"...permitam-me que pergunte: será legítimo que o colaborador de um determinado título, pelo facto de não ser pago profissionalmente pelo trabalho que envia regularmente, utilize o espaço público que lhe é cedido em benefício próprio ou daqueles a que(m) presta vassalagem!?"
Colaboradores e outros que nem por isso, por Alexandre Pascoal no Açoriano Oriental de hoje.
Permite-me uma resposta, Caro Alexandre: Legítimo é porque, usualmente, a colaboração não está sujeita a qualquer linha editorial, sabendo-se, igualmente, que certos convites são feitos, precisamente, a contar com o benefício e a vassalagem. Não deixa de ser, contudo, profundamente reprovável do ponto de vista ético e um dos papéis dos blogues será, necessariamente, apontar o dedo. Lanço nova pergunta: Qual o papel do Director do título nessas situações?
Adenda [18.00]
"Seria importante que a imprensa fosse transparente e dissesse quantos e quais dos seus cronistas habituais é pago pelo jornal pelas suas opiniões" Pedro Arruda nos comentários
Colaboradores e outros que nem por isso, por Alexandre Pascoal no Açoriano Oriental de hoje.
Permite-me uma resposta, Caro Alexandre: Legítimo é porque, usualmente, a colaboração não está sujeita a qualquer linha editorial, sabendo-se, igualmente, que certos convites são feitos, precisamente, a contar com o benefício e a vassalagem. Não deixa de ser, contudo, profundamente reprovável do ponto de vista ético e um dos papéis dos blogues será, necessariamente, apontar o dedo. Lanço nova pergunta: Qual o papel do Director do título nessas situações?
Adenda [18.00]
"Seria importante que a imprensa fosse transparente e dissesse quantos e quais dos seus cronistas habituais é pago pelo jornal pelas suas opiniões" Pedro Arruda nos comentários
9 comentários:
Caro Guilherme,
o problema não me parece centrado na linha editorial das publicações. o problema, visível nos jornais do arquipélago, é que os convites, por norma, têm muito pouco a ver com a capacidade intelectual de quem escreve, tentando abarcar apenas a área política (ou melhor, o partido) em que o autor se insere.
na prática, não se convida alguém por aquilo que ela pode vir a dizer, mas sim para cumprir uma quota partidária.
é precisamente por isso que a maioria dessas colunas tem o valor que tem: zero.
aliás, podemos questionar o próprio autor das linhas que citas: já alguma vez leste algum elogio do alexandre a uma actividade que se tenha desenrolado no coliseu de ponta delgada?
a minha opinião sobre este assunto já é por demais conhecida, não devia haver cronistas regulares sem ser pagos, nem que seja mal pagos...
o que é lamentável nesta situação de logro que se vive nos Açores é que são publicadas inumeras crónicas sem qualquer transparencia sobre a situação dos autores perante o Jornal e os leitores
há aqui dois tipos de actos censuráveis, primeiro de quem escreve para consigo próprio, porque se é para escrever de graça escreva num blogue, por exemplo, depois do Jornal que ao aceitar cronistas borlistas não acautela a independencia dos mesmos perante os poderes instituidos, mas enfim parece que ninguém quer saber e lá vamos cantando e rindo...
seria importante que a imprensa fosse transparente e dissesse quantos e quais dos seus cronistas habituais é pago pelo jornal pelas suas opiniões
por exemplo na última página do Açoriano Oriental quantos são pagos pelas suas crónicas?
Meus caros,
Se um jornal acautelar a independência de um qualquer cronista, relativamente aos poderes instituídos, não estará a privar a liberdade de expressão daqueles que, por exemplo, defendam o seu partido?
Não creio que se trate de uma questão de "pseudo-independência" mas sim de escolha de quem escreva com seriedade e pensamento.
Júlio Morais
Caro Pedro, haveremos de discordar sempre nesta matéria. Escrever pro bono é um acto de liberdade e de cidadania. Escrever num blogue não é o mesmo que escrever num jornal quanto ao público alvo.
