terça-feira, novembro 30

CHÁ DAS CINCO #8



Na Capital
“Quem manda aqui?” perguntei
Responderam:
“O povo, é claro!”
Eu disse:
“É claro, o povo
mas quem
manda de facto?”

Erich Fried

(Como se diz aqui na Terceira: "Que não venhá pior!" Bom feriado Blogosfera)

É d'HOMEM #14

"Ao ler à distância, os delírios de muito gente na última semana, quando se falou muito do mar, não posso deixar de dar o meu testemunho sobre algumas coisas que li, nomeadamente sobre a intenção de Portugal em querer alargar a sua Zona Económica Exclusiva (ZEE) para as 350 milhas náuticas! Fantástico!! Continuando neste ritmo ainda nos afogamos em tanta água!!!!"

(Gui Menezes: um Homem com Z grande)

É d'HOMEM #13

Quem conhece o Chá Verde sabe que não é pessoa de elogio fácil, nem de «manteigas» ou «graxas», por isso está particularmente à vontade para dizer o seguinte:
Ontem no programa «Conversa Aberta» da RTP/A Sérgio Ávila mostrou porque a sua entrada para o Governo Regional era, mais do que uma inevitabilidade, uma necessidade. A forma desassombrada e corajosa com que abordou a entrevista e algumas das questões nela colocadas veio mostrar que a nova geração de políticos açorianos não o é apenas pela idade mas, sobretudo, pelos conceitos e pelas prioridades.
Assim, o Chá Verde, do mesmo modo que louva a sua entrada para o Governo dos Açores, espera estar daqui a 4 anos a elogiar o seu trabalho como Vice-Presidente.

segunda-feira, novembro 29

CHÁ QUENTE #25


Morais Sarmento: "Temos sempre pena" da saída de um membro do Governo

(o Chá Verde tem pena é de já não terem saído TODOS os membros do Governo, mas aguarda pelo sr. Arnaut ainda hoje e pelos restantes na quarta-feira)

CHÁ COM TORRADAS #10


Exposition du corps de Saint Bonaventure, Francisco Zurbaran
(lá como cá, não fiquemos nas nossas «varandas de inteligentes», sejamos cidadãos de corpo inteiro)

Post Scriptum: O Chá Verde agradece, penhoradamente, ao Ilhas os magníficos prémios entretanto recebidos. Bem Hajam!

sexta-feira, novembro 26

PURO PRAZER #31


Mário de Cesariny

Autografia

Sou um homem
um poeta
uma máquina de passar vidro colorido
um copo uma pedra
uma pedra configurada
um avião que sobe levando-te nos seus braços
que atravessam agora o último glaciar da terra

O meu nome está farto de ser escrito na lista do tiranos: condenado à morte!
Os dias e as noites deste século têm gritado tanto no meu peito que existe nele uma árvore miraculada
tenho um pé que já deu a volta ao mundo
e a família na rua
um é loiro
outro moreno
e nunca se encontrarão
conheço a tua voz como os meus dedos
(antes de conhecer-te já eu te ia beijar a tua casa)
tenho o sol sobre a pleura
e toda a água do mar à minha espera
quando amo imito o movimento das marés
e os assassínios mais vulgares do ano
sou, por fora de mim, a minha gabardina
e eu o pico do Everest
posso ser visto à noite na companhia de gente altamente suspeita
e nunca de dia a teus pés florindo a tua boca
porque tu és o dia porque tu és
a terra onde eu há milhares de anos vivo a parábola
do rei morto, do vento e da primavera.
Quanto ao de toda a gente – tenho visto qualquer coisa
Viagens a Paris – já se arranjaram algumas.
Enlaces e divórcios de ocasião – não foram poucos.
Conversas com meteoros internacionais – também, já por cá
passaram.
Eu sou, no sentido mais enérgico da palavra
uma carruagem de propulsão por hálito
os amigos que tive as mulheres que assombrei as ruas por onde passei uma só vez
tudo isso vive em mim para uma história
de sentido ainda oculto
magnífica irreal
como uma povoação abandonada aos lobos
lapidar e seca
como uma linha férrea ultrajada pelo tempo
é por isso que eu trago um certo peso extinto
nas costas
a servir de combustível
e é por isso que eu acho que as paisagens ainda hão-de vir a ser
escrupulosamente electrocutadas vivas
para não termos de atirá-las semi-mortas à linha.

