sexta-feira, abril 1

PURO PRAZER #329



À quoi penses-tu? On ne sait jamais que tu penses ...
(...)
"... Comment un instant prétendre à tracer par les mots ta semblance
Ô dissemblante ô fugitive ô toujours changeante et transformée
Toi que rien n’a pu fixer dans mes yeux ni la passion ni les années
Toujours neuve et surprenante amour amour au portrait qui échappes
Au trait de la parole et du pinceau
Comme la forme incernable du rire incernable comme un sanglot
Souvenirs sans la memóire, et bléssure sans poignal..."

(...)
T'imagineé. Ne me rest que t'imagineé...

Ao minuto 6'50 de Elsa, La Rose, de Agnès Varda, com especial agradecimento à Associação Cultural Burra de Milho e ao 9500 Cineclube Ponta Delgada

terça-feira, março 29

CHÁ QUENTE #424

"... enjoy all that while you can, Portugal. Because reality will be waiting to intrude again when all the fun dies down." Da Irlanda, com amor.

segunda-feira, março 28

PURO PRAZER #328


"O inferno é fazer o que não se gosta! É ter de fazer o que não se gosta!"

In Uncle Yanko, de Agnès Varda, com especial agradecimento à Associação Cultural Burra de Milho e ao 9500 Cineclube Ponta Delgada

terça-feira, março 15

É d'HOMEM #131

E agora? Ao invés do que parece, tudo ainda pode acontecer. Porque os Partidos da Oposição - todos - não querem ir para o Governo, nem assumir responsabilidades, numa situação que não é agradável para ninguém. O Presidente da República, perante o impasse criado, vai dissolver o Parlamento e provocar eleições? Para cairmos, no pior momento, numa campanha eleitoral, como a última presidencial, com as culpas atiradas uns aos outros, sem tratarmos dos problemas nacionais? E para quê? Para chegarmos, talvez, a resultados, mais ou menos, idênticos? Mas se o não fizer, deixa que o Governo - e o PS, o que é mais grave - fiquem a fritar em lume brando? Com que vantagem para o futuro?

In Triste Europa, Mário Soares

sexta-feira, março 4

PURO PRAZER #327 (III)

"- Muitas vezes os seres são claros e translúcidos por serem primários e à medida que vão evoluindo é que se vão tornando opacos. Pensemos. Talvez seja isto: à medida que mais evoluindo vamos é que vão sendo precisos olhos mais penetrantes para se poder distinguir a qualidade de um ser. Então não será só à luz do sol que se deverá considerar a limpidez ou a translucidez do corpo de um ser mas à luz de outros princípios luminosos.
- Não compreendo.
- Pois não. Aqui a razão precisava de ter evoluído paralelamente aos olhos, ora os nossos olhos vão de encontro aos seres como de encontro a um muro."

In O Mestre, Ana Hatherly. 5.ª Edição, Babel/Ulisseia, 2010

quarta-feira, março 2

PURO PRAZER #327 (II)

