terça-feira, maio 31

CHÁ DAS CINCO #41

...assim não vamos lá! (acompanhado de uns quantos impropérios que reservo na intimidade)

PURO PRAZER #123


Ouve-me, Helena Almeida

Gozemos a vida, Lésbia, fazendo amor,
desprezando o falatório dos velhos puritanos.
A luz do sol pode morrer e renascer
mas a nós, quando de vez se nos apaga a breve luz da vida,
resta-nos dormir toda uma noite sem fim.
Beija-me mil vezes, mais cem;
outras mil, outras cem.
Depois, quando tivermos ajuntado muitos milhares,
vamos baralhá-los, perdendo-lhes a conta,
para que nenhum invejoso, incapaz de contar beijos tantos,
possa mau-olhado nos lançar.

Catulo

segunda-feira, maio 30

CHÁ QUENTE #69

...assim vamos lá!

CHÁ COM TORRADAS #60

Tendo assistido a esta conferência gostava de vos deixar algumas notas fortes que me ficaram:
a) O Autor defendeu a falência do modelo constitucional de 1976, sustentado na ideia que não se concebeu um regime de separação de poderes mas um regime de divisão de poderes que não permite a responsabilização directa de nenhum dos intervenientes;
b) O Autor defendeu que o modelo económico-social de 76 não foi cumprido nem pode ser cumprido por Portugal, uma vez que:
- não tem um sistema produtivo que sustente o cariz social do desenho de Estado;
- não controla, por estar integrado na UE, os instrumemtos de soberania necessários para poder compensar os desiquilíbrios (moeda e taxas de juro);
c) O autor defendeu a inexistência de sociedade civil em Portugal uma vez que todas as actividades estão de algum modo dependentes da intervenção estatal;
d) O autor defendeu um processo de «demolição controlada» do sistema de 76 caso contrário assistiremos a uma «derrocada» do mesmo, a saber:
- Redesenhando o sistema de direitos sociais adquiridos e compatibilizando-o com o nosso estádio de desenvolvimento;
- Criando novas elites sociais através da alienação de parcelas do Orçamento ao sector privado nacional;
- Orientando o país para áreas de especialização (ex: Turismo e Saúde para a 3.a idade);
e) O autor defende que só se atingirá este objectivo com um Primeiro Ministro e um Presidente da República que tenham o mesmo discurso e que representem os dois grandes pólos políticos nacionais evitando o aparecimento de um «vendedor da banha da cobra» que prometendo o céu e a terra desvie o eleitorado das suas prioridades;
f) O autor, mau grado ter sido 20 anos assessor da Presidência da República (1976-1996), não foi capaz de fazer um mea culpa.

(... para quem se procura informar nada de novo é certo, mas tendo visto gente «importante» que saiu «arrepiada» da conferência não pude deixar de ficar ainda mais preocupado)

domingo, maio 29

CHÁ QUENTE #68 (Act.)


Saturno devorando o filho, Goya

NON...a rejeição massiva do Tratado Constitucional pelos franceses (com apenas 30% de abstenção) faz reforçar a ideia de que não se trata apenas de um problema da política francesa. Quarta-feira há mais!

Até lá convém não esquecer que:
"Construir a Europa por irresistível pressão das forças económicas e uma lógica que é hoje planetária, como sonâmbulos, não é projecto que entusiasme ninguém. Uma utopia europeia assumida só é digna de ser vivida como vitória da Europa sobre a Europa, da ficção de si mesma que, consciente ou inconscientemente, tem condicionado o seu destino, contra a sua realidade. Em suma, do triunfo da sua sublime não-identidade sobre os fantasmas da sua alucinada identidade."

Eduardo Lourenço, A Europa Desencantada - Para uma mitologia europeia. Ed. Gradiva 2001.

PURO PRAZER #122


Seduzir, Helena Almeida

...como se a Biennale não se bastasse, Portugal faz-se representar por Helena Almeida, uma das suas maiores, por cuja obra tenho profunda admiração. Algumas das próximas entradas tentarão ser um contributo para a divulgação dessa magnífica artista. Entretanto pedem-me para escrever, «tantas coisas tantas» dizem-me. Tacanhos, ainda não perceberam que a arte é o que nos salva! Querem algo mais político que isto?

