terça-feira, outubro 19
PURO PRAZER #10
Le bain turc, Jean-August-Dominic Ingres
O REGRESSO DE ULISSES
O HOMEM É UMA MULHER QUE EM VEZ DE TER UMA CONA TEM UMA PIÇA, O QUE EM NADA PREJUDICA O NORMAL ANDAMENTO DAS COISAS E ACRESCENTA UM TIC DELICIOSO À DIVERSIDADE DA ESPÉCIE. MAS O HOMEM É UMA MULHER QUE NUNCA SE COMPORTOU COMO MULHER, E QUIS DIFERENCIAR-SE, FAZER CHIC, NÃO CONSEGUINDO COM ISSO SENÃO PRODUZIR MONSTRUOSIDADES COMO ESTA FAMOSA «CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL» SOB A QUAL SUFOCAMOS MAS QUE, FELIZMENTE, VAI DESAPARECER EM BREVE.
PELO CONTRÁRIO, A MULHER, QUE É UM HOMEM, SOUBE SEMPRE GUARDAR AS DISTÂNCIAS E NUNCA PRETENDEU SUBSTITUIR-SE À VIDA SISTEMATIZANDO PUERILIDADES, COMO FILOSOFIA, AVIAÇÃO, CIÊNCIA, MÚSICA (SINFÓNICA), GUERRAS, ETC. ALGUNS PEDANTES QUE SE TOMAM POR LIBERTADORES DIZEM-NA «ESCRAVA DO HOMEM» E ELA RI ÀS ESCÂNCARAS, COM A SUA CONA, QUE É UM HOMEM.
DESDE O INÍCIO DOS TEMPOS, ANTES DA ROBOTSTÓNICA GREGA, OS ÚNICOS HOMENS-HOMENS QUE APARECERAM FORAM OS HOMENS-MEDICINA, OS HOMENS-XAMAS (HOMOSSEXUAIS ARQUIMULHERES). ESSES E AS AMAZONAS (SUPER-MULHERES-HOMENS). MAS UNS E OUTRAS ERAM DEMAIS. E DESDE O INÍCIO DOS TEMPOS QUE PENÉLOPE ESPERA O REGRESSO DE ULISSES. MAS O REGRESSO DE ULISSES É O HOMEM QUE É UMA MULHER E A MULHER QUE É UMA MULHER QUE É UM HOMEM.
Mário de Cesariny, in Pena Capital, Ed. Assírio & Alvim, 1999
(este post, em jeito de contra-post, é dedicado a todas as Penélopes do Reino, e às seis eleitas para a Assembleia Legislativa em particular, na esperança que o sr. César concorde com isto)
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5 comentários:
Confesso que, com a "ameaça" espreitei antes do tempo, ainda só estava a imagem e o texto final.
Faltava a citação e o título (que suspeitei vir a ser da rúbrica Puro Prazer).
Gostei do todo, sim senhor.
Sem machismos e feminismos, Homem é Homem e Mulher é Mulher e há diferenças evidentes. Contudo, o que domina é a mentalidade machista pelo que considero que não é feminismo defender medidas discriminatórias positivas (já escrevi sobre isso em 2 Junho).
As quotas são uma dessas medidas, por vezes polémicas e nem sempre boa solução (como no caso da entrada nas faculdades de medicina), mas que para a mudança de mentalidades podem ajudar (como pode vir a verificar-se com as quotas para o preenchimento de lugares em listas de deputados ou em lugares de governação).
Desde que para o preenchimento de lugares, dentro ou fora das quotas, prevaleça o bom senso do critério do mérito, não acho mal.
Exactamente, vamos lá abrir mais uma brecha na «mentalidade» de que falou há dias!É mais uma expectativa...(se calhar começam a ser muitas)
Obrigado pela visita!
Pertinente e muito oportuno "contra-post"!
Um abraço, Francisco.
Primeiro, engoli em seco. Depois, sorri. Depois, senti-me desconfortável na cadeira e, por fim, disse: quando este gajo não tem razão?!
Cesariny é um maior e está vivo e o país ignora-o como a todos os maiores.
(este é um dos meus poemas preferidos ainda bem que gostaram)
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