E para dizer-te tudo
dir-te-ei que aos meus vinte e cinco anos de existência solar estou em franca ascensão para ti O Magnífico
na cama no espaço duma pedra em Lisboa-os-Sustos
e que o homem-expedição de que não há notícias nos jornais nem
lágrimas à porta das famílias
sou eu meu bem sou eu partido de manhã encontrado perdido entre
lagos de incêndio e o teu retrato grande!

In Pena Capital

(porque o Expresso lhe deu devido destaque e porque dele será, talvez, o meu preferido … se é que preferências podem haver! Bom fim-de-semana Blogosfera)

É d'HOMEM #12


Bandeiras Vermelhas, Vieira da Silva

Carvalhas rejeita «capitulação ideológica»

CHÁ COM TORRADAS #9

No próximo dia um de Dezembro Alvarino Pinheiro, eleito pela Terceira, vai suspender o mandato no Parlamento Regional por um período de quatro meses.
Em substituição será chamado a exercer funções no Parlamento, nos próximos dois meses, José Joaquim Vaz de Melo, que ocupava o quarto lugar na lista do CDS/PP na Terceira no âmbito da Coligação Açores.

(A fraude continua, algum dia alguém terá coragem para moralizar o regime de substituições parlamentares?)

quinta-feira, novembro 25

CHÁ DAS CINCO #7

BLOG

Mantivera no fim da adolescência
aquilo a que chamava simplesmente
o seu diário íntimo:
páginas manuscritas onde ardiam
rastilhos de mil sonhos que rasgavam
as mordaças da angústia social,
a timidez tão própria da idade.

Nessa caligrafia cuja cor
fora ainda a do sangue
colheu a energia necessária
pra atravessar como um sonâmbulo
o ordálio daquela juventude,
o seu incandescente calendário
de amizades vorazes, tão velozes
como os amores que julgava eternos
e outras feridas mal cauterizadas.

Hoje quase não volta a essas páginas:
estamos no século XXI
e em vez do diário de outros tempos
mantém agora um blog
onde todos os dias extravasa
recados, atitudes, confissões,
coisas no fundo tão inofensivas
como o fogo que outrora lhe acendia
as frases lancinantes
- embora hoje em dia quando escreve
tenha por um momento a ilusão
de que as suas palavras continuam
a propagar ainda o mesmo vírus,
e a alimentar, quem sabe, os mesmos
sonhos
sempre que alguém desconhecido as ler
como quem só assim então escutasse
um segredo na noite do mundo.

Mas, apesar de todo o entusiasmo
que o mantém acordado por noites sem fim,
ele adivinha que também virá
um dia a abandonar sem saber como
o seu actual vício solitário
e dentro de alguns anos, ao reler
as frases arquivadas no computador,
talvez tudo isso lhe pareça então
fruto de gestos tão adolescentes
como os que antigamente preenchiam
esses cadernos amarelecidos
e hoje sepultados para sempre
em esquecidas gavetas de outro século.

In Pena Suspensa, Fernando Pinto Amaral

(A razão para continuar até o Chá deixar de ter sabor)

quarta-feira, novembro 24

PURO PRAZER #30


Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera
(o Chá Verde voltou após um Intervalo Doloroso, isto de andar em mudanças tem muito que se lhe diga)

segunda-feira, novembro 15

POST(AL) AUTONÓMICO #5



O Chá Verde, ciente da importância do momento, foi à estante para deixar, com as sábias palavras de Luís da Silva Ribeiro (Escritos Político-Administrativos, Obras, vol IV), algumas perspectivas aos que a partir de hoje ou de amanhã servirão os Açores.

Aos Deputados:
“(…) Começarei por suplicar que legislem pouco, ainda mesmo que legislem bem. A abundância de leis é sempre uma mal, e até um dos que mais nos afligem actualmente.
Depois, pedir-lhes-ei que pensando no seu distrito, pensem nos Açores, se lembrem de que são açoreanos, porque são micaelenses, faialenses ou terceirenses, e estas nove terras são, afinal uma só terra – a terra de nós todos. (…)”
In Correio dos Açores, 25 de Novembro de 1925.