(em som de fundo, Beauty, Einstürzende Neubaten, respigado nesta sublimação)

sábado, maio 28

CHÁ COM TORRADAS #59

...alguém já se questionou em que medida o anunciado fim do regime especial de reformas para titulares de cargos políticos vai condicionar a recandidatura de alguns autarcas? É que 2005 tem sido um ano aziago, senão vejamos:
a) Perderam o direito de acumular o vencimento de eleito local com os dos conselhos de administração das empresas municipais;
b) Vão perder o direito à pensão vitalícia se ainda não tiverem completado 12 anos no exercício daquelas funções;
c) Vão perder a contagem a dobrar do anos no exercício de funções para efeitos de reforma.
Restará, pois, o serviço público, até quando? Há quem já esteja a fazer contas à vida, aguardo com serenidade os desenvolvimentos.

sexta-feira, maio 27

PURO PRAZER #121

Quando uma má notícia traz uma boa notícia acontece Concrete Poetry:

(Bom fim-de-semana!)

CHÁ COM TORRADAS #58

...les uns et les autres. Ou faz sol este fim-de-semana ou isto vai correr mal!

CHÁ QUENTE #67


James Stewart, Vertigo

...contudo, continuo a achar que falta o «golpe de asa», o impulso final no capítulo da despesa: o plafonamento na saúde e na segurança social, um tecto a partir do qual o Estado não se responsabiliza. Esta é a minha posição de princípio. Caros concidadãos, ou mudamos de vida ou vamos para o fundo!

quinta-feira, maio 26

PURO PRAZER #120


Scarlett Johansson, Lost in Translation

...e apeteceu-me este prazer imenso e esta música sublime , If I Had You, Art Blakey. Um bom feriado e não se esqueçam de pedir isto com o jornal.

quarta-feira, maio 25

É d'HOMEM #33 (Act.)

O Homem.

O Discurso.

As Medidas. (30, uma a uma)

(...e agora, ancorado na minha matriz judaico-cristã, consigo dizer: Oremos irmãos!!!!)

CHÁ COM TORRADAS #57

... pensar que há 20 anos atrás uns meninos e umas meninas ficaram todos contentes por irem à Madeira!

PURO PRAZER #119


Family Romance, Charles Ray

Legenda: Os Silva, família de funcionários públicos portugueses que já declarou: "Os ricos que paguem a crise, merecemos políticos melhores". São assinantes da petição que manifesta "repulsa pelo conteúdo dos programas de "educação" sexual promovido pelo Ministério da Educação" , têm seguidores. Domingo comerão «sandes» de courato e gritarão SLB SLB...Glorioso SLB... , são inofensivos!

terça-feira, maio 24

CHÁ DAS CINCO #40

...boas notícias, menos um cromo, já só falta o sr. Silva dizer que desiste.

segunda-feira, maio 23

É d'HOMEM #32


Robert de Niro, Raging Bull (1980)

...esta vai doer, eu estou preparado, e você?

(hoje até saio do mainstream, Day dos Jaga Jazzist para a catarse ser total)

CHÁ QUENTE #66


Static Drift, Ingrid Mwangi & Robert Hutter

...e, no entanto, não posso deixar de me questionar sobre este mundo de loucos onde cerca de 46% dos africanos vive com menos de um dólar por dia, ao mesmo tempo que a União Europeia destina 16 M€ para resolver uma crise política na Guiné-Bissau!

domingo, maio 22

CHÁ QUENTE #65

...agora, sim, o país está psicologicamente preparado para isto!

