
Nunca tive grande fé que a menção "Povo Açoriano" passasse imaculada no crivo dos zelotas da Assembleia da República. Todas a revisões constitucionais e estatutárias representam um Tempo, ainda que muitas não respeitem o seu Tempo e poucas o Tempo que há-de vir. A revisão estatutária de 2008 representa o Tempo que devia ter sido, o da revisão de 1998, uma revisão sem Tempo e por isso sem História. Assim, os méritos desta revisão são os méritos de um futuro que é passado. Excepto na função legislativa, que decorre directamente da revisão constitucional de 2004, a maioria das soluções propostas teria validade em 1998. E se assim tivesse sido, hoje, o Tempo do "Povo Açoriano" seria, certamente, outro. A tristeza da constatação, não tolhe a esperança e vontade de que os méritos de um futuro que será presente chegue a seu Tempo, pelas mãos dos que amam a sua terra, mais do que a sua carreira, não desistem nem se comprometem. Tem sido assim, o Tempo deste "Povo Açoriano". Eis que, contrariamente ao que alguns possam esperar, esteja a olhar para a
recente celeuma com o desprendimento suficiente para procurar resolver as únicas duas questões que, neste Tempo, me parecem relevantes:
a) Haverá legitimidade política e institucional para a Assembleia da República fazer alterações à Proposta de Estatuto Político-Administrativo enviada pela Assembleia Legislativa da Região, sem fundamentação constitucional?
b) Estão os órgãos de governo próprio conscientes e estruturados para executar, cabalmente, o paradigma Estatutário que em breve será aprovado?
Uma resposta negativa às duas perguntas poderá implicar a consciência de que politicamente vivemos o
Tempo de 1986, estruturalmente vivemos um Tempo anterior a 1998.
PS. a talho de foice, e para memória futura:
pobo galego,
pueblo catalán,
pueblo canario,
pueblo de las provincias valencianas,
pueblo andaluz,
pueblo aragonés,
pueblo extremeño,
pobles de les Illes,
pueblo navarro, etc... Povo Açoriano, uma questão de Tempo.
5 comentários:
Concordo inteiramente com a sua argumentação.
Sobre esta polémica pode ler uma crónica de Judite Jorge em
http://fiatluxcarpediem.blogspot.com
Ah "Ganda " Guilherme!-há um povo açoriano e , quem não sabe ( não se sente...
Há sim um povo açoriano. E depois?
Depois- viva a república!
Um território, Uma Cultura; Um Povo.... onde está a duvida? - Viva os Açores Livres
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