Aos Governantes:
(…) Para melhorar-mos a nossa situação temos muita coisa a fazer, mesmo nas reformas administrativas, mas façamo-las consoante as nossas condições de vida, as nossas necessidades e as nossas tradições, e não vamos de momento vestir um fato que nos não sirva porque não foi feito para o nosso corpo (…) A simples observação das nossas condições geográficas e do nosso modo de vida mostra-nos que, por um lado, um conjunto de costumes, de necessidades, de circunstâncias naturais, fazem dos Açores uma província insular de Portugal, distante todavia do continente; por outro lado, o isolamento de cada uma das ilhas, a descontinuidade territorial, torna cada uma delas uma unidade social independente das outras, vivendo sobre si, cuidando dos seus interesses a todas comuns, mesmo com recíproca desconfiança, senão má vontade. (…) Urge substituir a ilha pelo arquipélago na criação de grandes empresas comerciais ou industriais em que seja interessado o capital açoriano; ligar as empresas industriais congéneres existentes nas diferentes ilhas, por modo a entenderem-se na relações com os mercados externos, solidarizarem-se, e defenderem-se conjuntamente, sem prejuízo da autonomia de cada uma delas; federar cooperativas e sindicatos; estudar e reunir o nosso folclore as nossas tradições populares que revelarão a identidade étnica em todas as ilhas, e prepararão o advento de uma arte puramente açoriana, de uma poesia e de uma literatura insulares, se não ainda a formação de novas fontes de riqueza pelo desenvolvimento de algumas indústria caseiras; multiplicar e regular as comunicações interinsulares; pugnar pelos interesses comuns por meio de consórcios ou entendimentos dos municípios, de acordos eleitorais para uma acção política conjunta, da elaboração de um programa mínimo de reivindicação colectiva. (…)
In A União, 10 de Janeiro e 3 de Fevereiro de 1923

“(…) Ter hotéis e restaurantes em boas condições de situação, higiene, asseio e serviço; não explorar o viajante, pedindo-lhe quantias fabulosas por qualquer objecto ou serviço; possuir guias e intérpretes educados, capazes de se entenderem com os estrangeiros, de lhes darem informações exactas e de lhes mostrarem o que eles devem ver; ter estradas e meios de transportes fácil, rápido e cómodo, em número suficiente; fazer uma propaganda constante e criteriosa das nossas belezas naturais e de tudo o que possa interessar ao excursionista. (…)”
In Correio dos Açores, 12 de Setembro de 1926

(Entretanto o blogger, porque também é filho de Deus, vai descansar uns dias)

domingo, novembro 14

CHÁ DAS CINCO #6


Odisseu e canto das sereias

"(...) O Mar esmagara-o.
Todo o corpo estava dorido e água salgada corria-lhe
da boca e das narinas. Jazia sem fôlego, incapaz de falar,
incapaz de se mexer. Apodera-se dele um cansaço ingente.
Quando voltou a si e ao peito regressou o alento,
desprendeu do corpo o véu da deusa marinha e deixou
que caísse no rio que fluía em direcção ao mar.
Uma onda forte levou-o na corrente e de imediato Ino
recebeu o véu nas mãos. E afastando-se do rio, Ulisses
ajoelhou-se num canavial e beijou a terra dadora de cereais.
Mas desanimado assim disse ao seu magnânimo coração:

"Ai, pobre de mim, o que estará para me acontecer?
Se aqui junto ao rio mantiver vigília durante a noite,
receio que a cruel geada e o fresco orvalho vençam,
na fraqueza em que estou, o meu espírito estafado.
E do rio soprará logo de manhã um vento frio.
Mas se eu subir esta elevação até ao bosque sombrio
e lá me deitar entre os densos arvoredos na esperança
de afastar o frio e a fadiga, receio que ao dormir docemente
me exponha como presa para as feras selvagens."

In Odisseia, Homero. Tradução Frederico Lourenço, Ed. Cotovia.

