sexta-feira, julho 28

CHÁ QUENTE #212

Não me estando a ser nada fácil digerir as palavras do MNE na Assembleia da República. Tendo-as ouvido de passagem no Canal1, ainda não as pude confirmar em nenhum outro OCS, penso que não andarei longe da verdade se disser que a tese explanada foi a de que não o Sr MNE não acredita na diplomacia internacional sem uma força militar que a sustente (e a Noruega?).
Mas, talvez esse desabrido comentário (lá caiu por terra a importância estratégica da CPLP e da língua lusa) se deva à humilhação que a UE sofreu hoje «Israel garante que Conferência de Roma lhe deu "uma autorização para continuar" ataques no Líbano»
A conferência internacional sobre o Líbano, que ontem decorreu em Roma, falhou um acordo sobre o cessar-fogo imediato no conflito israelo-libanês, por causa de entreves colocados pelos Estados Unidos face às pressões colocadas pelos outros países participantes , nomeadamente a França.
Ou ao bloqueio diplomático que se deu na ONU «Falta de consenso en la ONU» La pasada madrugada, los 15 miembros del Consejo de Seguridad de la ONU pasaron horas discutiendo qué escribir en un papel sobre la muerte de sus cuatro cascos azules en Líbano.
Entretanto numa ronda pela imprensa internacional dou de caras com John Berger, Noam Chomsky, Harold Pinter et José Saramago « C'est Israël le vrai responsable»
Chaque provocation et contre-provocation est montée en épingle et donne lieu à des leçons de morale. Mais les débats qui en résultent, les accusations et les serments ne servent qu'à détourner l'attention du monde d'une pratique militaire, économique et géographique à long terme dont l'objectif politique n'est rien moins que la liquidation de la nation palestinienne.
Nada de novo, e não interessando, aqui, encontrar culpados sigo para o The Ethics of war - Mind those proportions
In the end, some philosophers think, debate about the ethics of war will have to reintegrate two ancient questions—about the right to go to war, and the methods that may be used—which have become artificially separated in modern times. To put it more simply, nobody will be impressed with a line that goes: “We didn't start this war, so our cause is just—but now that it's begun, we'll fight as dirty as we like.” Augustine saw the questions of jus ad bellum and jus in bello as intertwined—and so, probably, should modern man.
Regressamos, pois, a Santo Agostinho.

E a este Guerra e Paz
Ética e o uso da violência na guerra
A teoria da guerra justa.
"...parte das abordagens contemporâneas da ética da guerra se desenvolveram, tem duas componentes: uma teoria dos fins e uma teoria dos meios. A primeira, conhecida como a teoria do jus ad bellum, define as condições em que é lícito fazer a guerra. A segunda teoria, a do jus in bello, estabelece os limites da conduta lícita na guerra.

a componente principal da teoria do jus ad bellum é a exigência de que a guerra seja travada por uma causa justa. Apesar dos teóricos da guerra justa serem praticamente unânimes na crença em que a auto-defesa nacional pode fornecer uma causa justa de guerra, em pouco mais estão de acordo. Outros candidatos a causa justa são a defesa de outro estado contra uma agressão externa injusta, a recuperação de direitos (isto é, a recuperação do que pode ter sido perdido quando não houve resistência a uma agressão injusta anterior, ou quando a resistência anterior foi derrotada), a defesa de direitos humanos fundamentais noutro estado contra abusos do governo e a punição de agressores injustos.

A teoria do jus in bello consiste em três requisitos. 1) O requisito da força mínima: a quantidade de violência usada em qualquer ocasião não deve exceder a necessária para realizar o fim em vista. 2) O requisito da proporcionalidade: as más consequências esperadas de um acto de guerra não devem exceder, ou serem maiores do que as suas boas consequências esperadas. 3) O requisito da discriminação: a força deve ser dirigida apenas contra pessoas que sejam alvos legítimos de ataque..."


Conclusões? Uma de há muitos anos: mais vale ler do que falar...

8 comentários:

Anónimo disse...

E um textozinho em alemão ou italiano ou chinês ou javanês? Ficava bem. Principalmente para um intelectual que domina a imprensa internacional e uma quantidade considerável de idiomas estrangeiros.