"O Mestre chega à aula irritadíssimo e grita para os discípulos:
- Vocês são todos ignorantes!
- Sim, Mestre!
- Vocês não sabem absolutamente nada nem nunca hão-de saber coisa nenhuma!
- Pois não, Mestre!
- Mas que raio andam vocês aqui a fazer?
- Não sabemos, Mestre! Nós não sabemos nada e por isso é que estamos aqui, para aprender, consigo ...
- Mas o que é que vocês querem aprender, seus raça de prognatas?
- Então o Senhor não é Mestre? Se o Senhor é Mestre o Senhor deve ser sábio e Sofo, portanto nós estamos aqui para aprender tudo consigo...
- Atrevidos! Insurrectos! Eu não sou omnisciente nem omnipotente nem bruxo nem o Sócrates, eu sou um homem, apenas um homem, percebem? Eu sou um honesto funcionário, estou aqui para ganhar o meu ordenado, que é miserável, considerando os descontos que me fazem, eu estou aqui a cumprir o meu dever que é ennsinar-vos tudo o que está escrito, instruir-vos, modelar-vos, sei lá, estou aqui a desempenhar um papel político, religioso, sagrado, utilitário, filantrópico, sei lá, estou aqui a desempenhar o meu papel e vocês o que têm a fazer é desempenhar o vosso, pronto!
- Sim, Mestre, mas qual é o nosso papel?
- Grandes incompetentes! O vosso papel é serem alunos, é aprenderem muito bem o que o Mestre ensina, o que está escrito, que por sua vez ele já aprendeu dos seus Mestres e assim sucessivamente até Adão engasgado com a primeira golfada de sabedoria, percebem? O que vocês devem é aprender!
- Sim, Mestre, aprender o quê?
- Oh santa paciência infinita, vocês são todos uns ignorantes, já disse, o que vocês precisam é aprender o que está escrito! Não têm que pensar, é só aprender!
- Sim, Mestre, aprender o quê?
- Sim, Mestre, aprender com quem?
- Sim, Mestre, aprender com quem o quê?
- Sim, Mestre, aprender com quem o quê para quê?
- Então o Senhor não disse que aprender dura já há tanto tempo e estamos sempre ignorantes?
- Aprendam o que está escrito, está tudo escrito!
- Mas Mestre, o que nós queremos é cantar, é ver as plantas crescer, as ondas quebrar, as estrelas acender, as nuvens passar, a gente o que quer é sentir os lábios da pessoa amada poisarem no nosso rosto, a gente o que quer é sentir o calor do sol, o fresco da noite, a voz da pessoa amada tinindo nos nossos ouvidos, a ponta dos seus dedos brincando com os nossos cabelos, a gente o que quer é correr à beira do mar, dançar de alegria, comer fruta das árvores, dormir de cansaço, acordar sorrindo, erguer os olhos para dentro e ter alguém a quem amar, algo a louvar, algo a agradecer, algo a dar, alguém a quem a gente se dar!...
- Idiotas! Nem a caixeiros de sapataria haveis de chegar! Haveis de ser uns desgraçados que nem sequer no dia do vosso enterro vestireis um fato novo!"

In O Mestre, Ana Hatherly. 5.ª Edição, Babel/Ulisseia, 2010

segunda-feira, fevereiro 28

PURO PRAZER #327 (I)

"Porque haveriam as pessoas de acreditar na mentira se não acreditam na verdade? pergunta a Discípula.
- A mentira não é o oposto da verdade, é apenas uma sua deformação, diz o Mestre.
- Mas como se distingue uma do outra? insiste a Discípula.
- Não se distingue, diz o outro Mestre.
- Então é porque a mentira não é o oposto da verdade! diz a Discípula.
- Pois não, e é por isso que pode funcionar em lugar dela, diz o Mestre.
- Isso quer dizer que a verdade não tem oposto?, persiste a Discípula.
- Não é bem assim, diz o outro Mestre.
- Então como é? Qual é o oposto da verdade? Que perguntas embaraçosas fazem os discípulos!
Os Mestres disfarçam rindo e com um ar benévolo, complacente, batem nos ombros dos discípulos e dizem:
- Mais tarde, quando fordes Mestres, sabereis!"

In O Mestre, Ana Hatherly. 5.ª Edição, Babel/Ulisseia, 2010

sábado, fevereiro 26

PURO PRAZER #326

Nasceu em 1971, na Figueira da Foz e estudou nas Belas Artes de Lisboa, no Instituto Superior de Artes Plásticas da Madeira e na António Arroio. É escritor, músico, cineasta e ilustrador.
Escreveu cinco livros: A Carne de Deus (Bertrand), Enciclopédia da Estória Universal (Quetzal - Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco 2010), Os Livros Que Devoraram o Meu Pai (Caminho - Prémio Literário Maria Rosa Colaço 2009), A Contradição Humana (Caminho - Prémio Autores 2011 SPA/RTP) e A Boneca de Kokoschka (Quetzal).

"Tenho 72 anos. Olho para os meus filhos e para os meus netos e penso em que diabo de histórias se meterão eles e o que é que eles poderão um dia contar. Porque um homem é feito dessas histórias, não é de adê-énes e músculos e ossos. Histórias."
In Os Livros Que Devoraram o Meu Pai, Ed. Caminho, 2010.

