quinta-feira, novembro 30

CHÁ DAS CINCO #151

Dos dias que passam...

«...Outra história que, na altura da minha aprendizagem diplomática, corria pelo corredor das Necessidades, respeitava a Bernardino Machado, quando era Presidente da República. Um dia o chefe do protocolo do Estado apresentou à sua consideração um pedido de ‘agrément’ para novo ministro de um das repúblicas sul-americanas, de apelido Porras y Porras.
Bernardino Machado ponderou durante alguns momentos a questão bizarra que lhe era presente e, por fim, com ar preocupado, comentou:
- O pior é a insistência
...»

In Diplomacia Doce e Amarga, José Calvet de Magalhães. Ed. Bizâncio. 2002.

domingo, novembro 26

CHÁ QUENTE #248


Miguel Gonçalves Mendes – O Mário tem medo da morte?
Mário Cesariny – Sou capaz de ter, um bocadinho. Não sei o que é. (ri)
Mas gostava de ter daquelas mortes boas … a gente deita-se para dormir e nunca mais acorda, isso é que é bom. Mas tenho medo sobretudo da degradação física, isso sim! Porque eu já sofro um bocadinho, vá lá, isso é que é muito chato, isso já é a morte a trabalhar, a trabalhar.
A morte propriamente não existe. Se morreu, morreu…é o momento! Tens medo da morte tu?”


In Verso de Autografia/Mário Cesariny. Ed. Assírio & Alvim, 2004

Tens medo da morte tu? Da minha não, tenho medo da morte dos outros. Até já.

É d'HOMEM #97


Place Royale, Québec
"… A Praça Velha do Québec, que se chama Place Royale e ostenta ao centro um busto do rei Louis XIV, mantém o seu ar de local de cerimónia, hierático, quase sagrado, sem trânsito automóvel, avesso a feiras e a outras coisas coloridas que, geralmente, nas cidades, se fazem em locais apropriados, como o largo da feira, o pátio da escola ou dos bombeiros, ou o parque infantil.
As casas do velho Québec, que foram restauradas pelo Estado mediante negociações com os proprietários, encontram-se todas ocupadas, havendo até uma lista de espera de várias centenas de famílias que ali querem viver – e isto apesar de não haver lugar para estacionarem os carros (além de só ser permitido um carro por habitação), nem serem autorizados alumínios nas janelas, aparelhos de aquecimento ou de ar condicionado à vista, ou reclamos luminosos nos estabelecimentos comerciais (e mesmo potentados como a McDonald’s foram obrigados a prescindir do aparato dos seus símbolos para se adaptarem às características da cidade).
As muralhas da cidade, incluindo a cidadela onde se encontra aquartelada uma companhia do exército apenas dedicada a actividades protocolares de Estado, estão impecavelmente limpas e cuidadas, rodeadas de relvados que fazem ressaltar a pedra negra e dura das muralhas, restauradas há poucos anos.
Finalmente, os habitantes do velho Québec orgulham-se da sua cidade, valorizam o facto de ela ser Património da Humanidade, e só lamentam que, ali, muitas vezes, o Inverno dure seis meses (sentem uma falta danada de sol). Mas, como muito bem sabem, o mundo não é perfeito – apesar de terem uma outra certeza: vivem numa cidade relativamente antiga, bonita, simpática, bem equipada, onde todos os anos são recebidos milhares e milhares de turistas que a demandam só porque… se trata de uma cidade Património Mundial
…"

Isto dá que pensar, não dá?, Luis Fagundes Duarte no D.I. de hoje

CHÁ COM TORRADAS #143

"Já Nemésio dizia que a Geografia para nós valia outro tanto como a História (1). E essa verdade não se esgota na caracterização sócio-cultural. Analisando a importância do factor geográfico na definição das políticas públicas, das relações institucionais e na construção de uma realidade regional coesa política, social e economicamente, verificamos que, do século XIX onde “a geografia, a economia e a organização político-administrativa não tinham possibilitado que se forjasse nos Açores uma entidade regional coerente e autónoma” (2) ao pós 1976, que não fugiu ao determinismo geográfico, em aliança ao histórico, como critério fundador do edifício institucional autonómico, não houve como contornar o «chauvinismo» das ilhas e criar uma consciência regional..."

