nos destas partidas e de uma penada o grupo parlamentar social democrata, logo o parlamento regional, ficou, ainda, mais pobre com a sua partida e com a chegada de dois «reformados da política»!

quinta-feira, novembro 3

É d'HOMEM #56

"...Estimular a cooperação entre o poder central, as autonomias regionais e o poder local, na aplicação de políticas de desenvolvimento, rigor financeiro, ordenamento do território e respeito pelo ambiente..."

Excerto do Manifesto Eleitoral de Mário Soares à Presidência da República

(...isto promete!!!!)

A ler:
As Eleições Presidenciais, por Dionísio de Sousa
O PREÇO DA MOEDA, por Pedro Gomes

CHÁ QUENTE #117

Já agora alguém me sabe dizer se o próximo líder do PSD/A já vai ser eleito por sufrágio directo dos militantes? Se bem me recordo no último congresso ...

É d'HOMEM #55

"O senhor deputado Duarte Freitas, eleito para o Parlamento Europeu pela coligação PSD/CDS há cerca de dois anos, tem demonstrado tal tenacidade no sector das pescas e da modernização das respectivas frotas, que será grande pena e não menor perda para a pátria açoriana ele continuar a gastar o seu latim macarrónico em redacções impossíveis de se ler, vivendo sobre brasas em terra alheia, nem lá nem cá, gastando a sua intensa e imensa massa cinzenta, demais a mais sentindo-se, como é humano e natural, deslocado e sem préstimo, o que não acontece, honra lhe seja, na paróquia açoriana, onde sempre foi peixe de águas profundas. É de facto um homem de acção e não de escrita; um homem capaz de ir de porta em porta angariar votos para o seu amado partido, oferecendo a lua e as estrelas a quem delas necessita, e algumas latas de tinta, e de andar sempre de sorriso em riste como se tivesse assim saído do ventre de sua mãe."

PARA SE SALVAR COMO OS TRIPULANTES DO SÃO MACAIO,
PSD/Açores precisa urgentemente de Duarte Freitas
por Cristóvão de Aguiar (a não perder no Diário Insular de hoje)

terça-feira, novembro 1

PURO PRAZER #172


Kevin Blechdom


CHÁ DAS CINCO #82


Um estranho silêncio continua a cobrir as contínuas manifestações das claras clivagens raciais em França. Parece que só para os jovens de Clichy-sous-Bois não foram normais os incêndios que causaram numerosas vítimas junto das comunidades africanas em Paris. Pensar que ainda há bem pouco tempo era causa nacional a discussão sobre o direito à utilização dos símbolos religiosos nas escolas. Coerências...