"Uma das coisas mais espantosas é a quantidade de açúcar que a dona Assunção (vive no sexto, por baixo do pianista) põe no café. Quando ouve as músicas tristes do vizinho de cima, põe-se a gritar e a bater com a vassoura no tecto. Quando se consegue acalmar, senta-se na salinha, põe uma toalhinha de rendas na mesinha e deita um açucareiro no café. Apesar de comer tanto açúcar, é uma pessoa AMARGA. A minha mãe diz que o que lhe falta é chá."
In A Contradição Humana, Ed. Caminho, 2010.

quarta-feira, fevereiro 16

PURO PRAZER #325

Ele: A beleza de uma mulher não lhe pertence em exclusivo, faz parte da magnanimidade que ela traz ao mundo. Tem o dever de a partilhar.
Ela: E se já a tiver partilhado?
Ele: Então deve partilhá-la mais vezes.

sexta-feira, fevereiro 11

CHÁ DAS CINCO #281

Baby steps: Depois da Câmara de Lisboa, a da Covilhã aprovou na quinta-feira, por unanimidade, a extinção das quatro freguesias urbanas da cidade e a criação de uma única.

sábado, janeiro 1

PURO PRAZER #324


"Por vezes, um homem chega a meio da vida e desata a correr como se soubesse para onde vai."

In Matteo perdeu o emprego, Gonçalo M. Tavares, Porto Editora 2010.

sexta-feira, dezembro 31

PURO PRAZER #323


A Eva pergunta-me: «Às vezes pensas em mim?» e eu respondo-lhe: «Sempre». Depois a Eva pergunta-me novamente: «Pensar em mim dá-te alguma alegria?» e eu respondo-lhe: «É sempre uma alegria, nunca é outra coisa senão uma alegria». Então a Eva diz: «O teu cabelo está a ficar cinzento» e eu respondo-lhe: «Sim, está a começar a ficar cinzento». Mas a Eva a seguir indaga: «Será que está a ficar conzento por causa de alguma coisa em que estejas a pensar?» E a isso eu respondo: «Talvez». Por fim, a Eva conclui: «Então não pensas só em mim ...»

In Pan de Knut Hamsum, Cavalo de Ferro 2010

terça-feira, novembro 30

É d'HOMEM #130

Felipe González: "Se o BCE fizesse apenas uma terça parte do esforço de compra de dívida pública que fez a Reserva Federal norte-americana para quase o dobro dos cidadãos e mais do dobro do Produto Interno Bruto, a especulação acaba." Na Europa, a lucidez só chega com a idade?

sexta-feira, novembro 26

CHÁ QUENTE #423

Por dever de ofício tenho acompanhado os debates de Plano e Orçamento nos últimos 10 anos. Ano após ano, assisto a repetidas humilhações políticas infligidas ao PSD/A seja pela maior preparação técnica e política do Governo, seja pelas proposituras dos restantes partidos da oposição, mas, sobretudo, pela enorme desorientação, inépcia ou inaptidão política que as várias formações e lideranças parlamentares, do maior partido da oposição, vão revelando.
A meu ver, uma das causas desse desnorte poderá ser que em, pelo menos, 6 dos 11 debates de Plano o/a líder do maior partido da oposição esteve ausente, deixando num choro de orfandade os respectivos correligionários. Ora, se com Costa Neves esse facto era incontornável, uma vez que não tinha sido eleito para o parlamento regional, já com Berta Cabral tal não se verifica.
Na verdade, a ausência da líder do maior partido da oposição, dos 3 debates de plano e orçamento que decorreram no seu consulado, e por isso do debate estratégico das políticas de desenvolvimento regional, é uma opção pessoal e política da Dr.ª Berta Cabral, e, salvo melhor opinião, é uma opção que se revela, profundamente, lesiva das capacidades políticas do seu partido e, obviamente, do desejável confronto democrático de alternativas que merecem os açorianos e a casa mãe da democracia açoriana.
Como consequência, têm os açorianos um absoluta dessintonia dos discursos políticos vigentes. Um partido que procura na acção local um discurso regional, e outro partido com acção regional mas em combate local.
Acresce a isso que a dimensão regional da líder do PSD/A continua longe de se ver cumprida, realidade para que muito a própria tem contribuído. Aliás, não estarei longe da verdade se afirmar que, nos últimos 12 meses, Berta Cabral terá viajado mais vezes no exterior da Região do que nestas nossas 9 ilhas.
Assim, continuamente entrincheirada em Ponta Delgada, têm o tempo, o modo e o conteúdo revelado da líder do PSD/A uma inconsistente alternativa e, se me é permitido, uma confrangedora fragilidade política, baseada na estratégia furtiva do «toca e foge», de quem não permite, nem assume, qualquer confronto directo.
Ora, sem ser preciso recuar à derrota estrondosa nas autárquicas de 2009, os resultados dessa «não estratégia», só para os mais «convictos», não serão diariamente visíveis. Assim, apenas com os registos das últimas semanas, vislumbramos a Dr.ª Berta Cabral exposta na irresponsabilidade das respectivas contas camarárias ou remetida, para os cadernos da irrelevância política, pela «sociedade civil», nas pessoas dos líderes regionais dos médicos e dos agricultores que, aproveitando a visita da líder do maior partido da oposição, fizeram apelos directos ao ... Presidente do Governo.
Talvez por tudo isto, muitos «companheiros» já falam abertamente do dia seguinte, com Duarte Freitas ou Maria do Céu Patrão Neves. Contudo, para o comum dos cidadãos a pergunta que fica só pode ser uma: Foi para isto que sacrificaram Victor Cruz?