É A GEOGRAFIA, ESTÚPIDO!, no D.I. ou n' O Bule do Chá

quinta-feira, novembro 23

CHÁ DAS CINCO #150

Eles ainda (re)mexem?
Factos:
Dia 18 passado a Comissão Regional do CDS/PP – Açores delibera propor ao Conselho Regional do Partido, que reunirá, em Ponta Delgada, na primeira quinzena de Dezembro, que o VII Congresso Regional do CDS/PP se realize na 2ª quinzena de Março do próximo ano.

No mesmo dia, o líder açoriano do CDS-PP, Alvarino Pinheiro, revelou que não será candidato à liderança do partido no VII Congresso Regional, que deverá decorrer em Março do próximo ano.

A Comissão Regional do CDS/PP – Açores no fim-de-semana anterior à discussão na ALRAA de dois documentos estruturantes para a política governativa açoriana no ano de 2007 (Plano e Orçamento) não emite opinião, por lapso ou estratégia, ao contrário do que faz com um vasto conjunto de outras matérias.

Sobre o Plano e Orçamento de 2007, um dos putativos candidatos a líder do CDS/PP – Açores, no próximo congresso, Nuno Melo Alves, no programa da RDP/A “Frente-a-Frente”, emitido ao sábado, apresentou-se muito critico dos documentos, alegando tratarem-se de “mais do mesmo”. (ver D.I. 21 de Novembro)

Outro dos putativos candidatos a líder do CDS/PP – Açores, no próximo congresso, Artur Lima, único deputado do partido na ALRAA, sobre os mesmos documentos, vota favoravelmente o Plano e abstém-se no Orçamento.

O rosto do CDS/PP – Açores, em São Miguel, adopta o papel de observador.

quarta-feira, novembro 22

CHÁ QUENTE #247

Contributo para uma «teoria das sombras»

Zapatero para Rajoy:
"Tu problema es que tu sombra te hace sombra y la mia, a mi, muy pouca"
Forges

CHÁ QUENTE #246

Momento surrealista:
O líder de um grupo parlamentar com 19 elementos disputa o papel de melhor oposição com o líder de uma representação parlamentar com 1 elemento.

terça-feira, novembro 21

CHÁ QUENTE #245

Europa em movimento, também, é...

I agree that Scotland should become an independent country - 51%
I do not agree that Scotland should become an independent country - 39%
Refused/DK – 10%

segunda-feira, novembro 20

CHÁ DAS CINCO #149


Depois do fim das Capitais Nacionais da Cultura, o fim da Festa da Música.
Que vida haverá para além do défice?

sexta-feira, novembro 17

CHÁ DAS CINCO #148

NOTÍCIAS PARA A ESQUERDA MODERNA (3):
AFINAL, HAVIA OUTRA...


Old dogs; few tricks
IF YOU think the Democrats' triumph in the House of Representatives will bring fresh young faces pushing a well-honed agenda, think again. Unlike the Republican upstarts who stormed to power in 1994 with their “Contract with America”, the new House will be run by congressional veterans with few coherent plans.

The Democrats' equivalent of the “Contract with America” is a 31-page pamphlet called “A new direction for America”, boiled down for campaign purposes to “Six for '06”, a six-pronged action plan that Ms Pelosi promises to enact within 100 hours of becoming speaker.
Unfortunately, this “agenda” is little more than a series of soundbites designed to show that Democrats care about the plight of ordinary workers: politically shrewd, but scant in substance. There are pledges to raise the minimum wage, expand tax-break subsidies for college, “free America from dependence on foreign oil” by boosting alternative fuels and ending tax giveaways to big oil, allow the government to negotiate lower prices with drug firms, promote stem-cell research, and stop any plans to privatise Social Security.
The plan says nothing about some of the tougher issues facing America's legislature. Not a word about how Democrats might fix Social Security's finances. No mention of how they will deal with the Alternative Minimum Tax which will, without new legislation, hit 22m Americans in 2007, up from 3.4m in 2006. Worse, the proposals are internally inconsistent. There is a promise to end the Republicans' fiscal profligacy by reinstating budget rules that require tax cuts and spending increases to be matched by savings elsewhere. But there is no explanation of how the Democrats' own pet tax cuts or spending increases would be paid for.
Within the next few months the Democrats will have to decide whether they care more about fiscal discipline or shovelling money at ordinary Americans. That decision will set the budgetary tone for the next two years
…”

A ler ainda
Putting his presidency together again

CHÁ QUENTE #244

NOTÍCIAS PARA A ESQUERDA MODERNA (2):
SÉGOLÈNISME?


