sábado, abril 22

CHÁ QUENTE #183


Boletim Económico
- Primavera de 2006 -

Olivier Blanchard (via Aguiar-Conraria)
«...mesmo com reformas dramáticas, o crescimento da produtividade não acontece de um dia para o outro. Por isso, um outro meio, potencialmente mais rápido no restabelecimento da competitividade, é a diminuição do crescimento dos salários nominais, ou mesmo, dadas as circunstâncias, a diminuição dos salários nominais - se não se quiser apoiar no desemprego para conseguir o mesmo efeito ao longo do tempo. Existem outros meios? A resposta, basicamente, é: não existem
"Adjustment within the Euro. The Difficult Case of Portugal"
(ou)
«...é necessário regressar a um contrato único, mas a um contrato progressivo, um contrato que dê aos trabalhadores maior protecção à medida que fiquem na empresa. A palavra essencial é "progressivo". O que é necessário evitar, aquilo que aprisiona o sistema actual, é o efeito de "fronteira" [effet de seuil], que se produz no final dos contratos CDD. Num contrato progressivo, os direitos do empregado aumentam lentamente com o tempo: não existe o dia fatídico em que se tem de saltar de um contrato para o outro
"Emploi: la solution passe par le CUP (contrat unique progressif)"

NOTA: Lembro-me de pelo ano de 2001, numa mesa de amigos, ter sublinhado a necessidade da diminuição dos salários nominais (além da introdução dos contratos de trabalho) na função pública portuguesa. Quase fui linchado. Tal como então continuo a pensar que, não havendo rescisões, não há outro caminho...

3 comentários:

Vulcam disse...

Folgo em ver q já descobriste o paper do Prof. Blanchard na Conferência do Banco de Portugal.
Retira todas as ilusões a quem ainda as tinha. Mas atenção a redução dos salários nominais num contexto de inflação apenas provoca um ajustamento rápido de curto prazo...
O trabalho mais importante fica por fazer e são as reformas estruturais da economia da sociedade.
Por exemplo na saude acabar com a ficção do acesso livre e gratuito e ou criar uma taxa financiadora do SNS ou reduzir a % de financiamento publico para um valor sustentável. Não é com populismos tipo os ricos que paguem a crise que vamos a lado algum...

Nuno Barata disse...

Mas é que não há mesmo outra hipotese, os politicos, os maus politicos é que continuam a iludir-nos. Quanto mais tempo demorar a implementação de medidas como esta, mais duras serão.

Anónimo disse...

Concordo, mas o exemplo terá que vir de cima, a começar pelos deputados e restantes detentores de cargos políticos. Mais, deputados só mesmo a tempo inteiro. Se quizerem ser advogados ou empresários, que o sejam. Todavia terão que escolher. Defendo a exclusividade dos deputados, membros do governo e presidentes de câmara. Tudo o resto degenera na tristeza actual.
Com os melhores cumprimentos