Diário Insular – Garantiu que se chegar a Belém quer ser uma ponte de diálogo entre o arquipélago e Lisboa. De que forma o poderá ser?
Mário Soares – Quero ser uma ponte não só com os Açores, mas com as regiões autónomas. Isso é uma competência do Presidente da República: estimular o diálogo, resolver os problemas que se põem, evitar as tensões - são tarefas do Chefe de Estado. O Presidente da República exerce aquilo que, em Ciência Política, se chama o Poder Moderador. Esse é, a meu ver, o poder essencial de um Presidente da República e é com base nele que pretendo ser essa ponte de diálogo (...)
DI – Qual é, na sua opinião, o limite para o crescimento das Autonomias?
MS – O limite último seria a independência, até porque defendo a auto-determinação dos povos. Contudo, tenho a certeza que os açorianos têm todo o interesse em ser europeus e são-no porque são também portugueses. Os açorianos querem manter uma boa relação com Portugal, até porque são tão portugueses como os melhores do nosso País (...)
DI – O movimento das regiões, que se manifesta um pouco por todo o mundo, deixa-nos certas expectativas no sentido de a Região poder vir a ser sujeito no manejo e na defesa dos seus próprios interesses. Acha que Lisboa aceitaria uma situação dessas?
MS – Depende de como as coisas se fazem ou como as coisas se negoceiam. É sempre possível encontrar uma maneira consensual de resolver os problemas. Os senhores têm progredido imenso com a Autonomia. A Autonomia não podia ser feita sem o 25 de Abril e sem Democracia. E, por isso, uma forma de aprofundar a Autonomia é aprofundar a Democracia.
DI – Mas não lhe faz nenhuma confusão que a Região venha a ser sujeito na defesa dos seus direitos e interesses junto de instâncias comunitárias ou mesmo junto de outros Estados?
MS – Mas isso já existe…
DI – Sim, mas sempre com a intermediação do Estado português…
MS – É evidente. Acho que não querem o estatuto de Estado federal, nem querem ser independentes! Ou querem?... Se os açorianos quiserem ser independentes, não há nada que possa evitar isso. Não era, com certeza, por via militar que nós iríamos evitar isso. Essa participação na defesa dos interesses tem de ser algo sempre negociado com bom senso. Acho que, nesta matéria, as pessoas podem sempre entender-se conversando, não é criando fantasmas (...)
DI – Nos Açores, tem-se falado muito na necessidade de rever o Acordo de Cooperação e Defesa entre Portugal e os Estados Unidos, vulgo Acordo das Lajes, sobretudo na sua vertente dos rendimentos para os Açores e nas questões laborais. Primeiro, gostávamos de saber se é sensível a esta questão. E, segundo, se chegar a Belém poderá tomar alguma iniciativa com vista à revisão do Acordo das Lajes?
MS – Sou absolutamente sensível a esse problema. Acho que os Açores têm de tirar mais proveito do que tiraram até aqui dessa presença no seu território. Não penso que, no futuro, a Base das Lajes encerre, até porque a situação geo-política do mundo a tornou mais importante. E isso pressupõe que possam haver negociações amigáveis com os Estados Unidos no sentido de se rever o Acordo das Lajes…
DI – Promoverá esse diálogo se for Presidente da República?
MS – Sem dúvida. Embora essa questão do diálogo e da revisão passe, em primeiro lugar, pela vontade do Governo da República e, em segundo lugar, pela vontade do Governo Regional. Se eu tiver o acordo dos dois governos nessa matéria, com certeza que promoveria essa acção (...).
Mário Soares – Quero ser uma ponte não só com os Açores, mas com as regiões autónomas. Isso é uma competência do Presidente da República: estimular o diálogo, resolver os problemas que se põem, evitar as tensões - são tarefas do Chefe de Estado. O Presidente da República exerce aquilo que, em Ciência Política, se chama o Poder Moderador. Esse é, a meu ver, o poder essencial de um Presidente da República e é com base nele que pretendo ser essa ponte de diálogo (...)
DI – Qual é, na sua opinião, o limite para o crescimento das Autonomias?
MS – O limite último seria a independência, até porque defendo a auto-determinação dos povos. Contudo, tenho a certeza que os açorianos têm todo o interesse em ser europeus e são-no porque são também portugueses. Os açorianos querem manter uma boa relação com Portugal, até porque são tão portugueses como os melhores do nosso País (...)
DI – O movimento das regiões, que se manifesta um pouco por todo o mundo, deixa-nos certas expectativas no sentido de a Região poder vir a ser sujeito no manejo e na defesa dos seus próprios interesses. Acha que Lisboa aceitaria uma situação dessas?
MS – Depende de como as coisas se fazem ou como as coisas se negoceiam. É sempre possível encontrar uma maneira consensual de resolver os problemas. Os senhores têm progredido imenso com a Autonomia. A Autonomia não podia ser feita sem o 25 de Abril e sem Democracia. E, por isso, uma forma de aprofundar a Autonomia é aprofundar a Democracia.