CHÁ DAS CINCO #39

O Tribunal Constitucional através do Acórdão n.º 246/2005, de 10 de Maio (ainda indisponível) declarou, segundo o Público de hoje, a inconstitucionalidade de um decreto da Região Autónoma da Madeira. Até aqui nada de novo não fosse este o primeiro Acórdão após a Revisão Constitucional de 2004. A fazer fé no que aquele diário encerra então trata-se da crónica de uma morte anunciada. A morte da revisão de 2004 e de qualquer revisão estatutária que dela provenha. Os Srs. Juízes Conselheiros, guardiões de uma Constituição que ninguém lê e poucos querem, concluíram pela "inexistência de interesse específico regional que permitisse à Assembleia Legislativa da Madeira legislar" considerando que "os diplomas legislativos regionais que ultrapassem aqueles limites, quer invadindo a competência própria dos órgãos de soberania quer tratando matérias despromovidas de interesse específico, violam as regras de competências".

...das duas uma, ou o jornalista compreendeu mal o Acórdão ou estamos perante o um dos mais sérios ataques à Autonomia Constitucional. Espero ficar esclarecido em breve!

sábado, maio 21

CHÁ DAS CINCO #38

O Açoriano Oriental brinda-nos hoje com:
«Propostas para uma nova Autonomia em segredo»
"Partido Socialista(PS), Partido Social Democrata (PSD) e Partido Popular (PP), são unânimes no que toca à necessidade de ampliar e clarificar as competências da Região, em sede de grupo de trabalho, para que não persistam dúvidas em relação a determinadas matérias perante o Tribunal Constitucional.
quanto à carta de princípios que cada um dos grupos parlamentares deverá apresentar em finais de Setembro na ALRA, Francisco Coelho (PS), Pedro Gomes (PSD) e Alvarino Pinheiro (PP), adiantam que estão a ser discutidas e elaboradas, remetendo-se contudo ao silêncio no que se refere às temáticas em abordagem."

Não percebo o segredo nem sequer a dúvida. Parecem-me cristalinas as directivas constitucionais e as conclusões do que foram os pontos mais e menos dos últimos 25 anos de Estatuto Político-Administrativo.
Será, pois, mero folclore político ou exercício de ligeireza intelectual, qualquer rol de princípios que não consagre que o Estatuto é a «magna carta» autonómica na qual se devem encerrar:
a) as competências políticas e executivas dos órgãos de governo prório (com especial cuidado nas competências legislativas por força da remissão constitucional) a um primeiro nível;
b) a institucionalização das relações políticas e administrativas com entidades supra ou para autonómicas (Estado, entidades supra-nacionais e entidades regionais)a um segundo nível;
c) a clarificação das relações políticas e administrativas com entidades infra-autonómicas (autarquias locais ou outras formas de organização) num terceiro nível.

Deixem-se de rendilhados e segredinhos e venham de lá essas propostas de articulado.

Entretanto não consegui apurar se as audições aos antigos Presidentes da Assembleia Legislativa foram ou não à porta fechada, mas, pelos ecos que me chegam, dá ideia que sim pois não acredito que apenas lá tenham ido falar das competências legislativas, alguém se esqueceu que este processo deve ser público?

Finalmente, em nota de rodapé, qual, ou de quando, é o último incontornável contributo doutrinário do Professor Barbosa de Melo para as autonomias nos últimos 25 anos? Pelos vistos tenho uma grave lacuna na minha estante.

PURO PRAZER #118

Francisco Botelho

O Touro

O mais antigo touro cruzou o dia.
As suas patas escavavam o Planeta.
Seguiu, seguiu até onde vive o mar.
Chegou à margem o mais antigo touro.
À margem do tempo, do oceano.
Cerrou os olhos, cobriu-os de erva.
Respirou toda a distância verde
e o resto construiu-o o silêncio.

Pablo Neruda, in Animal Animal, um bestiário poético.Ed. Assírio & Alvim, 2005.

(...apesar da blogolândia insular ter ficado imensamente mais pobre, um bom fim-de-semana a todos com El Jardin del Amor, cantado por Ada Falcón)

