segunda-feira, setembro 29

CHÁ QUENTE #395

Curiosidades: Faltam 19 dias para as eleições regionais, e tenho a certeza, pelo que vou escutando e lendo, que a maioria dos açorianos, e, muito possivelmente, dos Senhores candidatos a Deputados, desconhece, totalmente, o modo de apuramento dos 5 mandatos que integram o novo círculo regional de compensação. É triste, mas é a verdade. Tal como é verdade lembrar que ninguém, nos últimos 4 anos, se deu ao trabalho de lhes explicar essa fórmula. Fica aqui o meu contributo:

1- Soma-se o número total de votos obtidos pelas forças políticas concorrentes aos 9 círculos de ilha;
2- Aplica-se o método de Hondt a cada um dos totais obtidos;
3- Dos quocientes assim apurados, são eliminados, para cada partido, tantos quantos os mandatos já atribuídos no conjunto dos círculos de ilhas;
4- São atribuídos os 5 mandatos do círculo de compensação aos maiores quocientes, depois de feita aquela eliminação.

Quem precisar de "desenhos", para perceber melhor, pode vir aqui que está tudo muito bem explicado.

6 comentários:

Tibério Dinis disse...

De facto o CNE faz um excelente trabalho ao explicar, o exemplo prático das últimas regionais demonstra aquilo que ninguém quer ver, o circulo de compensação não só desfavorece os pequenos partidos como favorece a criação de maiorias - quiça absolutas...

Bom post, como sempre

Nuno Barata disse...

Eu, graças ao Guilherme que me explicou isto há algum tempo, já fiz essas contas várias vezes e olha que não é sempre como tu dizes Tibério. Se aplicares a fórmula ao resultado de 2000, verás que o PS não metia um único pelo circulo de compensação.
Com este sistema, 1700 votos são suficientes para meter um deputado.

gm disse...

Caro Tibério, parece-me que está a ser precipitado na análise, ora veja:
a) O Circulo Regional de Compensação (CRC), foi pensado tendo como objectivo primeiro colmatar a distorção na proporcionalidade entre votos e mandatos que sempre caracterizou o sistema eleitoral açoriano;
b) Isto é, o objectivo não foi favorecer qualquer partido em particular mas todos os partidos cujos mandatos não correspondessem ao respectivo número de votos. Desta maneira reforçar-se-ia a legitimidade democrática dos resultados saídos do acto eleitoral
c) Assim se, por exemplo, já houvesse o CRC, em 1996, o ps não teria o mesmo número de mandatos que o psd (24), apesar de ter mais 5000 votos (teria +3, e o CRC atribuiria ao cds +1 e ao pcp +1), ou, já em 2000, ao ps não seria atribuído qualquer mandato no CRC sendo os mandatos repartidos por cds (3) e psd (2);
d) Além disso, o que o Tibério nunca poderá também dizer é que os pequenos partidos saem prejudicados quando o CRC trouxe-lhes um maior potencial de eleição de representantes. Este é o segundo mérito do CRC: potenciar a multi-representatividade.
e)Mas uma coisa é potenciar essa representatividade, pois como diz o Nuno Barata, eventualmente, com 1700 votos, qualquer força partidária poderá, dia 19, obter 1 deputado (em 2000 o 57.º Deputado seria eleito com 1600 votos mas em 1996 já seriam necessários 1900), outra coisa é esperar que pelo simples facto de se candidatarem os pequenos partidos já têm direito a um assento;
f) O CRC tem uma terceira vantagem, obriga à representatividade regional dos partidos concorrentes. E tanto assim é que pela 1.ª vez a Região tem 7 forças partidárias a concorrer a todos os círculos.

Caro Tibério, tal como escrevi a semana passada, aos pequenos partidos é-lhes oferecida, de mão beijada, uma oportunidade de ouro mas todos terão, obviamente, que a agarrar.
Esta será uma das maiores incógnitas de dia 19 à noitinha ;)

Cumprimentos

Tibério Dinis disse...

Bem excelente explicação.

Tentei ler umas coisas no CNE, mas não encontrei bem ou não percebi.
Várias alineas que estava totalmente errado.

Já agora duas dúvidas que persistem em relação a um hipotético quadro:
- Ao grupo de partidos que não conseguir eleger pelo circulo ilhas só terão hipótesse de eleger dois deputados pelo circulo de compensação? Fiz uma contas, mas acho que falhei, porque os cenários não são tão animadores como os pequenos partidos fazem querer, porque mesmo assim é díficil eleger é um verdadeiro tiro no escuro.

Cumprimentos e obrigado.

gm disse...

Em potência os 5 mandatos do CRC podem ser distribuídos por qualquer força partidária que não consiga eleger pelos círculos de ilha, desde que, naturalmente, obtenham o número de votos suficientes.
Daí a incógnita, porque à votação que terão os pequenos partidos há a somar o impacto da abstenção.
Por ex: em 2004 a abstenção foi de 44% e o 57.º seria eleito com cerca de 1770, em 2000 foi de 47% e o 57.º seria eleito com cerca de1600 mas em 1996 foi de 40% e o 57.º só seria eleito com cerca de 1920.
Não dá para muitas futurologias, mas, se se mantiver o trend das últimas 3 eleições, cds e pcp, não elegendo deputados nos círculos de ilha, deverão eleger no CRC

Anónimo disse...

Eu já disse aqui que o PS vai perder.

E andam estes teóricos a elaborarem teorias de "matemática à portuguesa"...