quarta-feira, junho 21

CHÁ QUENTE #205

Nesta semana comemoram-se os 25 anos de dois pecados históricos da autonomia regional. As elevações da Praia da Vitória (dia 20) e da Ribeira Grande (dia 29) ao estatuto de Cidade. Nenhuma delas, ao tempo, estava preparada para tal. Nem uma nem outra tinham um lastro sócio-económico que lhes garantisse desenvolvimento a médio longo prazo. Foi uma decisão política e porventura teve custos. Não seria má ideia alguém fazer o estudo desse impacto, até porque gostaria de poder afirmar com mais segurança que os Açores estiveram a viver nos últimos 25 anos com uma cidade preparada para o século XIX (Angra) e outra para a segunda metade do século XX (Ponta Delgada), e 3 vilas (chamadas de cidades) ao nível da primeira metade do século XX (Horta, Praia da Vitória e Ribeira Grande).
Não deixa de ser curiosa a leitura dos preâmbulos do Decretos que agora se celebram. Para a Praia da Vitória o Decreto Regional n.º 7/81/A, de 20 de Junho, assegura-nos que:
Implantada junto da maior baía dos Açores, a Praia da Vitória sobreviveu a dois terramotos e testemunha hoje o desenvolvimento que a seu lado se processa, na decorrência de importantes instalações aeronáuticas e militares que na Base das Lajes têm o seu centro, com a conhecida projecção internacional.
As perspectivas do seu futuro passam pelo aproveitamento de importantes aptidões portuárias, já programado, que fará dela, possivelmente, o principal centro económico da ilha Terceira
Para a Ribeira Grande o Decreto Regional n.º 9/81/A, de 29 de Junho garante-nos que:
E a sua actividade económica é hoje acentuada por empreendimentos agrícolas modernos e pela primeira central geotérmica portuguesa.
A convergência destes dois factores desenha uma evolução a breve prazo que irá operar uma síntese entre novos centros geradores de energia - eléctrica e calorífica - e um plano de regas orientado para culturas intensivas. Paralelamente, as suas actividades industriais, comerciais e bancárias, em aberta expansão, asseguram o enquadramento de uma vida económica que cresce com segurança.

Mas tudo isso tem um lado positivo. Por um lado, confirma-nos que cidades, vilas ou freguesias não se fazem por decreto e, por outro, que, quer a Praia da Vitória quer a Ribeira Grande, sendo duas cidades por cumprir permitem que o que está feito não condicione o por fazer que já está planeado e diagnosticado. É por isso que penso que poderíamos celebrar estes 25 anos como aqueles que nos fazem descobrir que as cidades do século XXI estão a chegar porque nelas vivem e crescem novas gerações, mais bem preparadas, mais despertas, mais conscientes…e que estas cidades são, nos Açores, a Praia da Vitória e a Ribeira Grande, assim queira o seu povo, assim pensem e façam os seus líderes…

4 comentários:

Nuno Barata disse...

Como eram ridiculos esses preâmbulos.

gm disse...

... pois quando os li não sabia se havia de rir ou de chorar...enfim...

Anónimo disse...

Isto Chateia.

Se quizermos ser verdadeiramente honestos (tendo por base o que define uma cidade nos dias de hoje em termos,Históricos, Culturais, Económicos, Financeiros, Sociológicos, Demográficos, etc)teriamos duas Vilas, 1/2 duzia de Freguesias e o resto simples lugarejos.

Mas infelizmente temos o Rei na barriga e ai daquele que seja do contra.

O melhor é fugir para a frente e assim não tardamos com a cidade da Lagoa, a cidade da Madalena do Pico, a cidade da Velas e porque não pode deixar de ser a da Calheta ambas em S. Jorge, o Concelho das Capelas e respectiva Vila, para não falar de mais não sei quantas freguesias que estão na forja por estas ilhas.

Com isto tudo haja paciência, dinheiro e......

Mas assim temos PS por muitos e bons anos e quanto a pagar é como diz o Jardim alguem há-de pagar.

Que probreza de espírito!!!

Nuno Barata disse...

Eu percebo as preocupações mas não concordo, nós temos pelo menos duas cidades.