sábado, junho 9

É d'HOMEM #109


“Terceira não precisa duas Câmaras Municipais”
A existência de duas Câmaras Municipais na ilha Terceira “não serve mais do que projectos pessoais e constitui mesmo um factor de desunião entre as pessoas, para além de criar uma duplicação das mais importantes infra-estruturas”, afirma a deputada socialista Cláudia Cardoso.
Em entrevista ao programa “Magazine-RCA”, a ser emitido hoje, a partir das 11h00, no Rádio Clube de Angra, a deputada terceirense afirma que “o mesmo se passa, por exemplo, na Ribeira Grande”.
Cláudia Cardoso questiona-se sobre “o que se ganhou com a criação de mais uma Câmara Municipal” na ilha Terceira e sustenta que “não se ganhou mais do que a divisão económica, de recursos, bem como a divisão da capacidade de reivindicação da ilha Terceira”.
Adianta que a existência de dois municípios na ilha Terceira, tal como na ilha do Pico, ou ainda citando o caso da Ribeira Grande, “apenas serve para criar guerrinhas de capelinha”.
“Nós temos a tentação permanente de pessoalizar as coisas e é por isso que a duplicação de câmaras municipais, por exemplo, serve para propósitos eleitorais e mais algumas coisas mesquinhas”, afirma.
Questiona ainda se existe “real necessidade, sem rentabilização, de centros culturais e de espectáculos, estádios e outras estruturas em duplicado” na ilha, enquanto existem dificuldades a níveis bem mais básicos.


Via Diário Insular [2007.06.09]

Nota: Ainda que a posição de fundo para um debate esteja correcta, os alvos não foram os melhores: Ribeira Grande e Praia da Vitória não podem deixar de ser concelhos (talvez haja alguma confusão com o seu estatuto de cidades), mas a utilização dos recursos disponíveis nos últimos 30 anos justifica a crítica. A questão da organização territorial na Região já tem sido por mim muitas vezes levantada. A verdade é que, apesar de no último congresso do PS/A (em 2005) se ter prometido avançar para esse debate (não se previu a criação de um livro verde?), o assunto permanece um TABU político. Em tempos, já faz 2 anos (I, II, III), sugeri que esse pilar autonómico deveria ser tratado, nas suas orientações gerais, no novo Estatuto Político-Administrativo, mas os ecos públicos não dão, por ora, conta disso. Sendo Cláudia Cardoso uma alta responsável do PS/A, significarão aquelas palavras mais alguma coisa? Entretanto, o tempo vai passando. Quem sabe se na revisão constitucional de 2009?

3 comentários:

Anónimo disse...

Mais do que uma visão administrativa, impõe-se uma visão política sobre o assunto. Ou seja, a fusão de concelhos só por si não dilui bairrismos nem altera mentalidades. Tal tem de ser perspectivado numa óptica de descentralização de poderes para as autarquias: educação,saúde, emprego, cultura... Somos autonomistas mas pouco descentralizadores se nos compararmos com as autarquias do continente. Por que será? Um palpite: com que espaço e poderes ficariam governo e parlamento se às autarquias açorianas fossem dados tão só os poderes já hoje detidos pelas autarquias continentais?Legitimidade para um governo ainda assim não seria difícil. Mas para um parlamento? Ou não será já o nosso em conteúdo, um porta voz dos municípios?

Nuno Barata disse...

Eu bem que faço um esforço mas ainda não consegui encontrar razões de queixa senão dos próprios politicos, fazedores de opiniões, sociedade civil, terceirenses. Não pelo que não fazem mas pelo que fazem. Fazem do mesmo há anos, e quando se faz igual o resultado é sempre o mesmo. É preciso agitar, mexer, revolucionar.

Anónimo disse...

Devo confessar que sou um leitor embevecido da clarividência dos escritos de Claudia Cardoso. As suas crónicas são indispensáveis. Concordo com ela sobre esta matéria e até era capaz de ir mais longe !
JNAS