CHÁ COM TORRADAS #8



Como concluímos em artigo anterior a Assembleia Legislativa apresenta-se diminuída na sua dimensão política, como centro de pensamento e de projecção autonómica, centro fiscalizador da actuação governamental e enquanto face visível da dimensão legislativa regional. Espartilhada em esquemas orgânicos e comunicacionais decalcados da estrutura executiva, a Assembleia, por natureza enroupada numa veste que para si coseu, está, no século XXI, manifestamente demodé.

sábado, novembro 13

CHÁ QUENTE #24


Retrato de um anão sentado no chão, Velasquez

"O problema da democracia não é como eleger os melhores, antes como nos vermos livres dos piores"
Karl Raimund Popper

É d'HOMEM #11

“É muito importante logo à partida ter em conta que uma carruagem por melhor que seja o condutor é muito diferente se tiver dois burros, duas mulas ou dois cavalos a puxá-la. Quando muito a Quercus pode simbolizar um pouco o cão que vai atrás da carruagem a ladrar para tentar fazer com que andem melhor e mais depressa”
Veríssimo Borges

PURO PRAZER #29


Free Element XI, Dodo Jin Ming

CHÁ DAS CINCO #5


Ascending and Descending, M.C. Escher

OS BRAVOS GENERAIS

Os bravos generais caem do escadote
citam teilhard frequentam o templo
São eles e não as damas quem nos salões dá o mote
Os filhos podem invocá-los como exemplo
seu peito fero é todo uma medalha
e ganham sempre só perdem a batalha
do escadote quando o inimigo grita: toma
chegou a tua vez de receberes um hematoma
Seja a subir seja a descer - desde que não seja escada -
os generais avançam pois não temem nada
Mas - sobressaltam-se eles - o que é que o meu olhar avista?
Um simples escadote o grande terrorista

In Todos os Poemas, Ruy Belo. Assírio & Alvim, 2000

(Post dedicado ao Olho de Milhafre que me relembrou o Poeta)

sexta-feira, novembro 12

PURO PRAZER # 28

1 Marítimo-Benfica 1X2
2 Gil Vicente-Porto 1
3 Setúbal-Nacional 1

4 U. Leiria-Braga X
5 Belenenses-Moreirense 1X
6 Penafiel-Beira-Mar 1X2

7 E.Amadora-Maia 1X2
8 Feirense-Marco X
9 Naval-Leixões X

10 D. Aves-Alverca 1
11 P. Ferreira-Chaves
12 Portimon.-Varzim
13 Ovarense-Sp.Espinho


(Já não dá para o Euromilhões mas ainda dá para ganhar uns tostões aqui. Bom fim-de-semana blogosfera)

CHÁ QUENTE #23


Saut du lapin, Amadeo de Souza-Cardoso

CHÁ QUENTE #22


A Galinha e os Pintos ou Uma Família, José de Sousa Girão

CHÁ QUENTE #21


Incêndio na Câmara dos Lordes e dos Comuns, J.M. William Turner

Artigo 20.º
Início da legislatura
1. A Assembleia Legislativa Regional reúne, por direito próprio, no 15º. dia após o apuramento dos resultados

Considerando que o Estatuto é cristalino ao dizer que é no 15.º dia que a Assembleia se reúne, e que a publicação oficial dos resultados aconteceu no dia 4 de Novembro, em Diário da República, alguém tem por aí uma máquina de calcular? Apre!

PURO PRAZER #27



James and Other Apes, James Mollison

quinta-feira, novembro 11

CHÁ QUENTE #20


A fuga, Mário Eloy Pereira

"(...) o jornaldiario.com, que é líder indiscutível e destacado entre os sites noticiosos da Região, começa também já a invadir, com sucesso, o terreno da comunicação social tradicional, cuja perda de velocidade para os meios suportados nas novas tecnologias tem vindo a ser cada vez mais notória."

(E que tal um cházinho para acalmarem?)

CHÁ QUENTE #19


O Vento, Victor Sjöström (1928)

"The Wind" always gets mixed reviews, some who appreciate its artistic merits and others who complain about its harsh realism, which, they claim, is almost taken to the point of surrealism. The bottom line is, it is an excellent film, excellently excecuted both performance-wise and in direction, but which could have been improved with a little "fine-tuning."

(Se todos os filmes fossem como este)

quarta-feira, novembro 10

CHÁ QUENTE #18



Alexandre O'Neill

Divertimento com sinais ortográficos
...
Em aberto, em suspenso
Fica tudo o que digo.
E também o que faço é reticente...
:
Introduzimos, por vezes,
Frases nada agradáveis...
.
Depois de mim maiúscula
Ou espaço em branco
Contra o qual defendo os textos
,
Quando estou mal disposta
(E estou-o muitas vezes...)
Mudo o sentido às frases,
Complico tudo...
!
Não abuses de mim!
?
Serás capaz de responder a tudo o que pergunto?
( )
Quem nos dera bem juntos
Sem grandes apartes metidos entre nós!
^
Dou guarida e afecto
A vogal que procure um tecto.