terça-feira, maio 17

CHÁ DAS CINCO #37

"Parece, assim, poder concluir-se que, à definição de uma Autonomia de expressão ontological há-de corresponder uma dimensão histórica e cultural profunda, constituindo-se a cultura em verdadeiro instrumento operativo da autonomia regional açoriana. Na senda de um “quarto movimento”, buscando para ele um objecto próprio, não poderá a Autonomia Regional dos Açores limitá-lo nem a um horizonte que se confine aos marcos físicos do arquipélago, nem procurá-lo num projecto de avanço para fora e para a frente, que esqueça os apelos vindos da sua anterioridade.
E, todavia, tudo aponta para que seja nessa sua projecção para fora e para o futuro que os Açores e os açorianos encontrarão os novos desígnios da sua Autonomia Regional. Até porque este é o tempo de “ir por aí”. Juntamente com o valor da “Autonomia”, importará não perder de vista, enquanto tal, o valor da “Região”, garantindo-o dentro, em si mesma e consigo própria, e afirmando-o fora, em parcerias, em grupo e em sentimento de pertença, em solidariedade e em cooperação recíprocas.
É, no fundo, o futuro que se escancara diante de nós."

Álvaro Laborinho Lúcio, in Açoriano Oriental de 16 de Maio 2005.

(...serve o presente para prestar a minha homenagem a um Homem de dimensão superior)

segunda-feira, maio 16

POST(AL) AUTONÓMICO #12


* VirtualAzores

"Para que estarão ainda reservados os Açores, com a incomparável posição que ocupam no globo, não é fácil prevê-lo; mas na história de cinco séculos não são poucos os grandes factos que os inscrevem, ou pela sua situação geográfica ou pela acção dos seus homens.
Sobre os joelhos de Júpiter, como se dizia na velha Grécia, continua a repousar o futuro..."

A Autonomia das Ilhas Adjacentes, José Bruno Carreiro. Açorianidade e Autonomia - Páginas Escolhidas. Ed. Signo. Ponta Delgada, 1989.

...hoje, segunda-feira da «pombinha», dia dos Açores. Feriado.

domingo, maio 15

CHÁ COM TORRADAS #56

...há «empreitadas» que nos secam de tudo, são «eucalípticas». Prometo não demorar.

sábado, maio 14

É d'HOMEM #31

O DESPACHO que viabilizou o abate de sobreiros para o empreendimento turístico do Grupo Espírito Santo, em Benavente, foi assinado já depois das eleições de 20 de Fevereiro, em que os partidos do Governo foram derrotados, e não antes, como consta da data oficial (16 de Fevereiro). Documentação a que o EXPRESSO teve acesso revela que Luís Nobre Guedes foi o primeiro a assinar, mas só na semana a seguir às legislativas apelou a Costa Neves, ministro da Agricultura, e a Telmo Correia, ministro do Turismo, para subscreverem com urgência o documento.


...e assim, perante isto, eu só quero é rir!

sexta-feira, maio 13

CHÁ QUENTE #64

7%

(...quando um número vale mais que mil palavras, se calhar é melhor ir descansar, pois: It Don't Mean A Thing (If It Ain't Got That Swing), e que o Duke nos acompanhe. Bom fim-de-semana alargaaaaaaaaaaaado)

CHÁ QUENTE #63


Gerhard Richter, Seestück (bewölkt)

Contributo: Da Filosofia

"O Mar pode ser a resposta para tudo", Pedro Arruda

quinta-feira, maio 12

PURO PRAZER #117


2046

(...os dias que passam)

quarta-feira, maio 11

CHÁ QUENTE #62

Contributo: Da Etnogenia

“(…) O que há na índole do povo dos Açores que possa licitamente atribuir-se à acção do meio, quais as transformações que este operou no moral dos portugueses que em meados do século XV se fixaram no arquipélago? (…) procurei fixar aquilo que se me afigurou mais característico no meio açoriano – o vulcanismo, a presença constante do mar, a insularidade ou isolamento do resto do mundo, a humidade do ar, a nebulosidade do céu, a temperatura oscilante entre estreitos limites, a pressão atmosférica, os vendavais e tempestades, a diferença entre ilhas e o continente pelo que respeita às condições geográficas e da paisagem, verificar ao mesmo tempo quais as qualidades morais comuns a todos os ilhéus, a sua religiosidade profunda, espírito de submissão, indolência, imaginação criadora, sentido da perfeição e do pormenor, espírito satírico, certo grau de saudosismo, talvez mais acentuado do que no continente, etc (…) ao caracterizar o modo de ser moral do povo açoriano, procurei juntar aquelas qualidades que em todos os autores que se ocuparam do assunto, mau grado as divergências que noutras manifestam, se acham indicadas. Só tive em conta aquelas que todos aceitam, quer no geral, quer a propósito de cada ilha. Mais particularmente atendi à classificação dos ilhéus em três tipos, proposta por Vitorino Nemésio numa conferência «O Açoriano e os Açores», (…) São estes tipos o micaelense, o mais trabalhador do arquipélago e também o mais diferenciado do continental, rude, industrioso, rijo e tenaz; o das «ilhas de baixo», afável, com certa manha, festeiro, indolente; e o picaroto, tomando a vida a sério, ora no mar, ora em terra, vigoroso, sadio, às vezes heróico (…)”

