segunda-feira, maio 9

CHÁ QUENTE #61



“A paz mundial não poderá ser salvaguardada sem esforços criativos à altura dos perigos que a ameaçam. O contributo que uma Europa viva e organizada pode dar à civilização é indispensável para a manutenção de relações pacíficas (…) A Europa não se fará de uma só vez, nem numa construção de conjunto: far-se-á por meio de realizações concretas que criem primeiro uma solidariedade de facto (…)”

Robert Schuman, Declaração de 9 de Maio de 1950

(…pois então pensemos no que diz o sr. Schuman, em mais um dia de festa com o finale da 9.ª Sinfonia de Beethoven a ajudar-nos nessa reflexão intemporal)

4 comentários:

RD disse...

"(…) A Europa não se fará de uma só vez, nem numa construção de conjunto: far-se-á por meio de realizações concretas que criem primeiro uma solidariedade de facto (…)”
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É bonito e importante, mas cada realização concreta que se faça, não fará da Europa um "país" (se é que me faço entender), fará talvez, com que se dê mais um passo para a paz em concordância. Por outro lado, não sentiremos nós, quando vamos a outros países que não europeus, o mesmo do que a qualquer outro europeu? Parece-me que a Europa apesar de nos dar alguma segurança e algum espírito de familiaridade entre povos, não é mais do que um acordo burocrático que garanta também a economia. Digo isto sem qualquer prejuízo à nobreza de fundo do projecto, claro.
Quero só clarificar, que a meu ver, a Europa não pode ser "medida" por fronteiras geográficas. Não me faz sentido algum, já que qualquer povo do mundo merece a mesma igualdade e dignidade.
Acho que já ando a comentar demais e já me parece um pouco confuso tentar explicar com poucas palavras.
:)

RD disse...

Obrigadinho pelo Hino da Alegria.

gm disse...

Nenhum comentário é demais, e os seus muito menos. Penso que Schuman quando apela à solidariedade dá a dimensão supranacional de que a Rosa menciona e almeja. É claro que o crescimento do projecto europeu tem tido o cunho burocrático, mas isso deve-se mais à incapacidade, falência e mesmo desistência de muitos dos responsáveis para tornar perceptível este movimento supranacional de inigualável força e potencial, do que ao projecto em si!No entanto, et pour cause, o meu sublinhado quer acentuar a necessidade de retornar as políticas dos pequenos passos, aquela que tem sido abandonada em prol de fugas para a frente que podem fazer ruir este belo edifício de 55 anos.

RD disse...

Pois claro. Mas para que haja uma política dos pequenos passos, como o Guilherme lhe chama, há necessidade de se começar por baixo.
Ninguém será um bom físico sem saber somar 2+2.
Começar por baixo, é desde a intro/extrospecção que fazemos agora aqui, passando por um Congresso da Cidadania (sim, o Laborinho fez-se útil), até a uma efectiva participação esclarecida dos cidadãos na vida activa da sociedade - com todos os direitos e deveres que lhes são inerentes.
Só depois podemos pensar em maior escala senão o edifício será de fracos alicerces.
Pergunto eu, cá nos Açores em que nível estamos? Será que nos podemos "sentir como pertença" da Europa? Não vamos pensar por nós mas pelo nosso povo em geral.
Eu acho assustador que nem se saiba o que quer dizer "Cidadania".
Tanto que quando abro os jornais só me apetece voltar a fechá-los depressa.