In Abandono Vigiado

É d'HOMEM #10

"O líder do PSD e primeiro-ministro já projectou uma remodelação do elenco governamental a ocorrer depois do debate do Orçamento do Estado para 2005"

(E se é o Jornal Oficial que diz quem é o Chá Verde para dementir)

PURO PRAZER #26


The Complete Norman Granz Jam Sessions

(O Chá Verde já está a pensar no Natal)

terça-feira, novembro 9

CHÁ DAS CINCO #4




"(...) Hoje o mundo é do seu verdadeiro tamanho. Nem uma polegada a menos nem uma ilusão a mais.
Das cinco partes da Terra todos regressam aos territórios das suas próprias colectividades. O mundo está o mesmo por toda a parte. A realidade é sempre a mesma em todos os lados do mundo. É impossível fugir da realidade. E quer queiramos ou não, hoje temos de ser todos profetas na nossa própria terra.
Acabaram-se as iniciativas particulares. Acabaram-se os caprichos dos viajantes isolados. Acabaram-se os génios que cantavam chorando a solidão dos indivíduos. Hoje pedimos todos à uma, a colectividade que nos represente, a colectividade a que temos direito, que é ela mesma a nossa colectividade, o nosso próprio a único direito à vida.
Queremos a colectividade portuguesa à altura de si-própria, vista de todos os lados da terra. Que cada português, dentro ou fora da nossa terra, seja o perfeito indivíduo da nossa própria colectividade (...)"

In Direcção Única, José de Almada Negreiros, 1932

(Post de militante concordância dedicado ao Nuno Barata)

CHÁ QUENTE #17



Neptune sur le frontispice du premier ouvrage entièrement consacré aux sciences de la mer
Luigi Ferdinando Marsigli, Histoire physique de la mer, ouvrage enrichi de figures dessinées d'après le naturel. Gravures de Matthys Pool.

Entretanto, depois das desastrosas e sintomáticas declarações do sr. Neves, os «especialistas» do Ministério dos Negócios Estrangeiros apressaram-se a vir a terreiro para, invocando jurisprudência europeia, dizer que desde 1976 «no passa nada» (o castelhano é propositado). Ora, se nada mudou, porque não foi essa a resposta primeira do sr. Neves? Não foi ele o anterior Secretário de Estado dos Assuntos Europeus? E se já é assim há 30 anos porque só agora decidem consagrar essa tese no Tratado? Porque não em Maastricht (o que mais reformou) ou em Amesterdão ou em Nice?
Questions, just questions…a que acrescento o "Plebiscito" do sr. Barreto no Público de Domingo (sem link disponível) e mais isto…quantos dias faltam para Abril?

segunda-feira, novembro 8

CHÁ QUENTE #16


A Bold Bluff, C. Coolidge

(Jornais e Jornalistas, mais um «tirinho» da RTP/A)

PURO PRAZER #25 (Act.)

Bill Viola, Five Angels for the Millenium


Departing Angel


Birth Angel


Fire Angel


Ascending Angel


Creation Angel


(Porque a Revelação é o Chá Verde e o Pedro Gomes está de volta)

sábado, novembro 6

PURO PRAZER #23



Os Navegadores

O múltiplo nos inebria
O espanto nos guia
Com audácia desejo e calculado engenho
Forçámos os limites -
Porém o Deus uno
De desvios nos protege
Por isso ao longo das escalas
Cobrimos de oiro o interior sombrio das igrejas

In ILHAS, Sophia de Mello Breyner Andressen

(Parabéns aos Homens do ILHAS)

sexta-feira, novembro 5

PURO PRAZER #22



"O Criador sentou-se no trono, a pensar. Por trás Dele, estendia-se o infinito e íngreme continente celeste em toda a sua luminosa e colorida glória; diante de si como um muro, levantava-se a negra noite do espaço. O seu poderoso vulto erguia-se escarpado e montanhoso no zénite onde a Sua divina cabeça resplandecia como um Sol distante. A seus pés prostravam-se três colossais silhuetas, diminuídas quase até à extinção, graças ao contraste, pois não passavam de arcanjos, cujas cabeças estavam ao nível do Seu tornozelo.
Quando o Criador acabou de pensar, exclamou:
«Pensei. Olhai!»
Ergueu a Sua mão e dela brotou uma cascata de labaredas, um milhão de magníficos sóis que esfarraparam a escuridão e se alcandoraram para longe, para longe, cada vez mais longe, diminuindo em magnitude e intensidade ao atravessarem as longínquas fronteiras do Espaço, até que, finalmente, se tornaram pontos diamantinos brilhando sob o curvo e imenso tecto do universo (...)"