DI – Mas não lhe faz nenhuma confusão que a Região venha a ser sujeito na defesa dos seus direitos e interesses junto de instâncias comunitárias ou mesmo junto de outros Estados?
MS – Mas isso já existe…
DI – Sim, mas sempre com a intermediação do Estado português…
MS – É evidente. Acho que não querem o estatuto de Estado federal, nem querem ser independentes! Ou querem?... Se os açorianos quiserem ser independentes, não há nada que possa evitar isso. Não era, com certeza, por via militar que nós iríamos evitar isso. Essa participação na defesa dos interesses tem de ser algo sempre negociado com bom senso. Acho que, nesta matéria, as pessoas podem sempre entender-se conversando, não é criando fantasmas (...)
DI – Nos Açores, tem-se falado muito na necessidade de rever o Acordo de Cooperação e Defesa entre Portugal e os Estados Unidos, vulgo Acordo das Lajes, sobretudo na sua vertente dos rendimentos para os Açores e nas questões laborais. Primeiro, gostávamos de saber se é sensível a esta questão. E, segundo, se chegar a Belém poderá tomar alguma iniciativa com vista à revisão do Acordo das Lajes?
MS – Sou absolutamente sensível a esse problema. Acho que os Açores têm de tirar mais proveito do que tiraram até aqui dessa presença no seu território. Não penso que, no futuro, a Base das Lajes encerre, até porque a situação geo-política do mundo a tornou mais importante. E isso pressupõe que possam haver negociações amigáveis com os Estados Unidos no sentido de se rever o Acordo das Lajes…
DI – Promoverá esse diálogo se for Presidente da República?
MS – Sem dúvida. Embora essa questão do diálogo e da revisão passe, em primeiro lugar, pela vontade do Governo da República e, em segundo lugar, pela vontade do Governo Regional. Se eu tiver o acordo dos dois governos nessa matéria, com certeza que promoveria essa acção (...).
Um Presidente que fale com e sobre os Açores.
A Autonomia não tem tabús nem cor política.
Dia 22 voto Mário Soares!
10 comentários:
Há que reconhecer que foi o único que não se limitou a dizer banalidades sobre a Autonomia.
E dar algum crédito às perguntas do Rui Messias! A provar que o futuro do jornalismo nos Açores tb passa por ele!
Esta não foi a primeira vez que MS falou desta forma sobre a IndepenDência dos Açores. Aliás, nos anos setenta, dizia-se frequentemente que haveria de ser MS a "dar" a Independência aos Açores.
O problema é outro; MS "desdiz" com a mesma facilidade com que diz!
O seu regresso à vida política activa é apemas o mais recente exemplo disso mesmo.
Eu, pessoalmente, prefiro dificuldades reais (e leais), do que facilidades aparentes!
Caro João,
Compreendo as reservas, mas vou tentar ser claro nos propósitos.
A mim não me interessa se o Sr. Soares não nos deu ou vai dar a independência, o que me importa agora sublinhar é que este Senhor candidato a Presidente da República tem um discurso, na substância e na forma, que abre vias para um debate que muitos ditos autonomistas e/ou independentistas ainda não foram capazes de fazer.
Talvez por nunca se ter falado de muita coisa de peito aberto é que tudo isto pode parecer indiferente para um povo açoriano que não está, por ora, sequer apto a institucionalizar o 2 de março nem a interpretar consensualmente o 6 de Junho...mas isto é só a minha opinião.
Abraço
Uma opinião?
Eu diria uma ENORME, e muito profunda, opinião..., que, sem nenhum tipo de reservas, subscrevo por inteiro!
Mas a questão, como referi, é outra; a enorme diferença que MS apresenta entre o discurso (fácil)e a prática (muito dirigida), por vezes, entando em claras contradições.
1 Abraço
Mário Soares disse sempre presente nos momentos difícies, calcorreando caminhos nem sempre lineares, mas a verdade é que caminhando fez caminho.
A sua oportuna posição sobre o Iraque, tão criticada pela nossa "inteligência" intelectual, só por si merece que lhe confie agora o meu voto.
Nunca votei em MS, esta vai ser a primeira e, devo dizer, que só não participei nas primeiras eleições para a constituinte, por não ter idade para o efeito.
Muitas vezes critiquei Soares, e continuarei a criticar, quando tal se mostrar necessário.
Anota-se sempre o que dizem os candidatos presidenciais sobre as autonomias. Concordo, porque já o escrevi diversas vezes, que o limite para a evolução das autonomias regionais é a unidade do Estado e, nessa medida, só posso saudar a posição dum candidato que o defenda com clareza. Nada mais.
Quanto ao resto, não voto em Mário Soares, por um conjunto de razões, algumas das quais estão postadas hoje no anjo do mundo.
Pedro Gomes
Caro Pedro
o teu arrazoado no AO de hoje pode justificar o Pedro Gomes cidadão mas não justifica a contradição histórica do apoio da direcção do PSD/A a Cavaco Silva. O sr. Silva não mudou, quem mudou foi o PSD/A que por um punhado de votos se dispõe a alienar o seu passado mais coerente! Afinal, no vosso projecto social global o que é que vos vai restar?
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