quinta-feira, janeiro 31

CHÁ QUENTE #343


Aniversários que nos fazem pensar - 1 de Fevereiro de 1908 - 2008. No centenário do assassinato de D. Carlos I e seu filho, D. Luiz Filipe, pergunto-me se terá sido D. Carlos o último estadista português? Político, Diplomata e Oceanógrafo, no início da sua vida adulta, D. Carlos empreendeu uma prolongada viagem de estudo pela Europa, onde alargou horizontes e estabeleceu importantes contactos e sólidas amizades, base que lhe permitiu executar, durante o seu reinado, uma política diplomática com estratégia clara. Muito próximo dos "Vencidos da Vida" (de Eça de Queiroz, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, Carlos Lobo de Ávila, ou Bernardo Pindela), partilhou muitas das preocupações deste grupo que, a nível político, defendia o saneamento das contas públicas, as preocupações sociais, e a moralização da vida pública como prioridades. Este homem liberal (entenda-se aqui liberal como tolerante e aberto), que manteve, sempre, as suas preocupações sociais, teria, certamente, lugar no Portugal de hoje. Por esta figura ser, ainda, tão mal conhecida, foi criada a “Comissão Dom Carlos 100 anos”. Desde 2008 até 2013, ano do 150º aniversário do seu nascimento, essa Comissão irá apoiar eventos que lembrem a sua obra.

2 comentários:

Anónimo disse...

Excelente divulgação da vida e obra de um Rei de Portugal assassinado pela turba "carbonária" que, como se sabe, atirou Portugal para o descalabro da I Republica.
JNAS

O Exilado disse...

Acho que tem havido uma confusão entre o rei D. Carlos e o homem que era sem a coroa.
Se como homem poderia ser considerado exemplar a verdade é que como rei a sua actuação deixou muito a desejar.
De facto não só se alheou das principais questões que afectavam o país como apoiou a ascensão ao poder de um governo não democrático: face à crescente agitação social, os progressistas retiram o apoio parlamentar ao governo e os ministros progressistas demitem-se retirando a base do poder do governo.
Em 2 de Maio de 1907, com o apoio declarado do Rei, João Franco, então presidente do conselho, passa a governar com as Cortes dissolvidas, numa situação de efectiva ditadura autoritária e repressiva.
Não esquecer também que foi também o seu apoio que permitiu a sangrenta repressão dos revoltosos do Porto em 1891, motivada mais do que a inépcia da monarquia face ao ultimato britânico, pelo servilismo da coroa portuguesa. Houve o banho de sangue que, segundo os jornais da época fizeram da Rua de Santos António (hoje, rua 31 de Janeiro) um rio de sangue, assassinando muitos revoltosos, mas sobretudo populares, mulheres e crianças.
Depois, sempre com o apoio declarado e assumido da coroa vieram as perseguições, as prisões, as deportações. Mas em 31 de Janeiro de 1891, no Porto e no país houve também uma manhã de esperança. Não bastaram as armas da polícia municipal, foi também precisa a traição para derrotar a coragem e o voluntarismo das forças revolucionárias, as únicas verdadeiras armas da revolta.
ED - (Republicano sem sombra para dúvidas)