quarta-feira, outubro 6

PURO PRAZER #322


Faça uma pausa cá dentro, numa Maravilha perto de si!

terça-feira, setembro 21

CHÁ COM TORRADAS #248

Para aqueles que, como eu, defendem que todas as oportunidades são boas para rever a Constituição na parte das Autonomias, a versão final do Projecto de revisão constitucional da autoria do PSD, e todo o caminho que percorreu, só pode originar um estado de alma: Perplexidade!

OS UMBIGOS CONSTITUCIONAIS E AS TRÊS TRAIÇÕES DO PSD/AÇORES, no Diário Insular e n' O Bule do Chá

terça-feira, junho 29

CHÁ COM TORRADAS #247


FALLO
En atención a todo lo expuesto, el Tribunal Constitucional, por la autoridad que le confiere la Constitución de la Nación Española,
Ha decidido
Estimar parcialmente el recurso de inconstitucionalidad planteado por más de cincuenta Diputados del Grupo Parlamentario Popular contra la Ley Orgánica 6/2006, de 19 de julio, de reforma del Estatuto de Autonomía de Cataluña y, en consecuencia,
Declarar que
1º Carecen de eficacia jurídica interpretativa las referencias del Preámbulo del Estatuto de Cataluña a "Cataluña como nación" y a "la realidad nacional de Cataluña".

5 anos após a respectiva aprovação no Parlamento Catalão e quatro anos após a aprovação nas Cortes, e respectivo recurso, 5 anos cheios de avanços e recuos entre políticos e magistrados, a que se somou um enorme debate e pressão mediática, o Tribunal Constitucional Espanhol tornou, ontem, público o Acórdão relativo à (in)constitucionalidade do Estatuto Autonómico da Catalunha. Mau grado o grande revés político nas teses nacionalistas (que já estão a incendiar a Catalunha), como se pode retirar do excerto que acima reproduzo e da declaração de inconstitucionalidade quanto à preferência do catalão sobre o castelhano, a maioria das conclusões poderão ser, a meu ver (e não só), de uma grande maturidade e avanço jurídico, para além de um sério aviso a todas as teses políticas e jurídicas centralistas e em especial às do PP espanhol que originaram o recurso. Na verdade, dos 114 recorridos o Tribunal considerou que, apenas, 14 artigos chocam com a Constituição (grande parte são exclusivamente referentes à criação do Supremo Tribunal Catalão). Noutros 23 artigos e em 4 parágrafos, o TC considera que o texto se adequa à Constituição, sempre e quando os interpretem nos termos que indicam os magistrados. Nos restantes 74 artigos, não houve nem retoques nem qualquer pronúncia.
Se todos fizermos bem o nosso papel, o mundo pula e avança deixando de ser, para muitos, apenas, uma bola de futebol...