Luís da Silva Ribeiro, Obras. Ed. IHIT/SREC, Volume II, Pags 515 ss.

(…ora, este vosso criado, filho de micaelenses, neto de micaelenses, minhotos e faialenses, bisneto de micaelenses, minhotos, florentinos e picarotos, hoje apenas pode dizer que é Açoriano e mais tudo isto e o que quiserem que seja)

terça-feira, maio 10

PURO PRAZER #116




Tuesday Comic, porque hoje entramos numa nova dimensão, bem acompanhados com o Quebra-Nozes de Tchaikovsky

É d'HOMEM #30

Paulo Gusmão contesta a perda de algumas regalias (serviços de secretária e adjunto, por exemplo) com a sua passagem deputado independente e vai propor hoje alterações ao Regimento da Assembleia. (RDP/A)

CHÁ COM TORRADAS #55

Quando a BOGA é mais que um peixe espera-se uma boa caldeirada!

POST(AL) AUTONÓMICO #11



Primeiro Corso

(…) Tudo, para o ilhéu, se resume em longitude e apartamento. A solidão é o âmago do que está separado e distante (…) Oh, solidão das ilhas!...Conquista da terra por firmeza no pouco que se tem e por tino e recuo a tempo no muito que se deseja…Portos fechados, ilhas à vista…Entre nós e o mundo aquela porção de sal que torna incorrupto o aro da terra…Movimento e força; outras vezes tranquilidade e pasmo…Extensão…Extensão…(E, por mais que embirremos com reticências, que são espasmos tipográficos, a coisa é assim mesmo…Tem de exprimir-se nesta dose exacta de exaltação e de pouca sintaxe…) Ilhas pontiagudas naquela brutalidade oceânica que é afinal a única coisa delicada e discreta da nossa vida – o mar do nosso segredo…a volubilidade do nosso ardor que nada estanca…esta inconsciência de projectos humanos (mas desumano é o lógico, o ético, o inflexível!) . Além disso, o vapor da carreira…o boletim meteorológico (grau de humidade à saturação cem…), e o acostamento de Santos com a bandeira de saída…Oiço os rebocadores.

Vitorino Nemésio, Corsário das Ilhas. In Açorianidade e Autonomia – Páginas Escolhidas. Ed. Signo 1989.

segunda-feira, maio 9

CHÁ DAS CINCO #36

Contributo n.º 1

Da geografia: Sendo Açoriano, logo Europeu, como conceber o cunho ultraperiférico?

CHÁ QUENTE #61



“A paz mundial não poderá ser salvaguardada sem esforços criativos à altura dos perigos que a ameaçam. O contributo que uma Europa viva e organizada pode dar à civilização é indispensável para a manutenção de relações pacíficas (…) A Europa não se fará de uma só vez, nem numa construção de conjunto: far-se-á por meio de realizações concretas que criem primeiro uma solidariedade de facto (…)”

