quarta-feira, outubro 20

CHÁ QUENTE #8


O Filho do Homem, René Magritte
Criticar as pessoas que exercem funções políticas é uma constante bem nossa. Mas também não é menos certo que demasiadas cabeças que nos governam estão vazias, a dar as últimas em termos de coragem, de ideias. Demasiados debates pomposos, demasiadas promessas quebradas, demasiadas tentativas falhadas levaram-nos ao fatalismo. O tempo actual gerou a sua classe superior, uma nobreza cultural-económica-política-mediática que partilha entre si o poder e a glória. Não refaz o mundo, mas cada um faz o seu número. Não debate, conversa. Não combate, ridiculariza. Os líderes transformam-se em fantoches da informação e fazem fantochadas, mas não informação.
Que fazer? Não se pode encarcerar simplesmente ministros, secretários, presidentes de câmara, deputados nas primeiras páginas dos jornais e esperar que o povo de quatro em quatro anos resolva. A questão já não é política mas sim cívica. Caberá aos cidadãos a lucidez na avaliação constante e diária das suas elites. Que esperar dos novos líderes?
Audácia: é necessário que o chefe defina um caminho que saia das vias estafadas, roçando a utopia e fugindo dos estereótipos deformados tipo «sociedade justa e solidária» ou «economia forte e competitiva». O mundo está em movimento, é preciso por os neurónios em movimento; as palavras, as ideias, os objectivos devem ser virgens.
Ética: o declínio moral é tal que o empenhamento só será entendido numa transparência e numa interacção totais.
Interactividade: a troca dialéctica permanente será o motor do movimento. Para os paquidermes cheios de palavras que acreditam que nos governam, o cemitério de elefantes está aberto. O populismo morrerá, sendo substituído pela cidadania.
Paixão: a humanidade substituirá o humanismo. Acabou o paternalismo de urinol público que viu uma geração de dirigentes brincar sucessivamente ao Pai Natal sem um grama de sentimento. Será a vez da autenticidade, do natural, do empenhamento.

(O Chá Verde inspirou-se no «O Futuro tem Futuro» de Jacques Séguéla, para escrever estas linhas, após ter caído do sofá ao ouvir isto)

4 comentários:

gm disse...

Optimista por natureza, céptico por formação...ahah

Anónimo disse...

Já agora, como há falta de juízes, por os professores a fazer de juízes ou a assessorar o Ministério da Educação a fazer, a tempo e horas, os concursos de professores.
O que vale é que o PM amamhã ou depois já estará a dizer o contrário do que disse, contrariando que disse e o que disse e dizendo que não há qualquer contradição.
JOEANOLINO

Ana F. Afonso disse...

Nos tribunais não sei bem o que os professores iriam fazer, mas que uma só professora no CEJ causou um temporal, causou...
Matéria para contra-post ;-)

gm disse...

Cá pelo continente tem estado mesmo muito mau tempo... Ele é chuvadas, ele é ventos fortes, o que tem causado muitos estragos... Outro(a)(s) causariam mais estragos ao que já está estragado, daí a tempestade preventiva... Digo eu... JOEANOLINO