sábado, fevereiro 19

CHÁ DAS CINCO #24

P - Em síntese, é céptico perante o projecto de democratização americano do "Grande Médio Oriente"...

R - Sim, embora não seja céptico quando ao resultado. Tudo é possível. Mas os fins não justificam os meios. Para mim, deve haver uma coerência entre os meios e o fim. Isto é, não posso fazer nada que desrespeite a soberania e a existência do outro. Penso que a noção de democracia devia ser repensada de maneira a que não haja desvios do significado do termo, para não cairmos numa catástrofe. Talvez a democracia chegue depois de uma guerra civil e da devastação do Iraque, mas isso, para mim, não justifica o modo como foi feito. É uma questão de ética, desde o princípio.

Faouzi Skali, 52 anos, sufi, antropólogo e professor da Universidade de Fez, em Marrocos, é o fundador e director do Festival das Músicas Sacras do Mundo, e foi eleito pela ONU, em 2001, como uma das 12 figuras mundiais que mais contribuíram para o diálogo entre culturas e civilizações, em entrevista ao Público