"...não nos podemos ficar por dizer ou escrever que as coisas estão mal, sem irmos pelo menos um pouco mais além. Desde logo convém dizer que o que está mal é a folclorização e a fossilização anacrónica da nossa própria vida em coisas impensáveis como currais de porcos (uma cereja em cima do bolo); a criação de guetos cuja função óbvio é a desgraça nas suas variadas vertentes (o próprio Bailão é um gueto sem sentido cujo nascimento anunciou o desnorte nas festas que se iria seguir); a substituição das célebres tascas por cantinas miseráveis; a insistência em rainhas, damas e damos de rir às gargalhadas; o desfilar penoso de dezenas de marchas até às tantas da manhã; os problemas colocadas ao trânsito antes, durante e depois das festas, que só arreliam toda a gente; a concentração aos molhos de coisas num determinado período de tempo, antecedido e precedido do marasmo costumeiro; a falta de um gosto e de uma cultura modernos em quase tudo o que é feito, tendo como contraponto uma espécie de cristalização do nosso viver colectivo num tempo ideal que ninguém sabe qual é – tal como ninguém sabe porquê, para que serve, etc. Enfim… E já nem o povo vai nessa miscelânea sem sentido. Pelo contrário, farta-se de falar mal, em coro – sem, no entanto, dar a cara ou o corpo ao manifesto, como, aliás, é muito típico destas gentes..."
Perceber os tempos, Armando Mendes
Perceber os tempos, Armando Mendes
1 comentário:
Qaundo o Sr. Armando Mendes começar a usar uns peúgos decentes, quando ele deixar de se babar, quando tomar duches todos os dias (3 por dia), talvez consiga ouvir as asneiras que ele diz...talvez!
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