quarta-feira, abril 21

CHÁ COM TORRADAS #246

De espanto em espanto. Acabo de ouvir na RDP/A que os Srs. Deputados à Assembleia Legislativa vão passar a ter de elaborar relatórios de todas as deslocações em serviço que façam inter-ilhas. Espanto! A decisão foi tomada pela mesa da Assembleia, na sequência de uma recomendação feita pelo Tribunal de Contas. Espanto maior! Primeiro, pensava eu que a Assembleia Legislativa dos Açores era um órgão de governo próprio da Região de cariz essencialmente político. Segundo, pensava eu que os representantes do Povo Açoriano apenas respondiam politicamente perante o povo açoriano e não administrativamente perante o Tribunal de Contas. Terceiro, pensava eu que as deslocações inter-ilhas dos Srs. Deputados se faziam em trabalho político devidamente justificado pelas respectivas direcções parlamentares. Quarto, pensava eu que o Estatuto dos Srs. Deputados, ainda, não seria equivalente ao dos funcionários públicos, de modo que tivessem de justificar formal e administrativamente o trabalho efectuado. Quinto, não consigo encontrar justificações para que sejam os Deputados a dar esse tipo de explicações formais e administrativas quando existe um corpo técnico e administrativo na Assembleia que deve instruir devidamente essas matérias. Sexto, e último, não sei como os Srs. Deputados aceitam que lhes sejam exigidos escrutínios que, e, sublinho, muito bem, aos membros do Governo dos Açores não são. Claro, que, nestas coisas, o problema deve ser, apenas, meu! Bem diz o nosso povo "Quem muito se agacha, o cu lhe aparece..."

terça-feira, abril 6

CHÁ COM TORRADAS #245

Há cerca de 2 anos escrevi no Correio dos Açores o artigo O ERRO DO PDA: ENTRE O QUERER SER E O DEVER SER. Não me afastando, substancialmente, do que então escrevi, julgo ser de sublinhar o renovado estoicismo de alguns dos seus militantes, na pessoa do Sr. Manuel Costa. Seguirei com interesse o debate e as reflexões que farão, no próximo fim-de-semana e nos tempos que se avizinham. Contudo, sem querer desvalorizar a "luta titânica" das idéias, penso que a maior prioridade para este PDA deverá ser a da sua credibilização como partido regional. Fundamentalmente, o que se pode pedir aos novos dirigentes é que afastem o estigma de "tertúlia de café de Ponta Delgada" e se regenerem através da criação e consolidação de estruturas locais em todas as ilhas, por forma a poder maximizar o círculo regional de compensação. Para isso basta olhar algum do trabalho feito por outros pequenos partidos já com representação parlamentar.
Conheço muitos Açorianos para quem os Açores e a Causa Autonómica estarão sempre em primeiro lugar, por isso, muitas vezes me interrogo de qual seria a verdadeira militância e implantação de alguns dos maiores partidos dos Açores se já existissem partidos regionais. Um dia, seguramente, saberemos...

quinta-feira, abril 1

CHÁ QUENTE #423

Expresso: Estamos condenados a comunicar permanentemente?
Prof. António Câmara: Não! Nós podemos desligar. Eu acho que hoje em dia as pessoas começam a estar viciadas, eu não penso que estão viciadas nas mensagens, estão viciadas nas interrupções. Porque é fantástico ter interrupções! Porque são uma desculpa imensa para nós verdadeiramente não trabalharmos. Até houve um artigo na Wire há muitos anos sobre isto. Pessoas eternamente interrompidas. Se eu tiver o meu telemóvel sempre ligado, ou o meu messenger sempre ligado e a tentar ver todos os emails, eu acabo o dia por não fazer nada. E portanto é uma escolha que eu tenho que fazer. Eu penso que a escolha que todos nós temos que fazer é isolarmos blocos de tempo de várias horas porque é a única forma de continuar a reflectir e a criar.

Expresso: A reflexão é um luxo?
Prof. António Câmara: Eu acho que se nós não nos desligarmos é um luxo. Porque nós vamos ser crescentemente e cada vez mais interrompidos. Nós temos cada vez mais amigos virtuais no facebook que comunicam connosco, nós temos cada vez mais telefonemas, temos cada vez mais emails, e portanto, se nós não nos isolarmos do mundo, a reflexão vai ser um luxo.