Anónimo disse...

Noruega: quantos casos (desta complexidade e gravidade) de sucesso?

Nestes casos, o sr MNE tem toda a razao: Sem forca a diplomacia per se e ineficaz. Cita exemplos do contrario?

A UE nao sofreu nenhuma humilhacao. A iniciativa de roma nao foi exclusivamente europeia.

Noam Chomsky? Saramago? Berger? Guilherme, sinceramente, julgava-te mais rigoroso nas tuas escolhas. O que
e que esta gente percebe de politica internacional? O Chomsky e um paranoico(da uma vista de olhos no manufacture of consent-Filme) O Saramago e' um dinossauro.

gm disse...

Zeke, não disse q o sr MNE não tinha razão tout court
Lembrei a Noruega que como bem sabes é tida como parceira internacional. Acho que não é disparate considerar que existe outra corrente diplomática que usa a sua força mais através dos apoios finaceiros e humanitários que pelo enquadramento militar. Ineficaz? Talvez, mas importante...
De qualquer modo o meu incómodo tinha mais a ver com o facto de ouvir um MNE dizer desabridamente o que pensa e especialmente numa matéria delicada como esta e num país com as especificidades como o nosso (sem poder bélico, relações com áfrica, Nato, blá blá)...

A iniciativa não foi só da UE mas foi a UE que deu a cara depois das declarações do ministro Israelita...

Quanto a Saramago e friends, se lesses devagar reparavas que não lhes dei crédito ainda que ache que não vem mal ao mundo saber o que se andam por aí a escrever...

Anónimo disse...

de facto, as declaracoes de chomsky, saramago etc nao tem absolutamente nada de mal...como diz o ditado popular, cada
cabeca, uma sentenca...

tanto quanto sei, a UE desmentiu a interpretacao errada do MNE Israelita...todavia, a iniciativa, como afirma Shimon Peres, na edicao de ontem do lemonde, pecou por nao incluir um dos estados interessados, Israel...talvez tenha alguma coisa a ver com o lobby e preco do petroleo!


Ineficaz, sim senhor (neste tipo de caso)! Se e' ineficaz nao vale a pena perder tempo e paciencia. Ou seja, se nao e eficaz entao nao e importante. Uma posicao da UE? Seria bom se tal coisa fosse possivel. As orientacoes das grandes potencias europeias sao ambiguas e confusas.

Anónimo disse...

eu leio sempre depressa...
simplesmente nao incluo argumentacoes absurdas e ridiculas (o objectivo politico e' o da destruicao dos palestinianos!!!) como as de chomsky e saramago etc...gosto de qualidade! Mas, pronto, gostos nao se discutem, evidentemente!

gm disse...

"Ineficaz, sim senhor (neste tipo de caso)!" hum já se nota aí uma nuancezita eheh e neste tipo de caso sim porque a ineficácia foi potenciada por todos aqueles factores que continuamente fazem condicionar qualquer estratégia diplomática internacional para um sentido único, solução única, via única...

...entretanto se é possível controlar as tropas (vem por aí um novo plano bush/blair) quem controla a rua?

Anónimo disse...

pois, e' aquela "nuance" subtil entre a paz e a guerra...sao situacoes diferentes...em tempos de guerra, a diplomacia muda, como e' evidente...

"...porque a ineficácia foi potenciada por todos aqueles factores que continuamente fazem condicionar qualquer estratégia diplomática internacional para um sentido único, solução única, via única..."

quais sao os factores?? estou curioso.

de que ruas estas a falar? das ruas militarizadas de bagdad etc ou das ruas (politicas) de paris, londres, washington etc?

Anónimo disse...

PS: mesmo que a UE conseguisse formular e implementar uma politica estrangeira coerente e consistente, nao ha qq garantia que as suas accoes serao eficazes. A eficacia, neste contexto, e' um resultado dificil de conseguir. Esta equacao macabra inclui a siria e o irao, quer se queira, quer nao. E uma relacao complexa entre condicoes, oportunidades, capacidades e accoes.