quarta-feira, abril 21

CHÁ COM TORRADAS #246

De espanto em espanto. Acabo de ouvir na RDP/A que os Srs. Deputados à Assembleia Legislativa vão passar a ter de elaborar relatórios de todas as deslocações em serviço que façam inter-ilhas. Espanto! A decisão foi tomada pela mesa da Assembleia, na sequência de uma recomendação feita pelo Tribunal de Contas. Espanto maior! Primeiro, pensava eu que a Assembleia Legislativa dos Açores era um órgão de governo próprio da Região de cariz essencialmente político. Segundo, pensava eu que os representantes do Povo Açoriano apenas respondiam politicamente perante o povo açoriano e não administrativamente perante o Tribunal de Contas. Terceiro, pensava eu que as deslocações inter-ilhas dos Srs. Deputados se faziam em trabalho político devidamente justificado pelas respectivas direcções parlamentares. Quarto, pensava eu que o Estatuto dos Srs. Deputados, ainda, não seria equivalente ao dos funcionários públicos, de modo que tivessem de justificar formal e administrativamente o trabalho efectuado. Quinto, não consigo encontrar justificações para que sejam os Deputados a dar esse tipo de explicações formais e administrativas quando existe um corpo técnico e administrativo na Assembleia que deve instruir devidamente essas matérias. Sexto, e último, não sei como os Srs. Deputados aceitam que lhes sejam exigidos escrutínios que, e, sublinho, muito bem, aos membros do Governo dos Açores não são. Claro, que, nestas coisas, o problema deve ser, apenas, meu! Bem diz o nosso povo "Quem muito se agacha, o cu lhe aparece..."

terça-feira, abril 6

CHÁ COM TORRADAS #245

Há cerca de 2 anos escrevi no Correio dos Açores o artigo O ERRO DO PDA: ENTRE O QUERER SER E O DEVER SER. Não me afastando, substancialmente, do que então escrevi, julgo ser de sublinhar o renovado estoicismo de alguns dos seus militantes, na pessoa do Sr. Manuel Costa. Seguirei com interesse o debate e as reflexões que farão, no próximo fim-de-semana e nos tempos que se avizinham. Contudo, sem querer desvalorizar a "luta titânica" das idéias, penso que a maior prioridade para este PDA deverá ser a da sua credibilização como partido regional. Fundamentalmente, o que se pode pedir aos novos dirigentes é que afastem o estigma de "tertúlia de café de Ponta Delgada" e se regenerem através da criação e consolidação de estruturas locais em todas as ilhas, por forma a poder maximizar o círculo regional de compensação. Para isso basta olhar algum do trabalho feito por outros pequenos partidos já com representação parlamentar.
Conheço muitos Açorianos para quem os Açores e a Causa Autonómica estarão sempre em primeiro lugar, por isso, muitas vezes me interrogo de qual seria a verdadeira militância e implantação de alguns dos maiores partidos dos Açores se já existissem partidos regionais. Um dia, seguramente, saberemos...

quinta-feira, abril 1

CHÁ QUENTE #423

Expresso: Estamos condenados a comunicar permanentemente?
Prof. António Câmara: Não! Nós podemos desligar. Eu acho que hoje em dia as pessoas começam a estar viciadas, eu não penso que estão viciadas nas mensagens, estão viciadas nas interrupções. Porque é fantástico ter interrupções! Porque são uma desculpa imensa para nós verdadeiramente não trabalharmos. Até houve um artigo na Wire há muitos anos sobre isto. Pessoas eternamente interrompidas. Se eu tiver o meu telemóvel sempre ligado, ou o meu messenger sempre ligado e a tentar ver todos os emails, eu acabo o dia por não fazer nada. E portanto é uma escolha que eu tenho que fazer. Eu penso que a escolha que todos nós temos que fazer é isolarmos blocos de tempo de várias horas porque é a única forma de continuar a reflectir e a criar.

Expresso: A reflexão é um luxo?
Prof. António Câmara: Eu acho que se nós não nos desligarmos é um luxo. Porque nós vamos ser crescentemente e cada vez mais interrompidos. Nós temos cada vez mais amigos virtuais no facebook que comunicam connosco, nós temos cada vez mais telefonemas, temos cada vez mais emails, e portanto, se nós não nos isolarmos do mundo, a reflexão vai ser um luxo.