Renouveau
"...Au terme d'une procédure démocratique exemplaire, une femme est donc, pour la première fois, en mesure d'accéder à l'Élisée. Le succès de la présidente de la région Poitou-Charentes tient en quelques mots: la nouveauté de la candidature qui, en dépit d'un parcours politique engagé depuis une vingtaine d'années, n'apparaît pas comptable des gestions socialistes passées; sa liberté de ton comme de style à l'égard de son parti, de ses dogmes et de ses caciques, enfin l'utilité, aux yeux des adhérents du PS, d'une personnalité capable de battre la droite en mai 2007 et d'effacer l'"afront" du 21 avril 2002, où Lionel Jospin avait été éliminé dès le premier tour.
Mais les socialistes ont également exprimé un très fort désir de renouvellement, qui semble largement répondre, au-delá de la gauche, à l'attente des Français.
.."

Editorial do Le Monde

CHÁ QUENTE #243

NOTÍCIAS PARA A ESQUERDA MODERNA (1):
UMA NO CRAVO, OUTRA NA FERRADURA


Blair begins push for Trident replacement
"...The government faces four options: unilateral disarmament; extending the in-service life of the existing Vanguard submarine and Trident 11 D5 missiles; buying a direct replacement for the Trident system in line with the current US UK agreement; or procuring a new submarine or air-based capability.
Some senior party figures, including the influential former cabinet minister Charles Clarke, have expressed scepticism about the case for replacing Trident. Wider public opinion, according to the latest polls, narrowly supports retention of a deterrent, but this support in some polls turns into overall opposition if voters are told the cost is likely to be £25bn, or the equivalent of building 1,000 new schools.
The Tories are almost certain to support retention of a British deterrent, ensuring there is a strong parliamentary majority for the retention of a nuclear weapon system of some form.
...
Many Labour MPs, and some legal opinion, argues that replacement would represent a breach of Britain's obligations under the non-proliferation treaty..."

quinta-feira, novembro 16

CHÁ QUENTE #242

“…Nesta maré de informações que nos inunda misturam-se sem distinção as notícias importantes e as insignificantes. Instala-se assim uma nova forma de censura, à qual poderíamos chamar “censura democrática”. Por oposição à censura autocrática, que existe nos regimes autoritários, ela já não se funda na supressão ou no corte, na amputação ou na interdição de dados mas, pelo contrário, na acumulação, na saturação, no excesso e na superabundância livre de informações. O cidadão é literalmente asfixiado, ele é esmagado por uma avalanche de notícias, de relatórios, de dossiês – mais ou menos interessantes – que o mobilizam, o ocupam, saturam o seu tempo e, como logros, o distraem do essencial, e por vezes lhe escondem verdades ocultadas…”

Informar, por Ignacio Ramonet na Edição Portuguesa do Monde Diplomatique. (um regresso que se saúda em favor da informação e do “pensamento crítico rigoroso”)

CHÁ QUENTE #241

Momento muito difícil para o tele-espectador politicamente comprometido: Cavaco na SIC, Santana na RPT1 e Paulo Simões na RTP/A!

É d'HOMEM #96

"NOS AÇORES CONDUZ-SE MAL!"
Alberto Peixoto (RDP/A, 8.30)

quarta-feira, novembro 15

CHÁ DAS CINCO #147

Coisas que se estranham e dificilmente se entranham…
Foi aprovada por unanimidade a alteração à orgânica da Assembleia Legislativa que permite, entre outros, o aumento do número do pessoal afecto aos gabinetes dos grupos e representações parlamentares e de deputados independentes. Porque é que ainda ninguém se lembrou de perguntar ao PSD/A como é que votou favoravelmente a proposta se:
- Gritou e chorou baba e ranho com o aumento do número de Deputados previsto na Lei Eleitoral, invocando em justificação demagógica primeira o dispêndio incompreensível de gastos para o erário público;
- Anual, militante e demagogicamente apresenta como proposta de alteração ao Orçamento Regional a redução das verbas afectas aos gabinetes dos membros do Governo;
- Demagógica e obsessivamente apresenta preocupações regimentais com os montantes dispendidos pelos gabinetes dos membros do Governo, enquanto assunto estruturante para o governo dos Açores e para a vida dos açorianos.

