domingo, abril 16

CHÁ QUENTE #178

Foi com agrado que recebi a chamada de atenção da Dia D para os Think Thanks. Este fenómeno incontornável nas sociedades mais avançadas consegue na sua versão mais pura enriquecer a governação e o debate público com as ideias baseadas em conhecimento e não em meras opiniões. Apresentam-se com as seguintes premissas: 1) Organizações de carácter permanente; 2) São especializadas na produção de soluções para as políticas públicas; 3) Têm pessoal interno permanente dedicado à investigação; 4) Produzem ideias, análises e recomendações; 5) Dão grande ênfase à comunicação dos resultados do seu trabalho aos decisores políticos e opinião pública (internet); 6) Não têm responsabilidades ao nível da governação; 7) Não pretendem estar ao serviço de qualquer interesse especifico: ambicionando independência para a sua pesquisa; 8) Não oferecem graus académicos e a formação não é a sua actividade principal; 9) Procuram agir, de forma explícita ou implícita, em benefício do interesse público (ver entre os melhores Notre Europe, Institute for Fiscal Studies, Brookings Institute, Cato Institute).
Nesta como em outras matérias se Portugal está na fase zero (ver SEDES), os Açores estão na menos um. Uma sociedade civil estruturalmente apática (a que eu prefiro chamar de difusa) é, nas palavras de Constança Cunha e Sá (Atlântico – Abril), uma sociedade civil que, «ao contrário do que os liberais apregoam, não quer ser “libertada” de um Estado que a asfixia: quer que o Estado assegure a sua sobrevivência e garanta as suas justas necessidades». As razões parecem-nos óbvias e menos maquiavélicas do que alguns preferem fazer crer: o Estado, no nosso caso os órgãos de governo, não asseguram só a coesão nacional/regional, respondem também às expectativas de uma classe média frágil. Ora a sociedade açoriana dificilmente pode alcançar as condições para a formação de Think Thanks nos seus estados mais puros, designadamente ao nível do financiamento autónomo, e tendo uma população demasiado reduzida que dificilmente faz dispensar pessoas apenas para a investigação. Mas pode tentar cumprir com a maioria dos restantes requisitos. Deve! A matéria prima existe: falamos de ideias!
Vejamos que os Think Thanks são fundamentais na maturidade do processo democrático, pois significam a passagem de uma fase em que apenas existem opiniões para a fase em é o conhecimento a sustentar as decisões, por isso a Região não se pode afastar desse caminho. Já foi aqui aflorada a necessidade de uma fundação Antero de Quental, eu próprio já chamei à atenção para a criação de um centro de estudos autonómicos (Aristides Moreira da Mota) qualquer um deles poderia estar ligado à Assembleia Legislativa, mas os partidos na Região também têm esse tipo de obrigações e devem criar centros ou grupos de estudo que os sustentem nas sua tomadas de posição. Mas enquanto nada disso avança olhemos para o que temos e tentemos tirar o melhor proveito. Um blogarquipélago que ainda procura mais as razões para a sua existência e menos a exploração das suas potencialidades. Vejamos se algum dia será possível fazer alguma página (ver Project Sindicate) em que se pudessem reunir algumas cabeças pensantes da praça e especialmente no estrangeiro (não os opinon makers de «vão de escada») para o verdadeiro escrutínio e divulgação de pensamento. Por outro lado, temos alguns institutos e associações de peso e nomeada (IHIT, ICPDL, NCHorta, a UA, o Fórum Açoriano) mas não se percebe porque ainda funcionam como verdadeiras sociedades secretas em matéria de proposituras públicas (honrosa excepção ao IAC). Dizem-me que os tempos mudam, mas as vontades…

3 comentários:

carlos disse...

...bravíssimo, caro Guilherme.
"Petições" dessas assino eu e folgo muito em saber que não sou o único a estranhar a ausência de Think Tanks em Portugal e, por maioria de razão geográfica, nos Açores.
Isto de, entre nós, a Geografia não ser sexy, é realmente uma grande maçada.

Pedro Arruda disse...

Meu Caro
tu próprio deste a resposta à tua pergunta: não há dinheiro para pagar a independência necessária a um Think Tank, ou então teremos que criar grupos de trabalho com prazo de validade de 4 anos. Quanto ao papel do blogoarquipélago acho que estás a ser um pouco redutor, ao longo destes quase três anos muito e bem se tem discutido sobre o passado, o presente e o futuro da região, mas é só a minha opinião.
abraços

Anónimo disse...

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