In Cartas da Terra, Mark Twain. Ed. Mareantes, 2004.

(Um dos melhores começos literários que conheço, para um desejo de bom fim-de-semana a toda a blogosfera, recomendando uma especial atenção a estes rapazes que amanhã fazem anos)

POST ABERTO AO SR. EURODEPUTADO FREITAS

Exm.º Sr. Eurodeputado Freitas, Excelência
Permita-me o atrevimento, mas não podia ficar de bem com a minha consciência se não lhe dissesse o seguinte:
V. Ex.ª está profundamente equivocado!
V. Ex.ª no Telejornal de hoje, dia 4 de Novembro, na RTP/A, apesar de se apresentar munido de muitas palavras, nomes sonantes e papéis, tantos para uma entrevista de 10 minutos, defendeu uma posição lesiva dos interesses dos Açores quanto à previsão no Tratado Constitucional da gestão dos recursos marinhos pela UE. A saber:
1- V. Ex.ª considerou que a questão deveria ter sido colocada pelas pessoas presentes na Convenção e no PE e que são agora essas pessoas que devem ser responsabilizadas. Ainda que tenha em parte razão, mais uma vez V. Ex.ª branqueia a desastrosa prestação do Governo de Durão Barroso nessa negociação, tal como branqueou enquanto Deputado Regional na questão das 200 milhas, tal como fez orelhas moucas a este problema durante a campanha eleitoral.
2- V. Ex.ª dá como fechado o dossier Tratado Constitucional Europeu, porque esta é a versão final e Portugal já o assinou. Ora como V. Ex.ª bem sabe o Tratado só vinculará Portugal a partir do momento em que o ratifica. Para tanto é necessária uma manifestação de assentimento da Assembleia da República. Como tal, o dossier em Portugal não está fechado.
3- V. Ex.ª parece desconhecer algumas das realidades e instrumentos das políticas comunitárias como a do «opting out». Passo a explicar: trata-se da possibilidade que os países integrantes da UE têm em não aderir a algumas políticas da mesma, considere-se os casos do espaço Schengen ou do Euro. Ora esta é, tão só, uma das soluções defendidas por muitos dos que acompanham este processo e que asseguram ser a melhor forma de gerir os legítimos interesses regionais.
4- Por outro lado, V. Ex.ª parece desconhecer que a parte III do Tratado não tem cariz constitucional. Como tal não se poderá contar, como parece fazer crer, com o artigo 299.º, que consagra o estatuto de ultraperiferia, para mitigar a interpretação que se venha a fazer das competências que o artigo 13.º integrante a parte I atribui à UE (o n.º 6 do artigo 12.º só por si justifica uma tese de doutoramento)
5- V. Ex.ª considera que a intervenção dos pescadores açorianos é importante para chamar a atenção da UE para as nossas realidades, contudo, V. Ex.ª não lhe atribui outro papel que não esse, formal, remetendo para os pontos anteriores a dignidade material da petição, ignorando, assim, uma pretensão técnica e politicamente fundamentada dos seus constituintes.
6- Finalmente, V. Ex.ª apela ao Sim no Referendo ao Tratado Constitucional mas não consegue uma justificação plausível para esse mesmo voto além da alegação de que o Bloco Central o fará e do estafado argumento de não podermos ficar de fora do combóio europeu. Ora na Europa não há lugar para «os que não são por nós são contra nós», e já que parece gostar de citar artigos do Público, recomendo-lhe uma especial atenção à entrevista de António Barreto publicada dia 1 p.p. no referido diário.

É deste modo, caro Sr. Freitas, Excelência, que espero que o presente o inspire a rever algumas das suas posições, a bem dos Açores.