CHÁ QUENTE #240

No PSD/A a oposição interna tem um nome. Bem ou mal Pedro Gomes dá a cara!

domingo, novembro 12

CHÁ COM TORRADAS #142

"...E este planeta terá futuro, se cada um de nós (causas do aquecimento global) não consegue (nas decisões que toma quanto ao que compra, nas quantidades de electricidade ou de água que utiliza, nos carros que conduz, na sua forma de vida) tornar-se parte da solução, sem ver provado, à exaustão, por A+B, que tudo se está a complicar? Enquanto escrevo, Nairobi recebe o 2.º encontro dos países que ratificaram Quioto bem como a 12.ª sessão da Conferência dos países que assinaram a Convenção-Quadro sobre alterações climáticas (6). Continuará a ser concebível que as Nações Unidas não possam aplicar sanções aos países que não cumpram a parte que lhes compete nas medidas mundiais de protecção do ambiente?.."

Verdades Inconvenientes, no D.I. ou n' O Bule do Chá

sexta-feira, novembro 10

É d'HOMEM #95

De outras coisas igualmente importantes
"As crianças não encontram em casa a figura de autoridade", que é um elemento fundamental para o seu crescimento, disse o filósofo Fernando Savater.
Os pais continuam "a não querer assumir qualquer autoridade", preferindo que o pouco tempo que passam com os filhos "seja alegre" e sem conflitos e empurrando o papel de disciplinador quase exclusivamente para os professores.
"O abandono da sua responsabilidade retira aos pais a possibilidade de protestar e exigir depois. Quem não começa por tentar defender a harmonia no seu ambiente, não tem razão para depois se ir queixar", sublinha.
Savater acusa igualmente as famílias de pensarem que "ao pagar uma escola" deixa de ser necessário impor responsabilidade.
A liberdade, afirma, "exige uma componente de disciplina" que obriga a que os docentes não estejam desamparados e sem apoio, nomeadamente das famílias e da sociedade.
"A boa educação é cara, mas a má educação é muito mais cara", afirma, recomendando aos pais que transmitam aos seus filhos a importância da escola e a importância que é receber uma educação, "uma oportunidade e um privilégio".
"Em algum momento das suas vidas, as crianças vão confrontar-se com a disciplina"
Como alternativa à palmada, o filósofo recomenda a supressão de privilégios e o alargamento dos deveres.

CHÁ QUENTE #239

Das coisas realmente importantes
"...With rising populations, economic growth, and climate change, we will face intensifying droughts, hurricanes and typhoons, powerful El Niño’s, water stress, heat waves, species extinctions, and more. The “soft” issues of environment and climate will become the hard and strategic issues of the twenty-first century. Yet there is almost no recognition of this basic truth in our governments or our global politics. People who speak about hunger and environmental crises are viewed as muddle-headed “moralists,” as opposed to the hard-headed “realists” who deal with war and peace. This is nonsense. The so-called realists just don’t understand the sources of tensions and stresses that are leading to a growing number of crises around the world.
Our governments should all establish Ministries of Sustainable Development, devoted full-time to managing the linkages between environmental change and human well-being
..."

The Environment Fights Back, Jeffrey Sachs

terça-feira, novembro 7

CHÁ QUENTE #238

“…Not for the first time in its long and stormy history, democracy is again confronted with the unexpected the un-named, the unknown, the unsolved. ‘Thunder on! Stride on! Democracy. Strike with vengeful strokes’, said the poet, Walt Whitman. Indeed. But with the humility that comes from the wisdom that knows that the (fashionable) distinction between ‘consolidated’ and ‘transitional’ and ‘failed’ democracies, sometimes even between ‘good’ and ‘defective’ democracies, should not be turned into a dogma; that actually existing, ‘consolidated’ democracies are in no way blessed with divine immunity from internal corrosion and external weathering; that democracy is not a First Principle, that democracy as we have come to know it has no transversal or meta-historical guarantees; that it is a tender plant that grows only when embedded in a well-watered and nutritious soil of institutions and customs that need to be fertilized regularly with good and regular doses of the food called humility.”

