segunda-feira, novembro 15
POST(AL) AUTONÓMICO #5
O Chá Verde, ciente da importância do momento, foi à estante para deixar, com as sábias palavras de Luís da Silva Ribeiro (Escritos Político-Administrativos, Obras, vol IV), algumas perspectivas aos que a partir de hoje ou de amanhã servirão os Açores.
Aos Deputados:
“(…) Começarei por suplicar que legislem pouco, ainda mesmo que legislem bem. A abundância de leis é sempre uma mal, e até um dos que mais nos afligem actualmente.
Depois, pedir-lhes-ei que pensando no seu distrito, pensem nos Açores, se lembrem de que são açoreanos, porque são micaelenses, faialenses ou terceirenses, e estas nove terras são, afinal uma só terra – a terra de nós todos. (…)”
In Correio dos Açores, 25 de Novembro de 1925.
Aos Governantes:
(…) Para melhorar-mos a nossa situação temos muita coisa a fazer, mesmo nas reformas administrativas, mas façamo-las consoante as nossas condições de vida, as nossas necessidades e as nossas tradições, e não vamos de momento vestir um fato que nos não sirva porque não foi feito para o nosso corpo (…) A simples observação das nossas condições geográficas e do nosso modo de vida mostra-nos que, por um lado, um conjunto de costumes, de necessidades, de circunstâncias naturais, fazem dos Açores uma província insular de Portugal, distante todavia do continente; por outro lado, o isolamento de cada uma das ilhas, a descontinuidade territorial, torna cada uma delas uma unidade social independente das outras, vivendo sobre si, cuidando dos seus interesses a todas comuns, mesmo com recíproca desconfiança, senão má vontade. (…) Urge substituir a ilha pelo arquipélago na criação de grandes empresas comerciais ou industriais em que seja interessado o capital açoriano; ligar as empresas industriais congéneres existentes nas diferentes ilhas, por modo a entenderem-se na relações com os mercados externos, solidarizarem-se, e defenderem-se conjuntamente, sem prejuízo da autonomia de cada uma delas; federar cooperativas e sindicatos; estudar e reunir o nosso folclore as nossas tradições populares que revelarão a identidade étnica em todas as ilhas, e prepararão o advento de uma arte puramente açoriana, de uma poesia e de uma literatura insulares, se não ainda a formação de novas fontes de riqueza pelo desenvolvimento de algumas indústria caseiras; multiplicar e regular as comunicações interinsulares; pugnar pelos interesses comuns por meio de consórcios ou entendimentos dos municípios, de acordos eleitorais para uma acção política conjunta, da elaboração de um programa mínimo de reivindicação colectiva. (…)
In A União, 10 de Janeiro e 3 de Fevereiro de 1923
“(…) Ter hotéis e restaurantes em boas condições de situação, higiene, asseio e serviço; não explorar o viajante, pedindo-lhe quantias fabulosas por qualquer objecto ou serviço; possuir guias e intérpretes educados, capazes de se entenderem com os estrangeiros, de lhes darem informações exactas e de lhes mostrarem o que eles devem ver; ter estradas e meios de transportes fácil, rápido e cómodo, em número suficiente; fazer uma propaganda constante e criteriosa das nossas belezas naturais e de tudo o que possa interessar ao excursionista. (…)”
In Correio dos Açores, 12 de Setembro de 1926
(Entretanto o blogger, porque também é filho de Deus, vai descansar uns dias)
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6 comentários:
Sempre oportuno, Guilherme! Volta depressa, pois fazes falta!
Ó homem, vai lá descansar uns dias e bebe um cházinho para recuperar a vitalidade... Abraço! JOEANOLINO
Contra o "ilhismo", sempre! Bom descanso, que a brincadeira daqui a dias é outra.
Adjunto do Vasco Cordeiro e não te acusavas. Essa não te perdoo. Ao menos vais ser adjunto de um dos poucos amigos que fiz na minha passagem pela política.
Eu cá tb não sabia... Mas já desconfiava... Daí as férias, eh, eh.
JOEANOLINO
Caro Guilherme, então? essas férias já estão a ficar muito longas, vamso lá voltar ao activo rapidamente. :)
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