Atenciosamente
Guilherme Tavares Marinho
(Euroconvicto, mas não acrítico)

quinta-feira, novembro 4

É d'HOMEM #9

"Manuel Monteiro diz que PSD quer coligar-se com o PND"

(Ah que saudades que o Chá Verde já tinha desta secção)

CHÁ COM TORRADAS #7


Dionisius
Dos amores de Zeus e Perséfone nasce o primeiro Dionísio, o preferido do pai e destinado a sucedê-lo no governo do mundo. Para proteger o filho dos ciúmes de sua mulher Hera, Zeus entrega-o aos cuidados de Apolo, que o esconde.
Hera, mesmo assim, descobre o paradeiro do jovem Deus e encarrega os Titãs de o matar. Os Titãs esquartejam Dionísio, cozinham e comem os seus pedaços.
Porém, os deuses são imortais e Dionísio não morre. Um outro amor de Zeus, a deusa Semele, salva-lhe o coração que ainda palpitava e engole-o tornando-se grávida do segundo Dionísio.
Hera, no entanto, continua vigilante e ao ter conhecimento das relações amorosas de Semele com Zeus, resolve eliminá-la. Hera transforma-se em ama de Semele e aconselha-a a pedir ao amante que se apresente em todo o seu esplendor. Zeus apresentando-se com os seus raios e trovões incendeia o palácio de Semele que morre carbonizada.
O feto, o futuro Dionísio, é salvo por Zeus que o retira do ventre da amante, guardando-o na sua coxa até que se complete a gestação normal.

(É assim que saindo um Dionísio da Assembleia Legislativa Regional outro se lhe seguirá, as coisas que o Chá Verde descobriu no Diário da República de hoje)

CHÁ QUENTE #14



Thomas Jäger

Não houve
nunca
acima do mundo
a alegre aventura
de um sol militar

Mário Cesariny, in Pena Capital

quarta-feira, novembro 3

PURO PRAZER #21


Le bonheur de vivre, Henri Matisse

« Il faudrait pouvoir mettre côte à côte tout ce que Matisse et moi avons fait en ce temps-là. Jamais personne n’a si bien regardé la peinture de Matisse que moi. Et lui, la mienne... »

Propos de Pablo Picasso in Pierre Daix,
Picasso Créateur, Paris, 1987, p.74

(O Chá Verde no 50.º aniversário da morte do artista)

PURO PRAZER #20



Light and Colour (Goethe's Theory) - the Morning after the Deluge - Moses Writing the Book of Genesis, J.M. William Turner

(Está um dia lindo, e sobre as eleições nos EUA ao Chá Verde bastam os 4 milhões de votos de vantagem do sr. Bush para não querer pensar mais nisso)

terça-feira, novembro 2

CHÁ DAS CINCO #3



1- Dia 15 os candidatos eleitos pelos respectivos círculos de Ilha, à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, tomam posse como Deputados Regionais.
2- Deste acto estão afastados os membros do VIII Governo Regional que apesar de legitimamente eleitos terão de continuar em funções até à tomada de posse do IX Governo Regional.
3- Há Deputados investidos no dia 15 e que no dia 16 deixam de o ser e vão para casa porque membros do VIII Governo Regional não farão parte do IX indo sentar-se no Plenário no seu legítimo lugar.
4- Há eleitos que dia 15 tomam posse como Deputados e dia 16 como membros do IX Governo Regional.
5- Há eleitos que não tomando posse dia 15 irão tomar posse dia 16 pelas vagas decorrentes dos dois números anteriores. E ainda faltam os Directores Regionais e o pessoal de Gabinete.
6- Dia 16 toma posse perante a Assembleia, órgão com legitimidade originária do voto popular, um IX Governo Regional nomeado pelo Representante da República entidade com legitimidade indirecta.
7- Só 15 dias depois a Assembleia legitima directamente o IX Governo Regional ao aprovar o seu Programa de Governo.
8- Por último, na tomada de posse do IX Governo Regional são indicados os titulares das respectivas pastas governamentais que juridicamente não existem, uma vez que a orgânica do novo Governo Regional é da exclusiva responsabilidade do mesmo e a sua aprovação só poderá ter lugar em Conselho de Governo.

(Sinceramente, não sei se é para rir ou para chorar, mas há quem lhe chame, simplesmente, sistema democrático)

PURO PRAZER #19



Encyclopédie médiévale de Barthélemy l'Anglais, Livre des propriétés des choses. XVe siècle.

(E VI séculos depois o mundo está supenso)