O ideal de democracia é um universal?, John Keane

Outros textos da Conferência

segunda-feira, novembro 6

PURO PRAZER #262


Odalisque with a slave, Ingres


Ela, até pesados carvalhos e o diamante mais rijo
e surdos penedos era capaz de despertar com suas meiguices;
e era também merecedora, por certo, de despertar tudo o que é vivo e homem;
mas eu não estava vivo nem era homem, como antes fora.
De que adianta cantar Fémio a orelhas ensurdecidas?
De que adianta ao pobre Tâmiras uma pintura?
Mas que prazeres não concebi no coração, em silêncio!
Que técnicas não inventei e preparei!
O meu membro, no entanto, ficou prostrado, como se estivera moribundo,
vergonhosamente mais murcho que rosa colhida na véspera.
Ele mesmo que, agora, vejam bem, está cheio de vigor e força fora de tempo;
agora reclama o seu serviço e o seu combate.
Porque não ficas para aí caída e coberta de vergonha, ó parte desgraçada de mim?
Foi assim que me deixei levar, antes do tempo, pelas tuas promessas;
tu enganas o teu senhor; apanhaste-me desarmado,
e tristes danos, com enorme vergonha, padeci.
A esta coisa aqui, a minha amada não se furtou, mesmo,
a despertá-la, com doces movimentos da sua mão;
mas, depois de não ser capaz de a levantar, fosse porque artes fosse,
ao vê-la, ali, caída, deslembrada de si, disse:
Porque troças tu de mim? Alguém te mandou, ó estupor,
trazer, contrariado, o teu corpo para cima da minha cama?
Ou a bruxa de Eeia te enfeitiçou com ramos cruzados
ou já vens cansado de outro amor
.”
Sem tardança, saltou do leito, coberta da larga túnica
(ficava-lhe bem correr assim, de pés descalços);
e, para não conseguirem saber as suas criadas que lhe não toquei,
foi disfarçar a vergonha com um banho.

Amores, Ovídio. Ed. Cotovia, 2006

CHÁ COM TORRADAS #141

O que é que mudou?
Na carta de princípios apresentada pelo PSD/A para a reforma do Estatuto Político-Administrativo pode ler-se como intenção:
"Definição exaustiva das matérias integrantes do poder legislativo próprio da Região, alargando o seu âmbito a novos domínios, nomeadamente às políticas de ambiente, gestão de solos e administração do território, ao arrendamento rural e urbano, à investigação e desenvolvimento científico e tecnológico, à gestão do mar, fundos, achados e recursos marinhos, domínio público marítimo e ao ensino superior;"

Nas conclusões da Cimeira Social-Democrata realizada na Madeira resulta, quanto às novas competências legislativas regionais, à luz da última revisão constitucional, que : «os estatutos da Madeira e dos Açores “têm uma redacção suficientemente ampla que permite uma plena utilização das alterações feitas em 2004”» (Público, 4Nov de 2006)

sábado, novembro 4

PURO PRAZER #261

Luchino Visconti (1906-2006)
Dia 2 de Novembro fez 100 anos que nasceu Luchino Visconti. Venho de ver pela (não sei quantas) vez Il Gattopardo. Juntamente com Rocco e i suoi fratelli este será o mais divulgado e citado da filmografia de Visconti. Não estarei a mentir se disser que já vi grande parte e, alguns, muitas vezes. Não tenho conhecimentos para dizer qual o melhor ou pior realizado, gosto muito do primeiro Ossessione e do La terra trema. Mas, mesmo assim é o L’Innocente (estreado em 76, ano da sua morte) que está na galeria dos filmes da minha vida. Não sei porquê, talvez pelos planos ou pelo argumento que aqui vos deixo, talvez...
Final do sec. XIX Tullio Hermil (Giancarlo Giannini), vai a um concerto com a sua mulher Giuliana (Laura Antonelli). Aí encontra a sua amante Teresa Raffo (Jennifer O'Neil) e pede à mulher que aceite essa ligação extra-matrimonial pois já não consegue esconder-lhe a verdade. Frederico, irmão de Tullio instala-se em sua casa enquanto este está em Florença com a amante. Um dia Giuliana e Frederico jantam com um amigo deste, jovem escritor, Filippo d’Arborio (Marc Porel), por quem Giuliana se apaixona. Giuliana vai para a residência de campo do casal. Tullio encontra Teresa que lhe diz que Giuliana tem o jovem por amante. Tullio bate-se com Filippo e depois junta-se a Giuliana na casa de campo tentando a reconciliação.
Tullio apercebe-se que Giuliana está grávida de Filippo. Tullio pede a Giuliana para que aborte. Giuliana recusa-se a abortar prometendo ao marido que não amará o filho. Ao mesmo tempo que Filippo morre de febre nasce o filho da sua relação com Giuliana. Esta recusa-se a ver a criança e age como se a odiasse. Mas Tullio surpreende-a a visitar o filho. Na noite de Natal todos vão à missa excepto Tullio e a criança. Tullio coloca o recém-nascido à janela para o fazer morrer de frio. A criança morre e Giuliana diz a Tullio que o odeia e que apenas fingiu a reconciliação para salvar o filho. Tullio vai ter com Teresa e confessa o crime hediondo. Diz que quer viver com ela. Teresa diz que o despreza. De manhã Tullio suicida-se. Teresa encontra-o morto e foge pelo parque…