Robert Schuman, Declaração de 9 de Maio de 1950

(…pois então pensemos no que diz o sr. Schuman, em mais um dia de festa com o finale da 9.ª Sinfonia de Beethoven a ajudar-nos nessa reflexão intemporal)

sábado, maio 7

POST(AL) AUTONÓMICO #10


Açorianidade

Não sei se chego a tempo com a minha colaboração para a Insula no V centenário do descobrimento dos Açores. É uma colaboração estritamente sentimental, uma espécie de minuto de recolhimento em meia dúzia de linhas (…) Quisera poder enfeixar nesta página emotiva o essencial da minha consciência de ilhéu. Em primeiro lugar o apego à terra, este amor elementar que não conhece razões, mas impulsos; - e logo o sentimento de uma herança étnica que se relaciona intimamente com a grandeza do mar (…) Uma espécie de embriaguez do isolamento impregna a alma e os actos de todo o ilhéu, estrutura-lhe o espírito e procura uma fórmula quási religiosa de convívio com quem não teve a fortuna de nascer, como o logos, na água (…) Como homens, estamos soldados historicamente ao povo de onde viemos e enraizados pelo habitat a uns montes de lava que soltam da própria entranha uma substância que nos penetra. A geografia, para nós, vale outro tanto como a história, e não é debalde que as nossas recordações escritas inserem uns cinquenta por cento de relatos de sismos e enchentes. Como as sereias temos uma dupla natureza: somos de carne e pedra. Os nossos ossos mergulham no mar. Mas este simbolismo está muito longe de aludir com clareza aos segredos do ser açoriano, e mais parece um entretenimento literário do que um sério propósito de pôr o problema da nossa alma. Um dia, se me puder fechar nas minhas quatros paredes da Terceira, sem obrigações para com o mundo e com a vida civil já cumprida, tentarei um ensaio sobre a minha açorianidade subjacente que o desterro afina e exacerba. Antes desse dia de libertação íntima mal poderei fazer-me entender dos outros (…).

Vitorino Nemésio. Insula, n.º 7-8 (Julho-Agosto), Ponta Delgada 1932.

(...este é um gesto de um Homem livre!)

sexta-feira, maio 6

PURO PRAZER #115


Grunion Run, Byron Kim

“Se ontem tínhamos o direito de ser fatalistas por optimismo, doravante devemos ser audaciosos por pessimismo. Nesta consciência crítica perpassa um optimismo pessimista, corrijo, um pessimismo optimista (enganei-me de propósito), uma visão desoladora com um mínimo de esperança. Mas é neste desfasamento entre a idealidade e a realidade que radica o nó-górdio da condição humana. Viver o tempo como uma enriquecedora tensão entre a memória do passado e a pulsão das saudades do futuro, contrapondo à crise do historicismo a lucidez de quem está avisado de que a mesma luz que ilumina é também a luz que cega e sabe, como única certeza, que os conceitos de verdade, de realidade e de sentido têm de ser constantemente interrogados.”

Cidadania e Sociedade de Valores, Miguel Veiga. Congresso da Cidadania

(a este «naco de prosa», adiciono Più Mosso de Astor Piazzola e o desejo de um belíssimo fim-de-semana para todos!)

CHÁ COM TORRADAS #54


Os Açores e a 2.ª Guerra Mundial - Colóquio Internacional (é já amanhã)

quinta-feira, maio 5

CHÁ DAS CINCO #35

...depois da pescada e do lagostim, o golfinho. Entretanto, a solha aguarda com impaciência!

CHÁ COM TORRADAS #53

...e, no entanto, talvez prefira os que não lêem àqueles que só lêem o Paulo ou a Margarida.

PURO PRAZER #114




Miguel Gonçalves Mendes – Nós vivemos uma vida inteira cheia de amor, de ódio, de obras, de…mas o que é que fica, o que é que realmente fica de nós?
Mário Cesariny – Bom, de nós, ficam os filhos se fazes filhos, ficam livros e pinturas se escreves ou pintas, ficam esculturas, etc…Não é grande consolação…para mim não é! Porque se houvesse a eternidade era uma coisa, não é? Mas não há. Não interessa quantos milhares de anos ou milhões de anos, o planeta terra vai levar a explodir, não é? Portanto…acaba tudo por desaparecer, pronto, fsssst!É muito misterioso isto tudo, não é?
Miguel Gonçalves Mendes – Então para que é que isto serve?
Mário Cesariny – Não sei, serve para foder que é muito agradável e dá muito gozo. Serve para amar…e serve para morrer. Pronto!