Caro Júlio Morais, não acha que um jornal deve indicar que convidou fulano de tal para escrever para ter representada a opinião do partido nas suas páginas?
sejamos bem claros, o problema aqui não está na filiação partidária, ideológica, emocional ou clubística de cada cronista, nem sequer me passa pela cabeça que qualquer orgão de comunicação deva fiscalizar os seus cronistas por identidade...
para além de que a questão da liberdade de expressão não se coloca na defesa ou não de um partido
eu defendo que os cronistas devem ser transparentes nas suas filiações e nas suas opiniões, é um dever destes e dos OCS para com o público
o ponto fulcral na questão da remuneração é que se um determinado cronista não é pago pelo jornal para emitir regularmente uma opinião, e só quem já o fez é que sabe o trabalho que dá, então há de certeza outros interesses que o levam a fazê-lo
eu sou socialista, filiado até, muitas vezes defendo o partido, outras vezes não, muitas vezes fui muito crítico do partido, mas fui pago para fazer opinião e fui sempre honesto com a minha consciência e com o público na forma e nas razões que me levavam a fazê-lo
só o pior dos narcísicos ou dos hipócritas se coloca regular e conscientemente na praça pública sem preservar uma plataforma clara de actuação, caso contrário somos todos livres de especular sobre as reais motivações dessa mesma actuação
quanto ao pro bono, meu Caro Guilherme é uma questão complexa e que só pode ser avalidad pelo percurso e temáticas de cada cronista
o teu caso, por exemplo, em que tratas assuntos generalistas de um ponto de vista ideológico, sem dúvida, mas sem um pendor partidário e político expresso é uma excepção, tal como Henrique Aguiar Oliveira Rodrigues (que é meu tio) e outros reformados estudiosos que publicam os seus trabalhos de análise arquivística apenas por "amor à causa"
mas diz-me se o Reis Leite, o Nuno Tomé, o Pedro Gomes, o Decq Mota, o Tomas Dentinho, o Anibal Pires, a Patrão Neves, o Melo Bento, a Claudia Cardoso, a Carla Bretão, o João Nuno Almeida e Sousa, a Piedade Lalanda e a lista podia ir por aí a fora... diz-me se achas que eles todos o fazem pelas mesmas razões que tu? ou melhor o que eu queria era que cada uma destas pessoas ou os seus editores dissessem aos leitores porque é que eles escrevem regularmente na imprensa e a troco do quê, por "amor à causa" tenho a certeza que não é.
só uma última nota, quando da minha colaboração com a RTP-A recebia por programa a módica quantia de 150€ e sempre fiz saber que achava que era pouco.
um abraço
...Guilherme, o critério editorial está implicito no convite que é efectuado. Não disse que se deva restringir a liberdade de quem opina. O problema estará no limbo ou na ausência de vinculo com o titulo. Ah, e elogios Nuno...só a quem realmente os merece!
Este debate interessa-me muito mas com tempo, para poder ser relativamente profundo.
Pedro, "só o pior dos narcísicos ou dos hipócritas se coloca regular e conscientemente na praça pública sem preservar uma plataforma clara de actuação, caso contrário somos todos livres de especular sobre as reais motivações dessa mesma actuação"?
Bom, acrescentaria os ingénuos. Mas todos eles estarão sujeitos, por mais que queiram, à "especulação sobre as reais motivações dessa mesma actuação". Mas, apesar disso, e também por isso, deve haver um esforço dos títulos e dos próprios para minorar esse factor inerente à exposição pública.
Alexandre, talvez o problema esteja no implicito em vez do explícito. Ainda ninguém me convenceu que um título da Região perde em dizer preto no branco estas colunas estão reservadas aos partidos intervenientes. Ou a partir de hoje contamos com fulano de tal pelas razões seguintes...
Mas este não é um problema regional é tradição nacional deixar andar ao sabor do limbo e das conveniências, infelizmente!
Pergunta o Pedro : "o que eu queria era que cada uma destas pessoas ou os seus editores dissessem aos leitores porque é que eles escrevem regularmente na imprensa e a troco do quê, por "amor à causa" tenho a certeza que não é." Pela parte que me toca eu respondo : Porque fui convidado e aceitei ! Pergunta ao Nuno Mendes que explique se não foi assim no Jornal dos Açores. No resto, acho de uma tremenda desonestidade intelectual a presunção subliminar de que os partidos são donos da consciência das pessoas, mesmo daquelas que neles são filiadas.
JNAS
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