sexta-feira, novembro 3

CHÁ COM TORRADAS #140

DAS VERDADES INCONVENIENTES:
Há pelo menos 30 anos que se provou cientificamente que a actividade humana tem impacte sobre a nossa atmosfera (já se esqueceram da questão dos clorofluorcarbonetos?). Há 30 anos que a ONU e os ambientalistas abraçaram esta causa. Por isso não posso esconder o meu espanto com a reacção mundial ao documentário de AL GORE (o livro também está nas bancas – é da Esfera do Caos e em s.miguel encontrei-o na Livraria O GIL) ou com o recente RELATÓRIO STERN encomendado pelo governo britânico. Se quanto a Gore penso que é um caso de marketing bem conseguido (é a melhor forma de levar a mensagem a cidadão comum), já quanto a Stern alguns analistas fundamentam o mediatismo porque pela primeira vez foram apresentados números para o que andamos a fazer: 5,5 biliões de euros! Mas que eu saiba pelo menos em 2001 Bjorg Lomborg (autor do Skeptical Environmentalist) escrevia na ECONOMIST sobre a questão dos custos. Concluindo, quer Al Gore quer Harold Stern conseguiram provar-me algo verdadeiramente inconveniente: a comunidade científica, as associações ambientalistas e as instituições internacionais andaram sem credibilidade durante 30 anos. Este planeta tem futuro?

quarta-feira, novembro 1

PURO PRAZER #260

A chegada do Outono traz-nos, invariavelmente, a indispensável diversidade cinematográfica. Pensava eu que, para quem gosta de cinema, qualquer altura do ano é boa para ir a uma sala e ver a projecção em ecrã gigante. Talvez não seja assim, pois o que é facto é que, fora o CINE SOLMAR que nos vai dando alternativas (e a MUU este verão no T.M.), são os ciclos de cinema outonais que trazem a alegria a qualquer cinéfilo que se preze. Assim é que por Angra desde finais de Setembro a CAH – Cine Angra do Heroísmo (Associação de Audiovisuais/ Cinema de Animação) projecta, aos sábados às 16h, cinema alternativo, conseguindo afastar o mofo instalado nas paredes do Teatro Angrense. Também parece que o IAC não se quer ficar atrás e, utilizando outra instalação cultural da Câmara, se prepara, a partir de dia 4 Novembro, para projectar às 18h no Centro Cultural (o eterno problema: ou não há nada ou quando há atropelam-se).
Mas este post tem mais a ver com a SEMANA FANTASPORTO 2006 que está a passar, desde ontem, no Teatro Micaelense e que durará até dia 7. Ou melhor, com um realizador fantástico (não gosto muito deste adjectivo) e não propriamente com o cinema do fantástico.
Quero falar do filme The Isle/SEOM (dia 3 no T.M.) e do seu realizador Kim Ki Duk. Quando, acho que em 2002, tive a oportunidade de ver «O bordel do Lago» (nome em português) apercebi-me que o realizador seria alguém a merecer pesquisa e acompanhamento. Esta obra ficou, para mim, referenciada como indispensável na compreensão do elemento feminino ou da violência emocional que carregam os silêncios na filmografia deste excelente realizador coreano. A verdade é que os mediatizados Takeshi Kitano ou Wong Kar Wai ofuscam, para os menos curiosos, Kim Ki Duk como uma das referências obrigatórias do cinema asiático contemporâneo. Mas, se olharmos com atenção, o seu currículo é esmagador no atestado de qualidade. Espero que este post e o trabalho que a MUU tem feito na sua divulgação (no verão projectou «Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera») ajudem a fazer justiça junto do público açoriano. Posso destacar:

CHÁ COM TORRADAS #139

"...Esta sociedade de consumidores «é incapaz de defender o mundo e as coisas que pertencem em exclusivo ao espaço de aparecer no mundo», já que a sua atitude (consumo) em relação aos objectos, lhes é ruinosa. Acreditar que se tornará mais cultivada à medida que o tempo passa e que a educação desempenhe o seu papel constitui, na visão de Arendt, que aqui sublinho, «um erro fatal», ao qual, no meu sentir, teimamos querer, apenas, contrapor as mais puras expressões do (passado) «filistinismo educado»."

DO FILISTINISMO AO ENTRETENIMENTO - NOS 100 ANOS DE HANNAH ARENDT, no Suplemento de Cultura do Açoriano Oriental ou n' O Bule do Chá