Verso de Autografia/Mário Cesariny. Ed. Assírio & Alvim, 2004.

(…ou um filme em forma de livro, devidamente acompanhado pela Gymnopedie n.º 1 de Satie)

terça-feira, maio 3

CHÁ QUENTE #60

E eis senão quando, ao PROGRAMA 24:

Comentários: Francisco José Viegas, Pedro de Mendoza y Arruda e Pedro Mexia.

...a «jovem geração de pensadores açorianos» é substituída pelo clube dos amigos do «Programa que, mais do que sobre o saber, é sobre o pensar»!Parabéns conseguiram chocar-me!!!

CHÁ QUENTE #59


Skeleton decorated with animal and plant forms, Felipe Linares

Pública – Usa uma expressão de Roland Barthes (1915 – 1980) - «o grau zero da escrita» -, mas com um sentido diametralmente oposto.
Muniz Sodré – Sim, é verdade. Vejo aqui o grau zero como aniquilação e não como potencialidade. O meu grau zero não é o da escrita, como o de Barthes, mas sim o da identidade e dos valores. Abolição do tempo longo, da duração. Vivemos num tempo de empregos «part time» e relacionamentos «fast food». Todos os mecanismos de sociabilização demorados são incómodos. Quando esses laços longos de trabalho e de afectos deixam de existir, as relações são episódicas. Tudo é muito curto e efémero, seja ao nível profissional, seja ao familiar e amoroso. Tudo é muito fugaz, inclusive a emoção e o sentimento. Acho que o grotesco é um efeito da violência desse tempo que encolhe. Um tempo que se contrai para ajustar contrários (…)

Muniz Sodré, Pública, 1 de Maio de 2005.

segunda-feira, maio 2

É d'HOMEM #29

Eu decidi não convocar o referendo proposto pela Assembleia da República sobre a interrupção voluntária da gravidez porque entendi não estarem asseguradas as condições mínimas adequadas a uma participação significativa dos portugueses, e agora desenrasquem-se que vou ali e não sei se volto...

(...com sorte ainda vai a ouvir este fascinante trio, Ghost Of A Chance, Joe Lovano)

CHÁ DAS CINCO #34

Criminologia política

Crime 1:
28 de Maio de 2003 - a Comissão de Assuntos Parlamentares, Ambiente e Trabalho reúne para dar parecer sobre projectos de Lei do PSD-CDS/PP, PS e BE que visavam estabelecer a limitação de mandatos. O PSD/A do sr. Cruz, sobre essa matéria, tinha a dizer o seguinte:
O PSD mostra concordância genérica com o princípio da limitação de mandatos sucessivos, que considera um importante contributo para a reforma do sistema político. Considera também que este é apenas um dos impulsos necessários para a reforma do Estado, num vasto conjunto de outras reformas necessárias, designadamente a alteração da Lei Eleitoral das Autarquias Locais.
17 de Abril de 2005 - o Dr. Álvaro Monjardino publica na União (conforme atempado destaque do Chá Verde) um artigo chamando a atenção para a inconstitucinalidade da limitação dos mandatos dos políticos regionais se feita fora do Etatuto Político-Administrativo.
20 de Abril de 2005 - O sr Cruz faz uma conferência de imprensa onde declara:
"a limitação dos mandatos dos Presidentes dos Governos Regionais é da competência exclusiva das Assembleias Legislativas. A proposta do PS não respeita a Constituição nem a Autonomia Constitucional"

Crime 2:
21 de Abril de 2005 - os srs. Amaral e Ponte assinam um requerimento na Assembleia da República sobre as emissões da RTP/A, logo o sr. Ponte era nessa data Deputado à República e o sr. Cruz Deputado Regional.
21 de Abril de 2005 - o sr. Cruz que no dia anterior esteve a dar a dita conferência de imprensa em Ponta Delgada, não comparece na Assembleia Legislativa reunida em sessão plenária na cidade da Horta.

...ficarão estes crimes sem castigo?

domingo, maio 1

PURO PRAZER #113 (Act.)


Marcello Mastroiani

...porque dia da Mãe, do Senhor Santo Cristo e do Trabalhador é quando um Homem quiser!